sexta-feira, 29 de maio de 2015

Passos limitou-se a comunicar a António Costa a Nomeação de Carlos Costa

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Acabou-se o tabu. Carlos Costa sucede a Carlos Costa à frente do Banco de Portugal, e Pedro Passos Coelho e António Costa nunca tinham falado sobre a recondução do governador do Banco de Portugal. Foi só hoje de manhã que Passos falou com o líder do PS - para o informar, não para o auscultar - sobre a decisão que seria tomada daí a pouco em Conselho de Ministros. Além desta notícia, João Vieira Pereira analisa os oito trabalhos que esperam o reconduzido governador do BdP nos cinco anos do novo mandato.

Já que falamos em mandatos, quem quer ser reconduzido em mais um é o Presidente da FIFA, Joseph Blatter, que se agarra com unhas e dentes ao cargo, apesar do sismo que está abalar a alta roda do futebol. O Pedro Santos Guerreiro e o Pedro Candeias dão resposta a uma pergunta: se toda a gente sabia (da corrupção), porque é que só os americanos quiseram saber (de levar à Justiça os acusados)? Ainda sobre a questão de ter sido a Justiça americana a avançar contra a podidrão no mundo do futebol, leia a crónica do Henrique Raposo. E sobre os dinheiros do futebol leia o artigo do Henrique Monteiro

Noutro ponto do mundo há quem mantenha igual firmeza - mas neste caso por outros, e mais nobres, motivos. Estou a falar do ativista e jornalista angolano Rafael Marques, que acaba de ser condenado a seis meses de prisão, com pesa suspensa, por difamação. Em declarações ao Cirilo João VieiraRafael Marques diz que a sua condenação "é a vitória dos generais angolanos", aconselhando-os a "gozá-la bem" - porque "a luta continua"

Para terminar, uma entrevista e uma bonita fotogaleria. A entrevista, do João Silvestre, é ao economista norte-americano Robert Gordon, que diz que os europeus estão muito obcecados com a austeridade orçamental. A fotogaleria, do Nuno Botelho, é sobre um dos festejos mais tradicionais da Andaluzia, a romaria da Virgem de El Rocío.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Tsipras Quer Dançar, e a Velha Europa Diz que...

Grécia-É uma tragédia. É grega. Mas pode estar a chegar ao fim. Outra vez. Ou não. Todas as semanas, às vezes no mesmo dia, chegam informações contraditórias sobre a evolução da situação grega. A última é positiva. Tsipras parece ter  chegado a acordo com o seu partido sobre o rumo a dar às negociações, ganhando à ala mais radical. Um acordo pode ser alcançado até ao final da semana. As negociações  recomeçam hoje em Bruxelas.

Para dançar o tango são precisos dois. Se Tsipras já tem a rosa na boca, a  velha Europa ainda está a decidir se dança, a cor do vestido e o tamanho dos sapatos. E, se dançar, qual o ritmo que vai imprimir à Grécia. Varoufakis, o herói que se tornou vilão, já veio dizer que quer uma 
melodia suave.  "O nosso governo não pode – nem vai – aceitar uma cura que, nos últimos cinco anos, provou ser pior que a doença", escreve num artigo que pode  ler aqui. Mas diz que a Grécia está pronta para fazer as reformas necessárias e ataca a imprensa internacional por criar uma imagem que não é verdadeira sobre a vontade grega.

Para terminar, o ministro do Interior,  Nikos Voutsis, veio dizer, sobre o pagamento de 1,6 mil milhões de euros que a Grécia tem que fazer ao FMI no início de junho, que  "O dinheiro não vai ser dado.... não está lá para ser dado". Ou seja, a Grécia até quer pagar, mas precisa que lhe 
emprestem dinheiro para o fazer.

Em Espanha ainda o rescaldo das recentes eleições autonómicas e municipais. Depois do 24M (como já são conhecidas estas eleições), as acusações e críticas ao PP, que supostamente enfrenta uma 
crise geracional. Algo  refutado por Mariano Rajoy, que considera que os maus resultados foram causados pela  crise, pela falta de recursos dos governos autonómicos e pelos casos de corrupção. Se tiver curiosidade de consultar os resultados aconselho a página do  El País.

