África-O continente africano continua a ser o que regista um maior índice de crescimento populacional, fruto da inexistência de profundas preocupações relacionadas com uma situação que começa a ganhar contornos preocupantes por afectar todas as actuais estruturas criadas para proporcionar bem-estar às populações.
Em 2050 calcula-se que vão existir mais de 2.2 mil milhões de africanos, o que diz bem do elevado índice de fertilidade e de natalidade registada a nível de todo o continente, embora haja algumas poucas excepções.
De acordo com um estudo do Banco Mundial que teve em linha de conta estudos efectuados em países de diferentes regiões de África assiste-se, na generalidade, a um continuado aumento do número de filhos por casal, embora os números e as percentagens variem de forma bastante acentuada.
Dados de 2011 revelam que em todo o mundo cada mulher tem em média dois filhos. No caso concreto da região subsahariana de África as estatísticas indicam que cada mulher tinha nessa mesma altura uma média de cinco filhos.
Até aqui nada de substancialmente novo, uma vez que essa diferença mostra a tendência que já se esperava de ser o continente africano aquele que apresenta uma maior taxa de crescimento populacional quando comparado com o que se passa em todo o mundo.
Porém, o que é novo é a verificação de que essa taxa de crescimento populacional ameaça tornar-se num factor promotor de um desenvolvimento desigual entre países do mesmo continente.
Países como o Níger e o Sudão, por exemplo, apresentam taxas de fertilidade substancialmente altas enquanto no Gana e na Tanzânia se assiste a uma drástica diminuição na média de nascimentos.
Uma das consequências desse facto assenta na necessidade do gradual aumento da idade de reforma nos países com um índice de fertilidade baixo, fruto do envelhecimento da população, enquanto os outros renovarão a sua força de trabalho e terão maiores possibilidades de ter um desenvolvimento mais acelerado e sustentado.Calcula-se que em 1970 existiam cerca de 360 milhões de africanos e que até 2050 esse número sobe para 2.2 mil milhões, cerca de um quarto do total da população de todo o mundo.
Em 2010 existiam em todo o continente cerca de 411 milhões de jovens até aos 14 anos e prevê-se que em 2050 esse número ultrapasse os 800 milhões, o que obriga os diferentes governos a esforços redobrados para poderem responder ao desafio de educar e formar tantas pessoas.
Estes dados, porém, estão já ultrapassados pelo facto de a quase generalidade dos países da região a sul do Sahara estarem a “afectar” as previsões estabelecidas em 1970 apresentando índices de fertilidade bastante superiores.
Grandes cidades como Lagos, com os seus 40 milhões de habitantes, vão tornar-se quase ingovernáveis, visto a Nigéria ser dos países africanos com uma mais elevada taxa de natalidade.
Contrariamente ao que sucedeu no continente asiático onde os países adoptaram medidas restritivas ao aumento desenfreado do índice de natalidade, em África continua a prevalecer a ideia de que o nascimento de um filho é sinal de abastança e de garantia da continuidade das famílias. Mas nem todos pensam assim.
No Uganda e na Tanzânia, por exemplo, os respectivos governos promoveram intensas campanhas de sensibilização da população criando incentivos para casais que não tenham mais de dois filhos e financiou a distribuição gratuita de contraceptivos.Tudo isto com a introdução de disciplinas escolares sobre a educação sexual.Serão estes dois países as duas grandes excepções em relação à região subsahariana do continente africano o que se revela manifestamente insuficiente para travar a tendência de um desmesurado crescimento populacional. Por esta razão há países que começam já a traçar planos no sentido de promover o desenvolvimento habitacional como forma de responder e antecipar as necessidades das populações vindouras. De acordo com dados de 2010, Lagos é a cidade mais populosa de África com 40 milhões de habitantes, seguida de Kinshasa, 30 milhões, Cairo, 22 milhões, Dar es Salaam, 20 milhões, e Luanda com cerca de 12 milhões.
Fora do continente africano este problema está a ser encarado com muita seriedade pois temem um aumento muito substancial do número de emigrantes com os inerentes problemas sociais que isso representa face aos desafios internos com que o Ocidente e a Ásia se debatem.
Por essa razão o Banco Mundial colocou como prioridade o financiamento de campanhas desenvolvidas pelos países africanos interessados em arranjar meios de travar o crescimento acelerado e, sobretudo, não programado do número de nascimentos.Para esse programa, que segundo responsáveis da organização abrange mulheres entre os 15 e os 49 anos de idade, vai ser disponibilizada uma verba anual de 1.5 mil milhões de dólares para a distribuição gratuita de meios anti-concepcionais e para a instalação de postos para consultas de planeamento familiar. Um grupo de peritos dessa organização planeia seguir o exemplo do que foi feito em países como a Coreia do Sul, México e Bangladesh, onde conseguiram que cerca de 60 por cento das mulheres e 30 por cento dos homens tenham acesso gratuito a modernos contraceptivos. Actualmente apenas 20 por cento das mulheres africanas usa habitualmente um método contraceptivo, enquanto nos homens essa media ronda insignificantes três por cento.