terça-feira, 23 de abril de 2024

A lista surpresa

 Disse-me uma vez um reputado obstetra que parto seguro é aquele que já aconteceu. Lembrei-me desta frase no final do dia de ontem, quando os jornais e as televisões e as rádios tiveram um ligeiro sobressalto ao se confirmar que afinal, em vez de Rui Moreira, o cabeça de lista da AD às eleições europeias era Sebastião Bugalho. Porque lista fechada e segura - e isto dizem os jornalistas - é aquela que é oficial.


anúncio de Rui Moreira como o homem escolhido para encabeçar a lista da AD foi feito por Marques Mendes no comentário dominical na SIC. As reações sucederam-se. Comentadores comentaram, críticos criticaram, apoiantes apoiaram. O próprio Rui Moreira parecia confirmar a informação: “É um projeto que me atrai”, disse ele num outro espaço de comentário televisivo, desta feita na CNN.

Logo apareceu um manifesto, assinado por vinte autarcas social-democratas a insurgir-se contra esta ideia de retirar Rui Moreira da câmara do Porto para o mandar para Bruxelas. Seria uma “traição aos portuenses, aos militantes, simpatizantes e autarcas eleitos pelo PSD”.

Comentadores comentaram, críticos criticaram, apoiantes apoiaram. Do Luxemburgo o ministro Paulo Rangel comentou o manifesto: “Não podemos confundir política local com política nacional e muito menos com política europeia. Quem está a fazer política nacional e europeia obviamente não se preocupa nada com essas questões de lana-caprina.”

Pelas 19h00 começou a circular a notícia de que Rui Moreira já não ia integrar as listas. Teria recusado ao saber que o seu nome não era o primeiro, mas há versões distintas para o que aconteceu. Menos de uma hora depois, o desfecho: o cabeça de lista da AD é Sebastião Bugalho, comentador da SIC e colunista do Expresso.

À SIC, Rui Moreira contou a sua versão afirmando que o PSD não está a dizer a verdade sobre a hipotética candidatura que nunca aconteceu"Sou presidente da Câmara do Porto. Por mim e pelo cargo que ocupo, nunca aceitaria, seja o Bugalho ou outro qualquer.”

No PS, a revolução nas listas foi controlada e os nomes são de peso. A escolhida para encabeçar as listas foi Marta Temido, logo seguida de Francisco Assis e de Ana Catarina Mendes. Pedro Nuno Santos quis passar uma mensagem de tranquilidade, no processo e no seu desfecho, por oposição ao que estava a acontecer no PSD, isto apesar de não ter sobrado um único nome dos anteriores eurodeputados do PS.



Mais notícias:

Negociações avançam. A ministra da Administração Interna anunciou que vai apresentar, no dia 2 de maio, uma proposta de atribuição de um subsídio aos elementos da PSP e GNR. O anúncio foi feito no final do primeiro dia de reuniões com os representantes sindicais das forças de segurança.

IRS

Os partidos avançaram com propostas alternativas à anunciada pelo Governo. Direita propõe isenção de IRS até aos 1000 euros ou a redução do número de escalões. A esquerda prefere o aumento da dedução específica. Só Chega e IL garantem viabilizar proposta do Governo, mesmo sem alterações. O PS também veio apresentar novas reduções nos escalões mais baixos IRS.

Lucília Gago

Com os sucessivos reveses que a investigação do caso que envolve o ex-primeiro-ministro António Costa tem tido nos tribunais, os apelos à demissão de Lucília Gago não param. Só o Governo pode dar início a um processo de afastamento da procuradora-geral da República.

Guerra na Ucrânia

Projéteis de artilharia e mísseis antiaéreos são as necessidades mais urgentes, mas a diferença entre o número de tropas continuará a contar no terreno, com Moscovo em vantagem. Ainda assim, analistas explicam de que forma a ajuda aprovada pelos EUA poderá evitar uma derrota ucraniana.

