quarta-feira, 18 de maio de 2016

Deixem-se de tretas, força nas canetas que os maiores são....os bancos portugueses

São 23. Sabem chutar uma bola. E dizem que são magníficos. Só falta provar que conseguem ganhar o Euro 2016. E deixem-se de tretas, como cantava Herman José, força nas canetas que o maior é Portugal.

Pode ver aqui
quem são os eleitos por Fernando Santos, que acabou por trocar Tiago por Renato Sanches. Ele lá deve saber porquê. Custa-me a crer que o selecionador tenha cedido aos grandes interesses financeiros que movem o futebol.

Mas se hoje só se fala de futebol, ontem foi o dia da banca. E mais uma vez pelas piores razões.

Parece que existe uma
frente unida em defesa da banca nacional. Uma verdadeira seleção nacional. Não querendo ser desmancha-prazeres, noutras alturas em que tal aconteceu, por exemplo em 2011, o resultado não foi nada famoso.

E para perceber o que está a passar-se é preciso recuar quatros anos. Quando os amigos Teixeira dos Santos e Carlos Costa fizeram as contas ao dinheiro necessário para o programa de resgate colocaram 12 mil milhões para recapitalizar a banca. Na altura foi excluída a necessidade de um programa que fizesse uma injeção de capital à cabeça nos bancos portugueses tal como aconteceu na Irlanda por exemplo. Portugal, dizia-se, não tinha os mesmos problemas na banca que tinham outros países. Pois não…

Quatro anos depois, esses países resolveram os problemas dos seus bancos, e nós por cá, continuamos a lutar para não ter de pagar mais alguns.

O governador do Banco de Portugal veio ontem defender mais uma vez a
criação de um banco mau para limpar os ativos dos bancos do crédito mal parado. Mas para que isso aconteça é preciso que exista uma isenção da política de ajudas públicas. Bruxelas tem de ajudar. Uma medida que assentaria como uma luva à Caixa Geral de Depósitos.

Este deve ter sido um dos assuntos no menu do almoço entre António Costa e a responsável pela supervisão europeia, Danièle Nouy. O primeiro ministro acabou por mais tarde pedir que os bancos e os reguladores se entendam para
resolver o problema do mal parado.

Na mesma conferência organizada pela Associação Portuguesa de Bancos e pela TVI, António Costa defendeu ainda que a venda do Novo Banco
tem de ser a mais competitiva possível e excluiu descontos para os bancos que já estão a pagar o ex-BES através do Fundo de Resolução.

Mas onde começa e onde acaba a responsabilidade de um Governo se meter na vida dos bancos? Isso vai depender da cor do partido do Governo, mas acima de tudo depende da vontade de quem lidera o banco de o querer ou permitir.

Quando se anda por aqui há bem mais de uma década, temos a sorte de já termos visto o suficiente para sabermos que o Governo varia entre salvador e bicho papão. Conforme o interesse momentâneo do banqueiro.

Fernando Ulrich revoltou-se ontem com o anterior Governo e Presidente da República por nada terem feito para defender os interesses do BPI em Angola. “Zero absoluto” foram as
palavras usadas para atacar quem nada fez para defender a permanência do BFA no mercado angolano.

Parece-me óbvio que qualquer governo deve defender os interesses nacionais no estrangeiro. Mas não foi este, nem o anterior governo, que criaram o problema Angola. Quem o fez foram as autoridades angolanas. Fica bem a Fernando Ulrich dizer que o governador do Banco de Angola elogia o BFA, mas seria muito melhor se a supervisão funcionasse de facto naquele mercado de forma a ser equiparada com a europeia. Se isso acontecesse, o BPI não teria qualquer problema naquele mercado.

Entretanto a administração do BPI considerou a OPA lançada pelo Caixa Bank como oportuna mas não deixou de dizer que o preço é baixo ao avaliar as ações do banco
38% acima do preço oferecido pelos espanhóis.
 
 
OUTRAS NOTÍCIAS
Confesso que cada vez percebo menos sobre a questão das 35 horas. No mesmo dia o primeiro-ministro diz que as 35 horas serão aplicadas a 1 de Julho para todos os trabalhadores em funções públicas e que não há uma aplicação faseada. Horas mais tarde Mário Centeno diz que a medida das 35 horas “abrange apenas uma parte dos trabalhadores em funções públicas", pois existem algumas classes profissionais que "têm horários de trabalho próprios". E ainda que poderá haver casos em que será preciso criar uma norma transitória. Será que António fala com o Mário?

