Portugal-Apesar da recente boa performance de alguns dos principais indicadores económicos, a crise ainda não deixou o país. Um sinal disso mesmo são os últimos dados das dívidas incobráveis: a lista pública de execuções, de acordo com o Ministério da Justiça, já conta com mais de 81.400 devedores crónicos que não têm dinheiro para pagar dívidas ou bens para penhorar.
Uma situação que, a acreditar nos mesmos dados, se agravou no último ano, com os montantes em dívida a dispararem 150% para 633 milhões de euros. Mais: desde que esta lista foi criada, em 2009, para detectar situações de incumprimento, a tendência tem sido sempre de subida.
Uma situação que, a acreditar nos mesmos dados, se agravou no último ano, com os montantes em dívida a dispararem 150% para 633 milhões de euros. Mais: desde que esta lista foi criada, em 2009, para detectar situações de incumprimento, a tendência tem sido sempre de subida.
Há nestes dados uma leitura óbvia: a situação financeira, tanto de particulares (os mais numerosos na lista) como de empresas, continua no limbo, espremida entre a austeridade imposta nos últimos anos e a carência de liquidez que os levou a perder activos e rendimentos e a deixar de pagar desde rendas e contas a fornecedores até as mais simples despesas de água, luz ou prestação da casa.
É um reflexo natural de como a crise feriu com profundidade a vida e os orçamentos dos portugueses. Mas, se os recentes sinais de inversão da economia forem de facto sustentáveis, é de esperar que estes dados acabem, numa espécie de efeito retardador, por seguir a mesma tendência e mudem de direcção. E que tanto o número de devedores como o volume de dívidas acabe por encolher. Assim o consumo privado não esmoreça, o crédito regresse ao mercado em condições mais atractivas e o processo de ajustamento que se iniciou, com grande sacrifício, na vida de empresas e famílias, corrija de vez os problemas do endividamento em vez de os perpetuar.