Novas regras da UE 

Está prevista a diminuição da dívida de, pelo menos, um ponto percentual ao ano para os países com um rácio da dívida superior a 90% do PIB, como é o caso de Portugal. Parlamento Europeu deve aprovar esta terça-feira as novas diretrizes.

Corais a morrer 

Os recifes de coral abrigam 25% todas as espécies marinhas e várias indústrias, da pesca ao turismo, dependem destes ecossistemas. Por causa do aquecimento dos oceanos o mundo está a atravessar mais um evento em massa de branqueamento de corais. Na Austrália, a maior estrutura viva do mundo está a sofrer o pior episódio de que há registo.


Frases:

“O Porto nunca perdoou a quem o abandona”

Manifesto contra a escolha de Rui Moreira para cabeça de lista às europeias assinado por 20 autarcas

“Um comentador com a tua relevância saltar directamente de um estúdio de televisão para cabeça de lista da AD mina a relação dos portugueses com o jornalismo”

João Miguel Tavares, sobre a candidatura de Sebastião Bugalho

"Esperamos que, no sábado contra o SC Braga, só as pessoas que queiram apoiar os jogadores vão ao estádio”

Roger Schmidt, no final do jogo contra o Farense, acerca dos assobios dos adeptos à equipa

“A Europa está a tornar-se o continente que aquece mais rapidamente na Terra"

Samantha Burgessa, diretora-adjunta do Copernicus.

As eleições europeias mexem

Ainda a digerir os novos equilíbrios de forças que resultaram das legislativas de 10 de março, temos as eleições europeias de 9 de junho já à porta e com polémica a rebentar devido à provável escolha de Rui Moreira para cabeça de lista pela Aliança Democrática (AD).


A provável indicação do presidente da Câmara Municipal do Porto caiu mal junto das estruturas do PSD no Porto e levou inclusivamente um conjunto de 20 autarcas sociais-democratas, onde se inclui o ex-vice da Câmara do Porto, Vladimiro Feliz, a assinar um manifesto contra a hipótese de ter este independente como rosto do PSD. Os promotores do manifesto dizem que esta nomeação é uma “traição aos portuenses, aos militantes, simpatizantes e autarcas eleitos pelo PSD” e deixaria “marcas profundas na confiança que os portuenses têm no PSD”.

Miguel Côrte-Real, líder da bancada municipal do PSD no Porto e um dos assinantes do manifesto, colocava a questão, em declarações ao Expresso, no seguintes termos: “Não há problema com a governança do município. O que estamos a avaliar é que demos a cara como uma alternativa a Rui Moreira por considerar que havia pessoas mais indicadas e não nos revíamos nele. Como é que, menos de três anos depois, vimos dizer que o Rui Moreira é o melhor candidato? É uma questão de coerência”.

Será esta segunda-feira à noite que quer o PSD quer o CDS reunirão os seus conselhos nacionais para avançar com as escolhas. E com a AD a governar sem maioria, tumultos dentro destes partidos – e em especial no PSD – seriam dispensáveis, porque dão sempre armas aos adversários.

Esse domingo Rui Moreira não escondeu o seu apreço pelas causas europeias. O projeto europeu “é um projeto que me atrai”, disse o autarca, que considera que os seus projetos para o Porto estão quase todos “concretizados” e que por isso esta seria uma boa hora para sair.

Não é a primeira vez nem será certamente a última que as escolhas de figuras independentes para lugares de destaque em eleições esbarram contra as estruturas partidárias. A questão é se haverá um nome mais forte para levar o PSD – e o CDS – a uma vitória expressiva nas europeias, capaz de mostrar que os dois partidos continuam numa dinâmica de vitória. Apesar de serem eleições diferentes, haverá sempre leituras a fazer dos seus resultados. Se a AD tiver um mau resultado, será porque os portugueses já estão descontentes com o Governo? E o contrário, um bom resultado quer dizer que os portugueses gostam da governação que têm apesar dos poucos dias que ela ainda leva?