Um tema que
está a dividir PS do Bloco e do PCP.

Nenhum deles deve ter ficado contente com o Conselho de Finanças Públicas. Teodora Cardoso
voltou a chumbar as contas do Governo, desta vez as que fazem parte do Programa de Estabilidade e Crescimento. É que os números das exportações e do investimento continuam sem ser explicados pelo Ministério das Finanças. O "I" noticia que Bruxelas está a aumentar a pressão sobre Portugal. Hoje a Comissão Europeia vai analisar as contas dos vários países e espera-se um puxão de orelhas a Portugal. Deverão ser apresentadas novas recomendações para que o Governo corrija as contas.

O Governo anunciou ontem que não vai abrir novas turmas em metade dos colégios com contrato de associação. O mesmo foi comunicado à Associação de Estabelecimentos do Ensino Privado pela secretária de estado-adjunta da Educação, Alexandra Leitão. A decisão torna inviáveis metade dos 79 colégios com contrato de associação defende o setor. O Público escreve hoje que no total serão 370 turmas que deixarão de ser financiadas.

Após dois meses de investigação, a Polícia Judiciária deteve ontem
sete suspeitos dos crimes de sequestro qualificado e homicídio, entre outros crimes, de João Paulo Fernandes, o empresário de Braga sequestrado no passado dia 11 de março na presença da filha de oito anos. Dos sete detidos, três são advogados, e um deles vice-presidente do PDR, e quatro são empresários.

A Ordem dos Médicos entregou ontem na Assembleia da República uma petição que reuniu mais de 15 mil assinaturas, para que os
pais com filhos até aos 3 anos tenham uma redução de duas horas no horário de trabalho.

Também a petição para proibir o uso, venda e distribuição do pesticida glifosato já reuniu as 15 mil assinaturas necessárias para ir a
discussão na Assembleia da República.

É daqueles murros no estômago que ainda apanhamos apesar dos horrores que a guerra no médio oriente e suas consequências nos foram habituando. Dos campos de refugiados vem a notícia do crescente número de meninas que são entregues pelos pais para
casarem a troco de cerca de 3.500 euros.

O incêndio que já é considerado o maior desastre natural da história do Canadá continua sem controlo, ameaçando
agora quatro campos de exploração de petróleo.

O Museu que não se vê, é o tema da exposição temporária que se inaugura hoje no
Museu de Arte Antiga. Nela poderemos ver muitas peças de arte da coleção deste museu que nunca foram mostradas. Até ao próximo dia 25 de Setembro, sendo que hoje a entrada é gratuita, tal como no próximo sábado, entre as 18:00 e a meia-noite, em que se celebra a Noite dos Museus.

Há uma nova esperança para o
tratamento de depressão profunda e que estará numa substância alucinogénica existente num tipo de cogumelos que eram consumidos pelos astecas.

Também no combate aos vírus, surge nova esperança, pois foi criada uma
nova molécula capaz de os destruir.

E se o twitter deixasse de contabilizar fotografias e links externos
no limite de 140 carateres de cada publicação? Talvez isso venha a acontecer em breve como noticia a agência Bloomberg.

Atualmente já é comum procurarmos no facebook, no linkedin e no google o nome de alguém que acabámos de conhecer, mas num futuro próximo talvez seja difícil resistir à tentação de fotografarmos as pessoas que vamos conhecendo para obtermos informações através da
FindFace, a nova app russa que ameaça acabar ainda um pouco mais com a privacidade.

O QUE DIZEM OS NÚMEROS
5 mil milhões. É o valor, em dólares, movimentado pelas redes de tráfico de pessoas na Europa no ano passado.

4%. É quanto caiu a coleta de impostos pela Câmara de Nova Iorque provenientes da hotelaria. Tudo por causa do Airbnb.

19 milhões. É o valor, em euros, que a BBC pretende poupar com o encerramento de várias secções do seu sítio na internet como comida, viagens e notícias locais.
A notícia criou um movimento contra o fim do site de receitas que num só dia recolheu 120 mil assinaturas. A empresa está a reconsiderar a proposta.

60 cêntimos. É o valor da flutuação do preço da cerveja salgada galega Mustache, que é feita com água do mar das Rias Baixas e
cujo preço varia de acordo com as marés. É uma espécie de jogo de bolsa para quem decide comprar a dita cerveja.

