Portugal-Os juros da dívida de Portugal estavam terça-feira a descer em todos os prazos, a dois, cinco e dez anos, na véspera do Tesouro português ir ao mercado para leiloar duas linhas de dívida de curto prazo. No prazo dos 10 anos, o Financial Times diz que Portugal está perto de atingir valores que já não se verificavam desde 2005.
Cerca das 9h25, os juros da dívida portuguesa a dois anos caíam para 0,681%, abaixo dos 0,691%% verificados na sessão anterior.
Na maturidade a cinco anos, os juros da dívida portuguesa negociavam-se no mercado secundário a 1,962%, quando na sessão precedente se transacionavam a 1,987%.
No prazo dos 10 anos, os juros aliviavam para 3,445%, contra 3,488% observados na sessão da passada segunda-feira, e chegaram mesmo a baixar para os 3,37%. Há oito dias que se verificam descidas, o que mereceu destaque do Financial Times. No jornal britânico escreve-se que os problemas causados pelo Banco Espírito Santo estão a desaparecer e que se a tendência de descida se mantiver, os juros podem atingir mínimos de 2005.
O IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública vai efetuar na quarta-feira dois leilões de Bilhetes do Tesouro com maturidades em novembro de 2014 e em agosto de 2015. É a primeira emissão desde que Cristina Casalinho substituiu Moreira Rato na presidência da agência.
O montante indicativo global para esta colocação de dívida de curto prazo situa-se entre 750 e 1.000 milhões de euros. A cinco anos, enquanto os juros da dívida soberana da Irlanda aliviavam também em todos os prazos. Dublin terminou oficialmente, a 15 de dezembro passado, o programa de ajustamento solicitado em 2010 à ‘troika’, no valor de 85 mil milhões de euros.
Já os juros da dívida de Espanha caíam no mercado secundário a dez anos e subiam a dois e cinco anos, no dia em que o Tesouro espanhol foi ao mercado para leiloar dívida de curto prazo, enquanto na Grécia desciam a cinco e dez anos.
O facto de os juros de toda a periferia do euro estarem em níveis pré-crise levam vários analistas consultados pelo FT a questionar se estamos perante uma nova “bolha” — significando uma fase em que o preço da dívida está abaixo do que representam os seus riscos. “Atingimos um preço justo? A tentação é que estamos a ir longe demais”, admite Oliver Burrows, analista no Rabobank. “Se os investidores quiserem fazer dinheiro em algum momento, especialmente se for num período de menor liquidez, isso pode criar vários problemas”, anota Justin Knight, da UBS, ao mesmo jornal.