A dois meses do golpe de estado de 12 de Abril, o caminho da democracia é lento e frágil. Sob o controle da CEDEAO, as tropas angolanas deixaram o país, nas últimas semanas, cedendo o lugar a uma força militar da CEDEAO.
Vida decorre dentro de uma certa normalidade, as dificuldades e os problemas quotidianos são muitos, conta Matteo Ghiglione, um cooperante italiano em Bissau. “O novo governo mudou todos os cargos públicos, o que está a criar problemas. A situação política e militar é ainda tensa. Os problemas não estão nada resolvidos”. Há liberdade de movimentos, mas “não são permitidas manifestações”. Grupos de jovens fizeram várias tentativas para se reunirem, para protestarem contra o golpe de estado e os golpistas, “mas os militares intervieram imediatamente para os impedir”.
Os países da comunidade económica da África Ocidental (CEDEAO) enviaram uma missão militar internacional para a Guiné-Bissau. Aquarteladas em vários locais, as tropas estrangeiras queixam-se das péssimas condições. Parece que “não apreciaram os recursos de que dispõem e ainda falta perceber o papel que lhes está destinado”. Quanto aos militares da Guiné Bissau, “é difícil definir uma linha clara”, assim como não se percebe como é que eles “estejam a movimentar-se, até porque no seu interior parece que estejam divididos”.
Por seu lado, a sociedade civil está a movimentar-se. “Há iniciativas de grupos de jovens que começaram a encontrar-se e a organizar encontros de formação entre eles para acompanhar esta fase”. Mas estas movimentações são complicadas, uma vez que existe “a falta de liberdade de expressão”, embora várias “associações de jovens estejam a organizar-se”. Há iniciativas que “merecem ser acompanhadas, sobretudo aquelas que apoiam as escolas, a formação das mulheres”. No meio de uma forte instabilidade política, “o trabalho torna-se ainda mais difícil e corre o risco de se limitar apenas a ajuda e resolução de emergências”. A cooperação terá de “saber superar esta fase e situar-se na lógica do desenvolvimento”.