100.000. O número de órbitas ao nosso planeta que a
Estação Espacial Internacional acaba de ultrapassar. Tudo feito a uma velocidade de 28 mil quilómetros por hora.

O QUE EU ANDO A LER
As viagens dão sempre a oportunidade para ler aqueles clássicos que ficaram presos ao pó do armário. Vernon Sullivan não lhe deve dizer nada. Pseudónimo literário usado para escrever autenticas paródias criminais. Obras onde Boris Vian usava toda a sua imaginação para urdir uma crítica feroz à sociedade através de um humor único. Isto tudo embrulhado numa espécie de James Bond encontra a equipa CSI nos anos 40.
“Morte aos feios”, no original “Et on tuera tous les affreux” é um livro polémico, como quase toda a obra de Boris Vian se tivermos em conta que foi publicado em 1948. As referências sexuais e a crítica à sociedade americana da costa leste estão espalhadas por toda a obra.

A Europa cada vez menos (mais?) parecida consigo

Dezoito anos de prisão para o “capitão” e seis para o seu “ajudante”. O tribunal de Catania (Sicília, Itália) proferiu ontem esta sentença aos responsáveis pelo até agora considerado maior desastre relacionado com migração, no qual morreram 700 pessoas em… quantos minutos? O navio naufragou ao largo da Líbia em 18 de abril de 2015. Segundo o testemunho de um dos apenas 28 sobreviventes, seguiam 950 pessoas a bordo quando o navio adornou e se afundou. O tunisino Mohamed Ali Malek, de 27 anos e o sírio Mahmud Bikhit, de 25, foram detidos de imediato pela polícia italiana, porém negam até hoje qualquer responsabilidade. Insistem que eram “refugiados” sujeitos à receita combinada de perigo+negócio que alegadamente aplicaram. São acusados de homicídio negligente e facilitação ao tráfico de seres humanos, como pode aqui ler no site do jornal La Repubblica. Se não fosse proveitoso, o Centro Europeu contra o Tráfico de Migrantes não concluiria que as redes de tráfico humano na Europa geraram entre 4,4 mil milhões e 5,3 mil milhões de euros no ano passado.

O julgamento de ontem do tribunal daquela cidade siciliana diz respeito a um dos três naufrágios que, combinados, fizeram 1244 mortes no Mediterrâneo. Só em abril do ano passado. Foram estes naufrágios mais a imagem da criança síria Alan Al-Kurdi afogada na Turquia que desencadearam a onda de solidariedade (e ação) da sociedade civil europeia que gritou
“welcome refugees!” em desafio à morosidade das deliberações de Bruxelas.

Em meses, o encerramento de uma série de fronteiras na Europa mudou a face da União tal como a conhecíamos e praticávamos há 30 anos, talvez sem darmos por isso. Afastamo-nos de tal maneira dos desígnios da Europa sem fronteiras desenhadas em Schengen, que a Comissão Europeia redigiu um “Roadmap back to Schengen”. O documento, que
pode consultar aqui, data de março de 2016 e teria sido impensável há apenas seis meses.
22 dos 28 Estados europeus ainda acreditam que Schengen sobreviverá à crise de refugiados, como pode ler nesta página do Conselho Europeu das Relações Exteriores (ecfr.eu). Ao mesmo tempo, os partidos de extrema-direita europeus organizam-se e os ânimos antieuropeus em países como o Reino Unido encarniçam-se à vista de todos. O referendo ao Brexit é já a 23 de junho - encontra aqui respostas às suas perguntas - e 51% dos eleitores inquiridos dizem que vão votar para que o Reino Unido fique na União. Se assim não for, ninguém sabe… David Cameron resiste.
 
 
OUTRAS NOTÍCIAS
 
Os tártaros da Crimeia assinalam hoje os horrores de 1944, quando 230 mil foram deportados para o que é hoje o Uzbequistão. Menos de metade sobreviveu. As autoridades ucranianas aproveitam a ocasião para protestar contra a anexação da península que a Rússia fez em 2014 usando cartazes onde se lê “Somos todos tártaros da Crimeia”. A cantora Jamala que venceu o Festival Eurovisão com uma canção lamentando a deportação da sua avó ganhou estatuto de heroína nacional.

