Há uma campanha antes e depois da entrada de Passos Coelho com estrondo, num comício da AD em Faro, esta segunda-feira. Chamemos-lhes PPC e Dr.PPC.
Não foi o único a fazê-lo à esquerda. Mariana Mortágua, que teve um dia dedicado à precariedade laboral, viu nas declarações de Passos Coelho o mote perfeito para falar sobre os que “exploram”. A líder bloquista colou Passos à "extrema direita" que, diz, "aponta o dedo aos mais frágeis porque quer evitar que olhemos para cima”. Leia aqui a reportagem em Évora da jornalista Cláudia Monarca Almeida.
Paulo Raimundo foi o que o fez com menos intensidade. O comunista aproveitou para dizer que já tinha avisado que o que a direita queria era regressar aos tempos da troika e acabou a comparar os “regressos” em campanha. Para o comunista, mais vale Jerónimo de Sousa (que está bem de saúde, tranquilizou simpatizantes) do que Passos Coelho (pode ler aqui a reportagem em campanha da repórter Margarida Coutinho).
Já Rui Rocha, que fechou o dia antes de Passos falar, preferiu distanciar-se do Chega por outros motivos. Diz que além das questões de dignidade humana, no Chega são “irresponsáveis” e “estatistas”. Mas a marca de água do liberal nesta segunda-feira foram as divergências para com Luís Montenegro, sacudindo a pressão do voto útil à direita. (Pode ler aqui o acompanhamento da jornalista Joana Ascensão).
Luís só quer Rui ; André não é querido por ninguém, mas no despeito de ficar de fora pode baralhar tudo. Pedro diz que se tiver de ser, e se receber tratamento igual, deixa passar Luís, mas só por seis meses, depois logo se vê. Luís não quer dizer se deixa passar Pedro e dali não sai, ou melhor, sai só às vezes.A rábula deste início de campanha não podia ser mais confusa, mas isso não quer dizer que não seja necessária. Em 2022, muitos dos eleitores decidiram o voto em cima da hora e terão feito as suas escolhas, a avaliar pelo que nos dizem estudos pós-eleitorais, não só através de programas ou de traços das personalidades, mas também por questões de governabilidade, leia-se, no caso de 2022, anti-Chega.
O mundo mudou em dois anos, mas a vontade de estabilidade, para que daqui a seis meses não tenhamos de novo de ir às urnas, vai pesar na hora em que o eleitor põe a cruzinha. E por ainda haver dúvidas sobre o que pode acontecer aos votos de cada um e para que maiorias servirão, o assunto ainda não morreu esta segunda-feira (talvez hoje). No debate das rádios teve mais um episódio.
Numa síntese rápida, no debate (pode ler aqui o resumo dos cinco pontos-chave), Pedro Nuno Santos repetiu parte da rábula da última semana e Montenegro repetiu que não quer dizer nada porque só pensa na vitória. E Rui Tavares trouxe mais um dado à equação que é: o que faz a direita democrática se houver uma maioria relativa de esquerda e houver uma moção de rejeição do Chega? Rui Rocha respondeu rapidamente a dizer que ainda antes de Ventura piscar os olhos, já a IL apresenta a sua e Montenegro nada disse. Outra vez.
Contudo, mais tarde, deu mais um nó à já extensa corda de declarações sobre o assunto. “Os Protagonistas”, a dada altura, a meio da conversa com Sebastião Bugalho, deu uma resposta dúbia: “Havendo governo de maioria relativa, vale para quem lá estiver”. O contexto era o de o líder social-democrata explicar como admite governar se ganhar (se tiver maioria absoluta, se conseguir maioria de deputados com a IL e em maioria relativa), e dava como exemplos governos com estabilidade que cumpriram os mandatos, como o de António Guterres, com a aprovação de orçamentos por Marcelo Rebelo de Sousa. Sebastião Bugalho pergunta se é válido para ambos os partidos e a resposta é a de cima. Pode ouvir na SIC Notícias ou mais daqui a pouco na página do Expresso.
Depois de um fim de tarde em que a campanha aqueceu, esta terça-feira será dia para perceber que influência terá Passos Coelho na campanha de Luís Montenegro. O dia será longo, vá passando por expresso para saber as últimas novidades sobre a campanha. |
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