Nestes novos tempos, a estratégia de tentar esvaziar o Chega é evidente: apesar de o nome do partido ou do seu líder, André Ventura, nunca ter sido referido pelos líderes do CDS no 31º congresso do partido que se realizou este fim de semana, foi mais uma vez claro que são o adversário preferencialdo CDS para tentar reganhar terreno e votos. No discurso final de Nuno Melo, o líder do CDS pediu aos portugueses que “não se deixem enganar” nas eleições europeias, onde vão ter de escolher “entre a tolerância e os extremismos”.

Nas próximas eleições europeias a opção nas urnas será entre a tolerância e os extremismos, entre os que se reveem nas lideranças de Helmut Kohl, Margaret Tatcher ou Carl Bildt e os novos adoradores de Putin ou de Lukatchenko”, disse Nuno Melo.

Anunciou também a formação de uma “comissão para as comemorações nacionais dos 50 anos do 25 de novembro, plural e justa, com militares e civis”, no que está concertado com o PSD. É um tema caro à direita com que os dois partidos contam claramente capitalizar votos.


OUTROS ASSUNTOS

Diplomacia: 
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, visita a China esta semana, e na agenda tem os temas do Médio Oriente e da Ucrânia, bem como as relações entre Washington e Pequim.

Energia 

A Galp, que ontem completa 25 anos, anunciou no domingo a conclusão, com sucesso, da primeira etapa da exploração de petróleo na Namíbia, indicando que potencialmente está perante uma “importante descoberta comercial”. E as ações da empresa abriram a sessão de bolsa desta segunda-feira com um disparo de 18%.

Clima

Segunda-feira é o Dia Mundial da Terra. O relatório sobre o estado do clima na Europa, divulgado segunda-feira, nota que 2023 teve um recorde de dias com “stress térmico extremo”. Também ontem arranca o julgamento de 11 ativistas pelo clima que bloquearam o Viaduto Duarte Pacheco, em Lisboa.

Montenegro

O primeiro-ministro deslocou-se a Cabo Verde. Mas recusou falar de justiça e da situação na Madeira, temas que só abordará quando regressar a Portugal. Eis o que marcou a passagem de dois dias de Luís Montenegro pelo país africano.

FRASES

“Passos Coelho achava que a troika era um bem virtuoso, eu achava um mal necessário” - Paulo Portas, comentador político

“Estamos muito empenhados em conseguir encontrar pontos de acordo, por isso não temos um limite a priori” - Ana Paula Martins, ministra da Saúde, sobre negociações com sindicatos

“A decisão do Tribunal da Relação é um arraso ao Ministério Público” - Ana Gomes, antiga eurodeputada.


quarta-feira, 10 de abril de 2024

A inflação, a assembleia de acionistas da EDP e outros temas do dia

Hoje ficamos a conhecer os detalhes da evolução da inflação em março. Esta quarta-feira a equipa de Luís Montenegro aprovará em Conselho de Ministros o programa do Governo e será um dia marcado pela assembleia geral de acionistas da EDP e por mais um leilão de dívida do IGCP. Adicionalmente, é hoje divulgado o relatório do Índice de Equilíbrio de Género do Fórum Oficial de Instituições Monetárias e Financeiras, e a Aliança Ibérica pela Ferrovia apresenta uma proposta para o campeonato mundial de futebol de 2030.

A inflação em março

O INE revela, esta quarta-feira, os valores finais da inflação do mês de março. A primeira estimativa apontava para um valor de 2,3%, depois de 2,1% em fevereiro. Ou seja, o ritmo de subida dos preços acelerou e os produtos energéticos terão sido os responsáveis por essa aceleração.

Portugal vai ao mercado

O IGCP - Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública realiza hoje três leilões de Obrigações do Tesouro com maturidade em 18 de abril de 2034, 18 de junho de 2038 e 15 de fevereiro de 2045, com um montante indicativo global entre 1250 milhões e 1500 milhões de euros.