Uma das estrelas das eleições do passado domingo foi 
Ada Colau. Liderou a o movimento Barcelona en Comú e ganhou por 17 mil votos. O plano que tem para a cidade é assumido como "ambicioso mas fazível". Vale a pena conferir o "plano de choque para os primeiros meses de mandato" onde estão medidas como multar bancos que tenham casas vazias, novas taxas para as empresas de eletricidade, reduzir salários e eliminar os carros oficiais.

O líder do Podemos terá elegido como prioridade estabelecer acordos para 
fazer a vida negra ao PP. Para já começam as conversas com o PSOE (ainda se lembra que este partido existe?). Sobre o 24M não perca a análise de Jorge Almeida Fernandes no  Público.

Ficamos a saber que "boas qualidades de temperamento" e uma "superior inteligência e caráter forte e bom" fazem um candidato presidencial. Pelo menos para Ramalho Eanes, que foi ao Porto manifestar o seu apoio a Sampaio da Nóvoa.

E vão três! Depois de Soares e Sampaio, já são três os ex-presidentes a apoiar publicamente Nóvoa, que apresentou ontem no Porto a sua carta de princípios. Uma plateia cheia no Rivoli ouviu o candidato deixar 
cinco grandes compromissos.  

A polémica proposta para a cobertura jornalística das eleições mudou. Os partidos que não têm assento parlamentar podem ficar de fora dos debates televisivos. Bernardo Ferrão e Filipe Santos Costa dão-lhe os 
pormenores da nova proposta
OUTRAS NOTÍCIAS
Morais Sarmento não teve papas na língua e arrasou ontem à noite  aos microfones da Rádio Renascença a recondução de Carlos Costa à frente do Banco de Portugal. Para Sarmento, " se Pedro Passos Coelho quer dar uma medalha a Carlos Costa, dá-lhe no 10 de junho".

Alemanha e Franca 
chegaram a um acordo para avançar na integração europeia sem que seja necessário rever os tratados europeus. Um ataque direto a David Cameron, que quer a renegociação do Tratado de Lisboa.

Tom Hayes é um nome que não lhe deve dizer nada. Mas o jovem matemático de 35 anos é, para a justiça britânica, 
o responsável pela manipulação da taxa Libor, taxa que se aplica às operações entre bancos mas que acaba por se refletir no valor das hipotecas e empréstimos. Hayes é um dos vários acusados e o primeiro chegar a tribunal. Como defesa argumenta que aquilo que fazia era prática geral e que, sendo do conhecimento do seu chefe, achava que não estava a fazer nada de mal. Aqui pode ler  tudo sobre o caso Libor.

Foi durante anos a imagem de um autarca exemplar. Agora enfrenta novas acusações. Macário Correia está indiciado por prevaricação no âmbito de uma 
investigação sobre licenciamento urbanístico. Terá aprovado uma moradia em reserva ecológica. No passado, enquanto autarca de Tavira, já tinha sido condenado a perda do mandato.

Afinal a Altice não consegue comprar tudo. Desta vez parece que 
quem vai ficar com a Time Warner Cable é a Charter.

Na próxima quinta e sexta feira realiza-se o grande evento anual da Google. A imprensa internacional começa a fazer apostas sobre o que vai ser apresentado em S. Francisco. Conheça aqui as 
novidades mais esperadas.

Carlos disse adeus a Cristiano. O treinador do Real Madrid não aguentou o facto de não ter ganho nada. Quem vem a seguir?
O Expresso deixa-lhe uma dica.
O QUE DIZEM OS NÚMEROS  
1016 euros é o valor médio da avaliação bancária de cada metro quadrado de uma habitação em Portugal. Um crescimento de 0,5% em relação ao mês de março. Só que a estatística não é como o algodão. Engana e muito. Lisboa tem o valor mais alto, 1237 euros de valor por m2 para os apartamentos. 819 euros por m2 é o valor mais baixo da avaliação bancária, registado para as moradias do centro do país.

450 milhões de euros é quanto pagámos mais de impostos nos primeiros 4 meses do ano. O IRS até está a cair em relação ao ano passado, mas o IVA mais do que compensa (está a crescer quase 10%, contra os 4% esperados). Perante o bom desempenho do IVA, as Finanças atiram as culpas para a recuperação económica e o combate à fraude. Esquecem-se que as devoluções do IVA estão, este ano, a um ritmo bem mais lento. Contas feitas, o 
défice está em queda.
FRASES  
"Qualquer alteração a uma matéria dos sistemas públicos da Segurança Social deve ser discutida com um amplo consenso político e também com o maior partido da oposição", Pedro Mota Soares, ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social a contradizer a ministra das Finanças em matéria de corte de pensões.