A paz na Síria… foi com esperança reduzida que se reuniram ontem em Viena de Áustria os 17 do Grupo Internacional de Apoio à Síria liderados pelos chefes da diplomacia dos Estados Unidos e da Rússia, John Kerry e Sergei Lavrov. O objetivo era relançar a paz que ficou entretanto adiada apesar do acordo assinado em fevereiro. Foi acordado que haveria distribuição aérea de alimentos às áreas ocupadas, mas as fraturas ficaram evidentes quando foi impossível marcar nova data para o recomeço das negociações de paz. Estes cinco anos de matança resultaram em 47 mil mortos.

As ruas de Paris andam agitadas com os protestos contra a nova lei laboral. É a sexta proposta de alteração da lei do trabalho em pouco mais de dois meses, que conseguiu a união de sete sindicatos contra ela. Leia aqui pormenores.

Pela primeira vez, as autoridades chinesas comentaram Revolução Cultural, sobre a qual passam agora 50 anos. O j
ornal People’s Daily chamou-lhe “um completo erro”… no qual milhões foram executados e milhares morreram ao longo de uma década de purgas caóticas impulsionadas por Mao.

Donald Trump declarou estar disposto a encontrar-se com o líder da Coreia do Norte para discutir cara a cara o
programa nuclear de Pyongyang. Na campanha às presidenciais do empresário vale tudo, resta saber a reação de Kim Jong-un…

Chris Ghaiter já prestou declarações, depois de o ciclo mais próximo de Prince ter mantido o silêncio até agora. Conhecido por Romeo, era o guarda-costas do músico desde 2012 e até à noite em que morreu. A
CNN reporta as declarações de Chris/Romeo, que não quer que haja dúvidas: Prince não tinha nenhuma dependência de analgésicos, ninguém que lhe fazia a mala todos os dias - ele - poderia não dar por isso.

Por cá,
fique a saber porque é que é vital que os pais passem mais tempo com os filhos, agora que a natalidade está na ordem do dia e a discussão alterna com o debate sobre opções e tradições.

Os partidos não se entendem quanto às 35 horas, leia aqui no
Expresso o estado da arte.
As turmas de início de ciclo não abrem em 39 colégios, o que representa uma poupança de 43% no financiamento a novas turmas. Leia aqui a opinião de Ricardo Costa sobre os contratos de associação, aqui desenvolvidos no Expresso. Manchetes de hoje: “Cortar nos colégios permite oferecer manuais escolares” escreve o DN. O Público também destaca: “Estado vai deixar de financiar 370 turmas dos colégios com contrato”. Já o i escolhe “Défice: Bruxelas aumenta pressão sobre Portugal”. O Correio da Manhã titula com o crime do empresário de Braga: “Advogados encomendam morte de empresário”.

O Conselho de Finanças Públicas (CFP) tem dúvidas sobre as previsões de crescimento económico inscritas pelo Governo no Programa de Estabilidade, como
aqui explica o João Silvestre.

O Teatro Nacional de São Carlos tem um novo diretor artístico, Patrick Dickie.
Soube-se ontem que consultor, produtor e dramaturgo britânico, até aqui programador convidado do teatro de ópera de Lisboa, que assinou a atual temporada lírica (setembro de 2015 a junho de 2016) sucede a Paolo Pinamonti.

A seleção nacional já tem hino para a campanha do Europeu de 2016. A composição de Paulo Lima “pretende gerar uma onda de confiança”, como poderá
verificar aqui no DN.

Os 23 eleitos para França foram anunciados ontem,
leia aqui.

FRASES
Todas as opções estão em aberto no Novo Banco”, António Costa, primeiro-ministro assegurando a defesa dos contribuintes

“Os bancos precisam de rever os seus modelos de negócio”, Daniéle Nouy, presidente do conselho de supervisão europeu

“Posso ter cometido erros, mas não cometi crimes”, Dilma Rousseff, ex-Presidente do Brasil no seu último discurso como tal

“Arrancaram-me as unhas, chicotearam-me, abriram-me as costas com lâminas e puseram sal nas feridas”, Shahbaz Taseer, paquistanês sequestrado entre 2011 e 2015 pelo Movimento Islâmico do Uzbequistão, filho do governador do estado do Punjab, Salman Taseer, assassinado por se opor à lei da blasfémia, citado num
exclusivo da CNN