Assembleia de acionistas da EDP

Decorre hoje a assembleia geral de acionistas da EDP. Na assembleia será votada a lista proposta para o Conselho Geral e de Supervisão (CGS) da EDP, que será liderado pelo advogado e membro do Conselho de Estado António Lobo Xavier. Também haverá mudanças nos estatutos da empresa. Leia mais sobre o que está em causa no artigo que acabou de ser  publicado.

Paridade de género melhorou nas instituições financeiras?

O Índice de Equilíbrio de Género do Fórum Oficial de Instituições Monetárias e Financeiras (OMFIF) acompanha o número de homens e mulheres nas equipas de liderança sénior dos bancos centrais e das principais instituições financeiras. A edição de 2024 do relatório revela, esta quarta-feira, as mais recentes pontuações de equilíbrio de género neste setor.

Um Mundial 2030 em carris?

Será possível que grande parte das deslocações no Mundial 2030 de futebol sejam feitas apenas de comboio? É esse o objetivo da Aliança Ibérica pela Ferrovia. A Aliança apresenta hoje, em Lisboa e em Barcelona, a sua proposta para “Um Mundial pelo Clima”. Recorde-se que Espanha, Portugal e Marrocos são os anfitriões do Campeonato do Mundo em 2030.

NOTÍCIAS E HISTÓRIAS QUE NÃO DEVE PERDER:



Das excursões em autocarro às viagens de autorPinto Lopes faz 50 anos e fatura €40 milhões em circuitos a 150 países.


CGD põe em leilão bens de Joe Berardo incluindo ações da Bacalhôa.



O Conselho das Finanças Públicas divulgou, esta terça-feira, novas previsões económicas e orçamentais para os próximos anos. O que nos dizem estas projeções? Ouça aqui.

Por hoje, é tudo. Tenha uma excelente quarta-feira e continue a acompanhar a atualidade económica no neste blogue.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Antes de Passos e depois de Passos. O antigo primeiro-ministro chegou, agitou e deixou Montenegro a servir de alvo

 



Há uma campanha antes e depois da entrada de Passos Coelho com estrondo, num comício da AD em Faro, esta segunda-feira. Chamemos-lhes PPC e Dr.PPC.

Os partidos debatiam governabilidade, reformas na justiça e até Segurança Social. Se não ouviu, ouça o debate organizado pelas quatro rádios de informação.

O antigo primeiro-ministro materializou-se na campanha da AD em Faro e diria que pouco ficará igual nesta campanha. O antigo primeiro-ministro fez duas coisas neste seu discurso: pôs Luís Montenegro em alta pressão para vencer eleições ("a coisa mais natural", relata o jornalista João Diogo Correia); traçou-lhe um guião sobre o que considera que se deve fazer, como não ignorar temas caros ao Chega, ligando imigração a insegurança no país(já agora recomendo-lhe este 2h59, um pequeno vídeo sobre os dados que mostram que os imigrantes não são um problema para a segurança do país). E foram estas declarações que serviram de rastilho, pondo todos os outros líderes a reagir e a usá-lo como arma de arremesso contra Montenegro.

Quem mais aproveitou a entrada de Passos Coelho foi mesmo André Ventura que, em mais um dia em comícios dentro de portas e com algumas justificações falaciosas pelo meio para faltar ao debate das rádios, não deixou escapar a oportunidade para usar as palavras do antigo primeiro-ministro e tentar queimar Montenegro junto do eleitorado de direita. (Aqui o artigo do jornalista Vítor Matos, que acompanha a caravana do Chega: “Ventura usa Passos contra Montenegro: ”Ele ainda se muda para o Chega")

À esquerda, o assunto foi a cereja no topo do bolo. Pedro Nuno Santos já tinha questionado Montenegro se Passos iria entrar em campanha e estava a desejar que tal acontecesse. A chegada do ex-primeiro-ministro serviu que nem uma luva ao socialista que andava a acenar com o fantasma da austeridade e assim pôde acenar com as palavras de Passos. Mais: para o PS, Passos tem um discurso “colado ao Chega”, uma ideia que o novo líder socialista já tinha escrito no prefácio do livro do líder da JS. Aqui, o artigo do repórter Diogo Cavaleiro, em que conta como Pedro Nuno usou Passos contra Montenegro.