"Serei prudente e rigoroso no uso dos poderes presidenciais, mas não farei da omissão o meu estilo, da ausência um método, do silêncio um resguardo", Sampaio da Nóvoa.
O QUE EU ANDO A LER
Há coisas que por mais saibamos vale sempre a pena recordar. E aprender mais um pouco. Tenho quase a certeza que quando o jornalista Nuno Aguiar resolveu escrever o seu livro " Os números da nossa vida" não estava a pensar em mim como um potencial leitor. Enganou-se.

O livro é um manual didático sobre diversos conceitos de economia que fazem hoje muitas conversas de café. Escrito com uma linguagem acessível a todos, mata-nos a curiosidade sobre grandes temas da economia. O emprego, as contas públicas, a dívida pública, o dinheiro, a banca. Acredite, mesmo que pensa que já sabe tudo sobre estes palavrões vai gostar de ler 
este livro editado pela Esfera dos Livros.

Agora para algo completamente diferente. Existe um conceito que o livro de Nuno Aguiar não aborda: a economia da partilha. Não é recente, mas é totalmente nova na maneira como a entendemos hoje. E pode ser descrita como um sistema económico e social construído através da partilha de recursos. Ou, numa tradução mais corriqueira: o que é meu também pode ser teu, por um preço. Este conceito sempre existiu, mas foi  a tecnologia que permitiu reduzir drasticamente os custos das transação fazendo florescer negócios como o 
AirbnbUber, ou mesmo o  TaskRabbit, um autêntico mercado de oferta e procura de trabalho por tarefas e perto de si.

Mas a economia da partilha em 2011, altura em que o conceito começou a criar fama, já pouco tem a ver com o que se passa em 2015. É a velocidade da economia na era tecnológica. E as críticas começam a surgir, deixando no ar que serviços como o Uber exploram de forma desumana os seus trabalhadores. Deixo aqui exemplos de artigos de 
2011, de 2013 (um da  Atlantic e outro da  The Economist) e outros deste mês (do  WSJ e do  Financial Times). Descubra as diferenças.  

 

terça-feira, 12 de maio de 2015

Mau, mau, mau (e no fim bom, bom, bom)

Mau e Bom-A minutos sabia-se que o Nepal foi atingido por um segundo terremoto enorme, de magnitude de 7,4 na escala de Richter. O país ainda está a recuperar da devastação de mais de oito mil mortos do enorme tremor de terra de há duas semanas. A Grécia pode ficar sem dinheiro nas próximas semanas e não há meio de haver acordo no Eurogrupo. “A questão da liquidez é um assunto terrivelmente urgente, toda a gente sabe disso”, diz Yanis Varoufakis. Após a reunião de ontem, está tudo como dantes, menos o tempo, que encurtou. O ministro das Finanças grego acha aliás, num artigo publicado no Negócios, que o problema da liquidez está a cegar as instituições europeias, que deviam estar a pensar no futuro de sustentabilidade de longo prazo. A verdade é que o FMI quer demarcar-se de resgates futuros na Grécia, escreve o El Mundo. E já está a acautelar a possível saída da Grécia do euro, acrescenta o Negócios.

A reputação de Varoufakis já lá vai.
No Politico, já brincam até com a sua capacidade como economista. Depois de Alexis Tsipras ter admitido referendar a manutenção da Grécia no euro, - o que André Macedo, no DN, chama de uma “morte a crédito” -, as declarações do ministro das finanças alemão fizeram ontem estrondo: “se a Grécia quiser fazer um referendo, poderá ser útil”. Uma “perigosa estratégia de Wolfgang Schäuble”, escreve Camilo Lourenço.

"Quando a TAP começar a despedir, tem que começar por estes pilotos",
afirmou ontem à noite na SIC Miguel Sousa Tavares, que considera que “o que os pilotos conseguiram fazer foi acabar de vez com a TAP”. Já Fernando Sobral, no Negócios, escreve que “esta greve de 10 dias espelhou a encruzilhada em que vive Portugal, onde todos só se querem salvar a si próprios.”

Bola para lá:
Pires de Lima quer consequências e diz que a greve dos pilotos, apesar de fracassada, causou €35 milhões de prejuízo. Bola para cá: o sindicato dos pilotos apresenta queixa contra a TAP por violação do direito à greve.