O QUE ANDO A LER
“O Verão de 2012”, de Paulo Varela Gomes. Há 15 dias escrevi aqui que estava a lançar-me na leitura de “Era uma vez em Goa”, mas “O Verão…” interpôs-se pelo caminho e ganhou. Este texto foi publicado em 2013 e é sobre o ano anterior, o ano “terrível” para o paciente daquele narrador - que o designa por P. -, que em maio é sujeito “à mais revoltante das coincidências” daquele ano: “de repente, foi diagnosticado a P. um cancro incurável”. A maravilhosa escrita de Paulo Varela Gomes ressoa a erudição a que nos habituou enquanto “nos enche” de numerosos exemplos do modo como olhava o mundo com o sublinhado que a despedida dá. “Quando recebeu a notícia de que estava mortalmente doente, a sua fúria desvaneceu-se de repente. A descoberta da conjura do cancro, as suas arengas contra o progresso, vieram depois, no mês de agosto, quando readquiriu alguma esperança. Até então, tudo se passou como se tivesse caído um grande silêncio, como se o vento soprasse mais devagar, como se os pássaros que pousavam nos arbustos e nas árvores encostadas à sua casa tivessem firmado com ele um pacto de calma e sossego. Tudo o que não era o vórtice da doença, das suas consequências prováveis, das suas circunstâncias e pequenos acidentes, tudo ficou suspenso”. Paulo Varela Gomes teve a gentileza de colocar um narrador entre nós a e matéria da escrita. Não fica mais fácil de ler do que o texto escrito na primeira pessoa que publicou na Granta, “Morrer é mais difícil do que parece”. Na verdade, ficam ambos sujeitos ao juízo do quanto de nós, leitores, é capaz de aceitar a morte.

Por falar em morte - What’s done is done -, recomendo vivamente (passe-se a expressão) o filme Macbeth, de Justin Kurzel.
Veja aqui o trailer oficial britânico e não pense que já conhece pelo menos 20 versões da peça de Shakespeare. Acredite que lhe falta ver esta, escrita por Jacob Koskoff, Todd Louiso, e Michael Lesslie! Este extraordinário Macbeth de Michael Fassbender - a crítica inglesa disse que ele nasceu para o papel - (para esta leitura que os guionistas fazem de Shakespeare) é à prova até da bala da crítica (sobranceira) do New York Times, como aqui pode ler. A Europa deveria continuar a ser isto que acontece tantas vezes no cinema e que aqui ganha contornos particulares: esta peça do mais inglês dos ingleses sobre um rei escocês é protagonizada por um alemão e uma francesa (Marion Cottilard). Kopf hoch!

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Marcelo está em casa

Marcelo Rebelo de Sousa está em casa. Ele gosta de Moçambique e Moçambique gosta dele. Não admira portanto que aquele tenha sido o país escolhido para destino da sua primeira visita de Estado enquanto Presidente da República. Após o primeiro dia na África Austral, prossegue uma agenda num país com alta tensão ao centro, como aqui se explica . Marcelo tem na agenda encontros com o partido no Governo, Frelimo, e com o maior partido na oposição, a Renamo. Além da palavra de ordem dada para que o investimento em Moçambique continue e aumente, espera-se que Marcelo gira com pinças a abordagem do tema instabilidade-que-se-faz-sentir no país e à qual o Governo moçambicano não reconhece mais do que estatuto de “pequenos distúrbios”. No primeiro dia da visita, ao ser inquirido pelos jornalistas sobre o assunto, o Presidente português escusou-se responder: “Não podemos falar sobre assuntos de soberania de outro país.” e lembrando ditado português que diz não convir “pôr o carro à frente dos bois”.

Em terras moçambicanas,
Marcelo desdramatiza as previsões da Comissão Europeia sobre a evolução da economia portuguesa e elogia o défice de 2,7%. “A questão é que aquilo que Marcelo considera "uma boa notícia" fica bastante aquém do que o Executivo havia prometido à Comissão (um défice de 2,2%) e igualmente aquém daquilo que é exigido pelas autoridades europeias. Onde o Presidente da República vê "um ponto bom", pois quer um lado quer outro "acham que fica abaixo dos 3%", para Bruxelas é mau, porque significa uma consolidação orçamental quase nula e não cumpre a regra de redução do défice estrutural em pelo menos 0,5.”, escreve o Filipe Santos Costa.

Quanto ao acordo ortográfico, a reabertura do dossiê proposta por Marcelo Rebelo de Sousa ficará para depois. As regras encontram-se em vigor e assim se manterão, declarou ontem o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva. Isto quer dizer que “o Governo vai serenamente esperar pelos desenvolvimentos”.