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Pretória - A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, exortou terça-feira última os Estados da África central, "e principalmente o Rwanda", a cooperar para estancar o apoio que beneficia os rebeldes do M23, durante uma conferência de imprensa em Pretória.
"O M23 é o grupo armado, conhecido como o mais activo, que actualmente ameaça as populações do Estado do Congo Democrático", sublinhou Hillary Clinton a saída de um encontro com a sua homóloga sul-africana, Maite Nkoana-Mashabane.
Estas declarações surgem num momento em que os chefes de Estado da região dos Grandes Lagos se reúnem desde terça-feira, em Kampala, para definir os contornos de uma "força neutra", encarregue "de erradicar" os grupos armados no leste da República Democrática do Congo (RDC) e de supervisionar a fronteira com o Rwanda.
O "princípio" desta força imparcial havia sido adoptado em finais de Julho, durante uma reunião anterior da Conferência internacional sobre a região dos Grandes Lagos (CIRGL) à margem da Cimeira dos chefes de Estado da União Africana (UA) em Addis Abeba.
O presidente da RDC, Joseph Kabila, e o seu homólogo rwandê, Paul Kagame, devem responder ao convite do seu homólogo ugandês, Yoweri Musevebi, para a nova cimeira da organização sub-regional.
A reunião iniciada terça-feira a tarde na capital ugandesa e prosseguiu até quarta-feira.
A CIRGL conta 11 membros: o Rwanda; a RDC; o Uganda; Angola; o Burundi; a RCA; Tchade; Congo; o Quénia; o Sudão e a Zâmbia. Mais a situação no leste da RDC sobretudo tornou tensas as relações entre Kigali, Kinshasa e Kampala.
As autoridades da RDC, apoiando-se num relatório da ONU, acusam o Rwanda de dar suporte aos motins do M23, provenientes de uma rebelião precedente e incorporadas no exército congolês nos termos de um acordo assinado com Kinshasa a 23 de Março de 2009.
Os motins retomaram às armas em Abril contra as forças governamentais.
Kigali desmente, acusando Kinshasa de apoio às Forças Democráticas de Libertação do Rwanda (FDLR), rebelião hutu rwandesa oposta ao governo de Paul Kagame e activa no leste da RDC.
Mais recentemente, o Uganda foi também acusado de apoiar os motins, desta vez pelas ONG congolesas, o que Kampala desmente.
A retomada, na primavera, dos combates no leste da RDC, na província do Kivu-Norte, já forçou cerca de 250.000 pessoas a fugir. Muitos refugiaram-se no Rwanda e no Uganda.