A TAP já prepara plano para compensar prejuízos da greve,
como diz o i, mas o sindicato não recua e há uma nova ameaça de greve, noticia o Económico. A privatização da TAP avança esta semana com entrega de propostas mas este é apenas uma das vendas em curso. Outra é a do Novo Banco, com favoritismo dos chineses. O Negócios explica a urgência: o governo quer o dinheiro da venda para pagar mais cedo ao FMI quatro mil milhões de euros.

Itália. O Tribunal Constitucional declarou inconstitucionais os cortes nas pensões realizados desde 2012. O governo de Matteo Renzi tem de encontrar até ao fim da semana forma de devolver o dinheiro aos pensionistas. É uma batelada: podem ser 12 a 14 mil milhões de euros,
calcula o Financial Times.

OUTRAS NOTÍCIAS
Chamava-se Ananta Bijoy Das, era mais um blogger do Bangladesh crítico do Islão, e foi assassinado, segundo noticiou a CNN era já de manhã em Lisboa. A mesma estação já ontem questionava: quem poderá liderar o autoproclamado Estado Islâmico (Daesh) depois se al-Baghdadi morrer? A  CNN mostra quatro possíveis sucessores, para cujas detenções já há prémios.

Política: Sampaio da Nóvoa já tem equipa e
o Expresso revela o quem-é-quem do candidato presidencial que “já tem em sede, tesoureiro, chefe de campanha e porta-voz”. Também o Expresso noticiou que Ricardo Sá Fernandes entra na corrida das Legislativas, pelo Livre/Tempo de Avançar.

É a
manchete do DN: Joana Marques Vidal defende procuradores que troçaram da prisão de Sócrates. Declarações como "há dias perfeitos. Hihihihihi", escrita por um magistrado no Facebook após prisão de Sócrates, são exercício de "liberdade de expressão", defende a procuradora-geral. Mas votou vencida. Os procuradores enfrentam processos disciplinares.

Impostos. Segundo a
manchete do Negócios, a partir deste mês, as empresas que falhem qualquer obrigação declarativa, seja de IRS, de IRC ou de IVA, ou que apresentem disparidades nas retenções na fonte declaradas, verão os seus reembolsos de IRC suspensos.

As 12 empresas do PSI-20 que já apresentaram resultados trimestrais este ano lucraram um total de 800 milhões de euros. 
Mais 82% que no ano anterior. Crise?

Os portugueses têm 134 mil milhões de euros em depósitos bancários, mais 1% que há um ano. Daquele valor, quase um quarto está em depósitos à ordem.
A análise é feita pelo Negócios, que relaciona o fenómeno com os juros pagos nos depósitos a prazo: são tão baixos que, para muitas pessoas, mais vale deixar o dinheiro à ordem.

A ADSE admite abrir a entrada a trabalhadores das empresas públicas e seus familiares,
revela o Correio da Manhã. Em causa está a falta de sustentabilidade do sistema de proteção social da Função Pública, depois de perder mais três mil inscritos no ano passado.

Quer deixar de fumar? Então choque-se com as imagens nos maços. É uma estratégia para dissuadir o tabagismo, segundo uma proposta que vai ser discutida no Parlamento na sexta.
A Renascença mostra as imagens.

É agricultor? Tem mais 15 dias para se candidatar a fundos europeus,
avisa a Renascença.

Notícia da casa: a partir de segunda feira, a SIC vai ter duas novelas portuguesas em horário nobre, com a estreia de “Poderosas”. "É um momento histórico para a ficção em Portugal e em particular para a ficção portuguesa na SIC”, diz Gabriela Sobral, diretora de Produção e coordenadora de projetos da SIC,
no Diário de Notícias.

Mais de metade dos portugueses religiosos vai à igreja pelo menos uma vez por semana,
noticia o DN. A conclusão é de um estudo do Instituto Português de Administração e Marketing, segundo o qual 90% da população nacional é crente, com predomínio da religião católica.

David Cameron poderá antecipar para 2016 o referendo sobre a manutenção do Reino Unido na União Europeia,
revela o The Guardian. Um ano antes, pois, do compromisso do primeiro-ministro que voltou a ganhar as eleições. O objetivo é descolar das eleições em França e na Alemanha de 2017. No Financial Times, Gideon Rachman diz que o ceticismo externo em relação ao Reino Unido é exagerado, pois há “uma forte probabilidade de que os britânicos irão votar para ficarem na Europa”, pelo que “a ‘pequena Inglaterra’ de David Cameron é um mito”.

