Portugal-Um grupo de mais de 60 notáveis apresentou um manifesto sobre o repúdio da dívida pública, como uma condição fundamental para permitir um crescimento sustentado. Contudo, nós estamos contra qualquer proposta formal de reestruturação que, no fundo, tem outro objectivo, escondido, o de não pagar uma parte da dívida que o País contraiu.
Em primeiro lugar, esta discussão fragiliza a posição de Portugal de
o ponto de vista político, quer em relação à ‘troika’, quer relativamente aos investidores, quando estamos a dois meses do fim do programa de ajustamento.
Além disso, basta analisar a estrutura da dívida pública de Portugal, que é de 129% do PIB, para ser claro que mesmo que os credores oficiais aceitassem uma nova renegociação de prazos e taxas, coisa que já fizeram, seria necessário atingir os credores particulares para garantir que a dívida acima dos 60% do PIB fosse transferida para um fundo europeu. Seriam os bancos nacionais e os portugueses que investiram em certificados do Tesouro, por exemplo, a ‘pagar’ esta renegociação.
O peso da dívida no PIB exige reformas estruturais, desde logo do Estado, e mais Europa, coisa que só pode ser discutida no quadro global e não por um País, ainda mais um Estado que está sob intervenção e continuará sob vigilância por muitos anos.