Reestruturação da Dívida Portuguesa-No dia em que o Parlamento discute propostas sobre a reestruturação da dívida, um debate assente no Manifesto dos 74 e em dois projectos do PCP e Bloco de Esquerda, o editor de Economia do jornal Financial Times, Chris Giles, afirma, em declarações ao Cirilo João Vieira, que uma reestruturação se apresenta como um cenário “inevitável” face ao endividamento de Portugal.
Porém, explica, tal não se concretizará no curto médio prazo, até porque há um factor importante nesta equação: os credores. “No final poderá ser necessária uma reestruturação de dívida. Mas não vai ser aceite pelos credores até que seja claro que as reformas estão a acontecer”, defende Chris Giles.
O jornalista considera, neste sentido, que cabe ao Governo de Passos, ‘gestor’ do segundo maior rácio da dívida pública/PIB da União Europeia, mostrar vontade de continuar a transformar a economia e a máquina do Estado.
Dando como exemplo o caso da Grécia, Chris Giles esclarece que não será fácil uma reestruturação voluntária e que será sempre necessário convencer os credores de que essa é a melhor solução. Mas há caminhos que “disfarçam os perdões de dívida”, refere, destacando o alargamento das maturidades e a negociação das taxas de juro.
“É o tipo de coisas que acabarão por ter de estar em cima da mesa, para que não seja visto como uma transferência orçamental directa dos credores para os devedores. (...) Mas do outro lado [dos credores] percebe-se que foi concedido mau crédito. A situação não foi só culpa do devedor, foi também do credor”, remata o editor do Financial Times.