(Já Ed Miliband, o grande derrotado das eleições de quinta feira passada, foi apanhar sol para Ibiza, “to get away from it all”, disse ao
The Independent.)

Já sabe a do bilionário chinês que ofereceu férias em França aos seus 6.400 trabalhadores? Claro que sabe, foi das notícias mais lidas ontem.
Por 20 milhões fez-se a festa. Deu direito a visita especial no Louvre e noitada no Molin Rouge.

A China superou os Estados Unidos como maior importador mundial de petróleo.
Foi em março.

Depois de ter sido expulso da Frente Nacional pela filha, Jean-Marie Le Pen, de 86 anos, promete criar uma nova formação política,
noticia o Le Monde.

Hollande é o primeiro líder europeu a visitar Cuba depois do restabelecimento das relações diplomáticas entre Havana e Washington. A visita, que começou ontem, é
vista pelo El Pais pelo significado político mas também económico: o presidente francês levou um batalhão de empresários. Já o Papa Francisco visitará Cuba de 19 a 22 de setembro, explica o Corriere Della Sera.

Mulder e Scully, lembra-se deles? Em janeiro do próximo ano, 14 anos depois do fim da série, “Ficheiros Secretos” regressará à televisão com novos episódios. O
The Verge conta as novidades.

NÚMEROS
Só este: 179,3 milhões de dólares, um novo recorde: foi por quanto o quadro “Les femmes d’Alger” (1955), de Pablo Picasso, foi vendido ontem à noite num leilão em Nova Iorque. Pormenores no El Pais.

FRASES
Passos Coelho fala muito mas muda de opinião como quem muda de camisa.Mário Soares, no Diário de Notícias, onde cita o Nicolau Santos.

“No fundo, Passos Coelho pensa que todos querem viver e ser como ele ou Dias Loureiro e subir a qualquer preço”. Joana Amaral Dias
no Correio da Manhã, sobre a biografia de Passos Coelho, cujo título – “somos o que escolhemos ser" – é “género seita”.

O objetivo que temos é vencer a doença, não é perguntar se as pessoas durante esse processo têm febre, têm dor ou se gostam do sabor do xarope”, Passos Coelho, sobre a política de austeridade, citado pela
Rádio Renascença.

Falar de uma maioria absoluta nas legislativas "está no limite da publicidade enganosa”, prevê Rui Oliveira e Costa, também
na Renascença.

O QUE EU ANDO A LER
Tenho um amigo que é doido por Rubem Fonseca, escritor brasileiro que fez ontem 90 anos. Ele é tão doido, mas tão doido por Rubem Fonseca que tudo o que lê é sempre nos intervalos de Rubem Fonseca. É uma paranoia meia juvenil (ou completamente juvenil, dirão muitos) mas, fascinado por tamanho fascínio, ofereci-me a ler um que ele me ofereceu, “Amálgama”, contos. Rubem Fonseca não é próprio para menores e é bastante impróprio para muitos maiores, pela (chamemos-lhe assim) linguagem vernacular mas também pela crueza das histórias. Depois de “Amálgama”, entro em “O Caso Morel” e por ali não fico.

Mas fico por aqui. A partir de amanhã é obrigatório escrever português usando o acordo ortográfico (mesmo que haja ações em tribunal para travar o processo,
relembra a RTP) mas isso não traz novidade alguma à Luísa Meireles, que há duas semanas se estreou.
Antes de acabar, três pechinchas: leia o Expresso, que até sexta é gratuito para todos os leitores; vá à Festa do Cinema, que até amanhã vende bilhetes a 2,5 euros em salas de todo o país; e, se está em Lisboa, levante os olhos para a copa das árvores. Os jacarandás já floriram e só por isso vale a pena ser maio outra vez. Está muito calor em Portugal continental e assim terminamos, com votos de um dia maravilhoso.
Bom, bom, bom! 