Não foi o único a fazê-lo à esquerda. Mariana Mortágua, que teve um dia dedicado à precariedade laboral, viu nas declarações de Passos Coelho o mote perfeito para falar sobre os que “exploram”. A líder bloquista colou Passos à "extrema direita" que, diz, "aponta o dedo aos mais frágeis porque quer evitar que olhemos para cima”. Leia aqui a reportagem em Évora da jornalista Cláudia Monarca Almeida.

Paulo Raimundo foi o que o fez com menos intensidade. O comunista aproveitou para dizer que já tinha avisado que o que a direita queria era regressar aos tempos da troika e acabou a comparar os “regressos” em campanha. Para o comunista, mais vale Jerónimo de Sousa (que está bem de saúde, tranquilizou simpatizantes) do que Passos Coelho (pode ler aqui a reportagem em campanha da repórter Margarida Coutinho).

 Rui Rocha, que fechou o dia antes de Passos falar, preferiu distanciar-se do Chega por outros motivos. Diz que além das questões de dignidade humana, no Chega são “irresponsáveis” e “estatistas”. Mas a marca de água do liberal nesta segunda-feira foram as divergências para com Luís Montenegro, sacudindo a pressão do voto útil à direita. (Pode ler aqui o acompanhamento da jornalista Joana Ascensão).

Em Lisboa, também o Livre tinha acabado a sua agenda do dia antes de ouvir o antigo primeiro-ministroRui Tavares focou-se no fundo de emergência para a habitação proposto pelo partido no Orçamento do Estado para ajudar sem-abrigo, salientando que “o Livre não diz umas coisas, o Livre ajuda as pessoas”.

Em Faro, Inês Sousa Real passou ao lado da polémica do dia. A líder do PAN defendeu "mais oferta pública" e "incentivos aos senhorios", nomeadamente com benefícios fiscais para que haja mais alojamentos para estudantes.

Luís só quer Rui ; André não é querido por ninguém, mas no despeito de ficar de fora pode baralhar tudo. Pedro diz que se tiver de ser, e se receber tratamento igual, deixa passar Luís, mas só por seis meses, depois logo se vê. Luís não quer dizer se deixa passar Pedro e dali não sai, ou melhor, sai só às vezes.

A rábula deste início de campanha não podia ser mais confusa, mas isso não quer dizer que não seja necessária. Em 2022, muitos dos eleitores decidiram o voto em cima da hora e terão feito as suas escolhas, a avaliar pelo que nos dizem estudos pós-eleitorais, não só através de programas ou de traços das personalidades, mas também por questões de governabilidade, leia-se, no caso de 2022, anti-Chega.

O mundo mudou em dois anos, mas a vontade de estabilidade, para que daqui a seis meses não tenhamos de novo de ir às urnas, vai pesar na hora em que o eleitor põe a cruzinha. E por ainda haver dúvidas sobre o que pode acontecer aos votos de cada um e para que maiorias servirão, o assunto ainda não morreu esta segunda-feira (talvez hoje). No debate das rádios teve mais um episódio.

Numa síntese rápida, no debate (pode ler aqui o resumo dos cinco pontos-chave), Pedro Nuno Santos repetiu parte da rábula da última semana e Montenegro repetiu que não quer dizer nada porque só pensa na vitória. E Rui Tavares trouxe mais um dado à equação que é: o que faz a direita democrática se houver uma maioria relativa de esquerda e houver uma moção de rejeição do Chega? Rui Rocha respondeu rapidamente a dizer que ainda antes de Ventura piscar os olhos, já a IL apresenta a sua e Montenegro nada disse. Outra vez.

