Ainda a digerir os novos equilíbrios de forças que resultaram das legislativas de 10 de março, temos as eleições europeias de 9 de junho já à porta e com polémica a rebentar devido à provável escolha de Rui Moreira para cabeça de lista pela Aliança Democrática (AD).
A provável indicação do presidente da Câmara Municipal do Porto caiu mal junto das estruturas do PSD no Porto e levou inclusivamente um conjunto de 20 autarcas sociais-democratas, onde se inclui o ex-vice da Câmara do Porto, Vladimiro Feliz, a assinar um manifesto contra a hipótese de ter este independente como rosto do PSD. Os promotores do manifesto dizem que esta nomeação é uma “traição aos portuenses, aos militantes, simpatizantes e autarcas eleitos pelo PSD” e deixaria “marcas profundas na confiança que os portuenses têm no PSD”.
Miguel Côrte-Real, líder da bancada municipal do PSD no Porto e um dos assinantes do manifesto, colocava a questão, em declarações ao Expresso, no seguintes termos: “Não há problema com a governança do município. O que estamos a avaliar é que demos a cara como uma alternativa a Rui Moreira por considerar que havia pessoas mais indicadas e não nos revíamos nele. Como é que, menos de três anos depois, vimos dizer que o Rui Moreira é o melhor candidato? É uma questão de coerência”.
Será esta segunda-feira à noite que quer o PSD quer o CDS reunirão os seus conselhos nacionais para avançar com as escolhas. E com a AD a governar sem maioria, tumultos dentro destes partidos – e em especial no PSD – seriam dispensáveis, porque dão sempre armas aos adversários.
Esse domingo Rui Moreira não escondeu o seu apreço pelas causas europeias. O projeto europeu “é um projeto que me atrai”, disse o autarca, que considera que os seus projetos para o Porto estão quase todos “concretizados” e que por isso esta seria uma boa hora para sair.
Não é a primeira vez nem será certamente a última que as escolhas de figuras independentes para lugares de destaque em eleições esbarram contra as estruturas partidárias. A questão é se haverá um nome mais forte para levar o PSD – e o CDS – a uma vitória expressiva nas europeias, capaz de mostrar que os dois partidos continuam numa dinâmica de vitória. Apesar de serem eleições diferentes, haverá sempre leituras a fazer dos seus resultados. Se a AD tiver um mau resultado, será porque os portugueses já estão descontentes com o Governo? E o contrário, um bom resultado quer dizer que os portugueses gostam da governação que têm apesar dos poucos dias que ela ainda leva?
Nestes novos tempos, a estratégia de tentar esvaziar o Chega é evidente: apesar de o nome do partido ou do seu líder, André Ventura, nunca ter sido referido pelos líderes do CDS no 31º congresso do partido que se realizou este fim de semana, foi mais uma vez claro que são o adversário preferencialdo CDS para tentar reganhar terreno e votos. No discurso final de Nuno Melo, o líder do CDS pediu aos portugueses que “não se deixem enganar” nas eleições europeias, onde vão ter de escolher “entre a tolerância e os extremismos”.
“Nas próximas eleições europeias a opção nas urnas será entre a tolerância e os extremismos, entre os que se reveem nas lideranças de Helmut Kohl, Margaret Tatcher ou Carl Bildt e os novos adoradores de Putin ou de Lukatchenko”, disse Nuno Melo.
Anunciou também a formação de uma “comissão para as comemorações nacionais dos 50 anos do 25 de novembro, plural e justa, com militares e civis”, no que está concertado com o PSD. É um tema caro à direita com que os dois partidos contam claramente capitalizar votos.
OUTROS ASSUNTOS Diplomacia: O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, visita a China esta semana, e na agenda tem os temas do Médio Oriente e da Ucrânia, bem como as relações entre Washington e Pequim. Energia A Galp, que ontem completa 25 anos, anunciou no domingo a conclusão, com sucesso, da primeira etapa da exploração de petróleo na Namíbia, indicando que potencialmente está perante uma “importante descoberta comercial”. E as ações da empresa abriram a sessão de bolsa desta segunda-feira com um disparo de 18%. Clima Segunda-feira é o Dia Mundial da Terra. O relatório sobre o estado do clima na Europa, divulgado segunda-feira, nota que 2023 teve um recorde de dias com “stress térmico extremo”. Também ontem arranca o julgamento de 11 ativistas pelo clima que bloquearam o Viaduto Duarte Pacheco, em Lisboa. Montenegro O primeiro-ministro deslocou-se a Cabo Verde. Mas recusou falar de justiça e da situação na Madeira, temas que só abordará quando regressar a Portugal. Eis o que marcou a passagem de dois dias de Luís Montenegro pelo país africano. |
FRASES “Passos Coelho achava que a troika era um bem virtuoso, eu achava um mal necessário” - Paulo Portas, comentador político “Estamos muito empenhados em conseguir encontrar pontos de acordo, por isso não temos um limite a priori” - Ana Paula Martins, ministra da Saúde, sobre negociações com sindicatos “A decisão do Tribunal da Relação é um arraso ao Ministério Público” - Ana Gomes, antiga eurodeputada. |