sexta-feira, 8 de maio de 2015

O Reino Unido Jamais Será Vencido

 Resultado de imagem para David Cameron
O Reino Unido-David Cameron ganhou. Contrariando todas as previsões, ele vai assumir um novo mandato de primeiro-ministro do Reino Unido com mais votos do que os conquistados em 2010. De acordo com as sondagens à boca das urnas, e também dos resultados que neste momento estão a ser apurados, os Conservadores estão muito perto de uma maioria absoluta no Parlamento com 316 deputados. Neste preciso momento já venceram 305 círculos. Relembre-se que bastam 323 lugares (mais 7 do que aqueles que a sondagem à boca das urnas oferece aos Conservadores) para essa maioria ser alcançada, o que é possível com uma (não muito provável) nova coligação com os Liberais Democratas (10 deputados), com o Partido Democrata Unionista (8 deputados) ou mesmo com o UKIP ou partidos regionais, caso estes sejam necessários para estas contas.
(Número de deputados segundo a previsão à boca das urnas: Conservadores 316, Trabalhistas 239, Partido Nacional da Escócia 58, Liberais-Democratas 10, UKIP 2, Outros 25)
Os grandes derrotados desta eleição são os trabalhistas e os liberais-democratas: Nick Clegg e Ed Miliband devem mesmo renunciar à liderança dos seus partidos nas próximas horas devido aos inúmeros votos que perderam para os conservadores e para o SNP. Por essa ordem de razões, os grandes triunfadores são David Cameron e Nicola Sturgeon, a líder do Partido Nacional da Escócia, que poderá ter limpo o Partido Trabalhista do mapa ao conquistar 58 dos 59 lugares disponíveis nas mesas de voto escocesas.
Que vendaval foi este? Dois nacionalismos e uma ideia de voto útil, como atesta Paul Mason do Channel 4. Na Escócia, onde os trabalhistas averbam uma derrota histórica, Nicola Sturgeon galvanizou o eleitorado de forma incrível. Poucos meses depois do referendo, o resultado de ontem volta a colocar, sem margem para dúvidas, a saída da Escócia do Reino Unido em cima da mesa.  Mas foi o temor, senão mesmo o terror, de uma aliança entre os trabalhistas e o partido de Nicola Sturgeon que terá provocado o efeito contrário em Inglaterra, onde a deslocação de votos para os conservadores, sobretudo com origem nos liberais-democratas, procurou evitar a subida ao poder de uma aliança entre trabalhistas e separatistas escoceses. Ou uma óbvia e imediata desagregação do Reino Unido. Não vale a pena esquecer que o desemprego no Reino Unido se encontra nos 5% e o PIB cresce a bom ritmo.
Apesar das reticências com que se devem encarar as previsões, o nacionalismo escocês e o nacionalismo inglês marcaram decididamente estas eleições. O desejo de um governo estável e em maioria do eleitorado centrista, como aliás previa David Cameron, terá feito o resto, provocando uma transferência maciça de votos, sobretudo dos Liberais Democratas para o Partido Conservador.
Esta é também uma vitória do euroceticismo britânico. Seja qual for a coligação que David Cameron vai engendrar, a fragilidade aberta pelo separatismo escocês será uma das armas que Cameron passará a usar em Bruxelas, procurando situações de exceção para o Reino Unido. É também o triunfo do socialceticismo, ou se quisermos, uma enorme facada no Estado Social. Mas para brincar às coligações possíveis (ou mesmo impossíveis), nada como experimentar a aplicação no site do Economist, onde as várias hipóteses podem ser experimentadas.
Por cá, António Costa anunciou uma vaga descida do IRS na entrevista à TVI. O Expresso foi fazer as contas e conclui que os impostos sobre os rendimentos serão sensivelmente os mesmos. O que pode ser alterado são os escalões: dos atuais 5 passaremos a ter 6 ou 7, caso o PS ganhe as eleições. Seria voltar a um escalonamento anterior ao anterior “brutal aumento de impostos” de Vítor Gaspar, em que os mais ricos pagariam mais e os contribuintes com menores rendimentos seriam menos tributados. Um exemplo: se hoje a taxa maior incide nos rendimentos a partir de 80 mil euros por ano, essa mesma taxa poderia passar a ser aplicada a quem recebe mais de 75 mil. Por outro lado, seriam aliviados os contribuintes que se encontram nos escalões mais baixos.
Não vale a pena relembrar que a campanha eleitoral já começou, mas é preciso saber que ainda não existe uma lei decente que regule a sua cobertura pelos órgãos de comunicação social. Depois do fiasco do projeto PS-PSD-CDS, aguarda-se nova lei, desta feita a cargo do PSD e CDS (Inês de Medeiros ficou out), anunciada “para as próximas semanas” por Luís Montenegro (chefe da bancada parlamentar do PSD) no dia em que foram recebidos os representantes da Plataforma de Media Privados que propuseram um “código de conduta editorial”, que na prática retira poderes à Comissão Nacional de Eleições.
OUTRAS NOTÍCIAS
A TAP entra hoje no seu oitavo dia de greve mas o Governo já grita vitória. A administração tem conseguido uma frequência de voos superior a 70% nestes dias, o que é uma derrota, ou um “tiro no pé”, como disse o ministro da Economia, Pires de Lima, do Sindicato dos Pilotos. O processo de privatização mantém-se, apesar de o secretário de Estado ter garantido não ter reunido ontem com Efromovic, um dos potenciais candidatos. Já hoje, o Público adianta que há uma empresa de capital de risco que pode estar na corrida. Trata-se da Greybull, que em outubro de 2014 comprou a companhia aérea britânica Monarch, para levar por diante uma profunda reestruturação.

