segunda-feira, 24 de março de 2014

Portugal: Estado ganha com apoios à banca

Portugal-O Governo é acusado de proteger os interesses do sistema financeiro em geral e da banca em particular, crítica suportada na linha de capitalização de 12 mil milhões criada no âmbito do acordo com a ‘troika'.
 
A história destes quase três anos já é suficientemente reveladora da importância do apoio à banca, que impediu que o País fosse mesmo abaixo, mas não só: o Estado está mesmo a fazer um bom negócio. É claro que no momento em que há cortes de apoios sociais ou aumentos de impostos, a ideia de apoiar o sistema financeiro está longe de ser pacífica.
 
Porque a banca também tem responsabilidades no estado de endividamento a que o País chegou, porque os casos de polícia que voltaram a ser notícia, agora, por causa das prescrições, permitem as generalizações fáceis e demagógicas, porque a profissão de banqueiro passou a ser a mais mal-afamada do mundo.
 
Por tudo isto, quando o Governo anterior negociou a linha de 12 mil milhões para recapitalizar o sistema financeiro, foi pelo caminho mais difícil, mas as condições desses empréstimos, na verdade, são leoninas e acabam até por beneficiar os contribuintes. Além da retórica política, há essa coisa dos números, e a sua análise: o BPI fez um anúncio de página inteira que está a sair na imprensa no qual revela que o Estado já cerca de 94 milhões de euros com o empréstimo de 1.500 milhões que fez ao banco.
 
Ulrich explica que o BPI já reembolsou 1.080 milhões de euros do total, o que custou ao banco 154 milhões de euros de juros com as CoCo (um tipo de obrigações) e, como o Estado financiou-se, para esta linha, a uma taxa média de 3,3%, registou uma margem de 5,25 pontos, ou seja, 93 milhões de euros. O BPI, como o BCP, não querem reembolsar o empréstimo do Estado tão cedo quanto o possível apenas por causa dos juros, a prestação de contas e a partilha de poder com a ministra das Finanças são dispensáveis, mas o custo deste empréstimo é brutal, afecta a capacidade de concessão de crédito e, claro, os resultados dos bancos.