Contudo, mais tarde, deu mais um nó à já extensa corda de declarações sobre o assunto. “Os Protagonistas”, a dada altura, a meio da conversa com Sebastião Bugalho, deu uma resposta dúbia: “Havendo governo de maioria relativa, vale para quem lá estiver”. O contexto era o de o líder social-democrata explicar como admite governar se ganhar (se tiver maioria absoluta, se conseguir maioria de deputados com a IL e em maioria relativa), e dava como exemplos governos com estabilidade que cumpriram os mandatos, como o de António Guterres, com a aprovação de orçamentos por Marcelo Rebelo de Sousa. Sebastião Bugalho pergunta se é válido para ambos os partidos e a resposta é a de cima. Pode ouvir na SIC Notícias ou mais daqui a pouco na página do Expresso.

No campo das propostas, houve consenso numa reforma na justiça, mesmo que as propostas sejam díspares, e à esquerda vários consensos, desde logo pela necessidade de reforçar as fontes de financiamento da Segurança Social. Sobre esse assunto, Luís Montenegro fez um corte com o passismo: a reforma da Segurança Social já não faz parte do cardápio social-democrata.

O debate das rádios serviu ainda para cimentar alguns posicionamentos. A esquerda uniu-se, incluindo em alguns apartes, e até já falam abertamente sobre um entendimento; à direita (democrática, o Chega esteve ausente por opção), é tempo de divergir e foi isso que Rui Rocha fez neste debate, tentando sacudir a pressão do voto útil à direita. Quem atacou quem? No debate das rádios houve menos críticas, um recordista, um alvo maior e mais 'fogo amigo. Leia aqui a análise de David Dinis.

E como não há debates sem umas afirmações fora do eixo, há ainda tempo para uma análise a algumas declarações. Veja aqui o fact-check. “A pobreza derrotou-nos, o papão da Segurança Social, o cheque inútil e o não-residente: fact check ao debate todos contra todos (menos um)”.

Depois de um fim de tarde em que a campanha aqueceu, esta terça-feira será dia para perceber que influência terá Passos Coelho na campanha de Luís Montenegro. O dia será longo, vá passando por expresso para saber as últimas novidades sobre a campanha. 

Por onde andam hoje os partidos?

Antes de mais, começa esta terça-feira o voto antecipado, que já conta com mais de 90 mil inscritos.PS - Pedro Nuno Santos

10h00 (11h00 em Lisboa) - Visita ao Centro de Interpretação das Microalgas Algicel-Biotecnologia e Investigação, Lagoa (Açores)19h00 - Comício no Fórum Machico (Madeira)AD - Luís Montenegro

11h00 - Visita à Cersul em Elvas14h30 - Contacto com a população em Portalegre17h30 - Visita ao IPCB em Castelo Branco19h30 - Comício na Covilhã

Chega - André Ventura

15h30 - Arruada em Braga20h00 - Comício em Guimarães

Iniciativa Liberal - Rui Rocha

11h00 - Reunião com a Associação de Agricultores do Sul em Beja16h00 - Visita ao local onde deveria estar a funcionar o Hospital Central do Algarve, em Loulé17h30 - Contacto com a população em Faro

BE - Mariana Mortágua

10h30 - Visita à sede do Agrupamento Vertical de Escolas de São Teotónio, em Odemira18h00 - Arruada em Almada21h30 - Comício em AlmadaPCP - Paulo Raimundo

10h00 - Contacto com a população em Setúbal12h00 - Almoço com trabalhadores da Câmara Municipal de Palmela19h00 - Jantar Comício CDU em Almada

Livre - Rui Tavares

11h00 -Visita ao CEiiA - Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto e ao CIIMAR - Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental, Matosinhos16h00 - Conversa sobre mobilidade com a Comissão de Utentes de Transportes do Alto Minho e com Mário Meireles da "Braga Ciclável", em Braga

PAN - Inês Sousa Real

À hora de envio desta newsletter, a agenda da Lusa não tinha indicações sobre agenda do PAN. A indicação é que Inês Sousa Real andará no distrito de Faro.