Carvalho da Silva, que poderia ser o candidato presidencial do Bloco de Esquerda, não vai, afinal de contas, concorrer. “Não quero ser fator de perturbação”, disse. O ex-líder da CGTP deitou ontem por terra todas as pretensões, declinando uma candidatura que viu o seu espaço ser ocupado pela de Sampaio da Nóvoa.
Fisco vai a cruzar as contas da água, telefone e da eletricidade para apanhar rendas ilegais. É a manchete do Diário de Notícias que dá conta da obrigatoriedade dos fornecedores de serviços indicarem à Autoridade Tributária em que nome estão as contas da água, luz e telefone para posteriormente serem comparadas com os recibos das rendas da casa.
FRASES
“Confio que um acordo estás prestes a ser celebrado nos próximos dia. Ou semanas”, Yannis Varoufakis, ministro das Finanças grego, ontem ao almoço durante uma conferência em Bruxelas

“Não se pode ensinar bem o que não se sabe muito bem”, comunicado do Ministério da Educação e Ciência sobre os resultados negativos obtidos pelos professores na Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades
“O melhor do mundo é Messi e o segundo melhor é o Messi lesionado”, Jorge Valdano, dirigente do Real Madrid, sobre o jogador seu compatriota
"É desagradável que depois de se anunciar um casamento, venha a história de uma traição anterior”, Manuela Ferreira Leite no programa Política Mesmo da TVI sobre os SMS e a coligação PSD-CDS
O QUE ANDO A LER E A OUVIR
Um artigo da Revista do Expresso publicado no sábado sobre a vida nas prisões portuguesas. Como anteontem foi salientado por Daniel Oliveira no Expresso Diário, as penitenciárias ainda são o lugar de todas as arbitrariedades. Como se tivéssemos parado no tempo. Num tempo muito antigo. Os depoimento de Paulo Pedroso, Domingos Abrantes, Carlos Cruz ou de um ex-corretor, entre outros, demonstram que nos cárceres de Portugal a lei que impera é a do “porque sim” e a do “porque não”, apostando tudo na despersonalização dos detidos e nada na sua reintegração. Na próxima Revista do Expresso, nas bancas sábado, há também uma excelente entrevista a Karl Ove Knausgaard, o escritor norueguês que está a mudar a literatura do século XXI. É como se voltássemos a um filme de Ingmar Bergman, mas mais estranho e maravilhoso, ainda que não esteja certo de que seja esta a palavra mais adequada. Inédito mesmo é o livro dos sonhos de Rita Red Shoes. A cantora portuguesa verteu para papel os “Sonhos de uma Rapariga Quase Normal”, a que acrescentou ilustrações e, em exclusivo no Expresso Diário a partir da próxima semana, novas peças musicais. E como são os sonhos da rapariga? “Corei de vergonha, mas senti que não tinha alternativa a subir ao palco e dar uns gritos por cima daquelas guitarras ensurdecedoras. No camarim estava uma senhora com um fato preparado para eu vestir. Era também de monge, mas resolveram juntar-lhe uma barba. Olhei-me a um espelho que estava por ali perdido e senti-me Jesus Cristo. Entrei em palco e encarnei o espírito gótico, fazendo daquele momento uma bela performance. Pisguei-me dali mal pude e saí para a rua na esperança de poder descansar um pouco daquelas andanças. Não tive tempo porque ouvi chamar o meu nome nas colunas: – Urgente, Rita, tem de comparecer na plataforma um.”