“Acima de 6/10” foi como Boris Johnson classificou ontem o resultado da COP26 durante a conferência de imprensa de final de evento em Glasgow. As graças (e desgraças) alternaram-se enquanto o primeiro-ministro britânico e o presidente da Conferência do Clima das Nações Unidas, Alok Sharma, prestavam declarações tentando dourar a pílula de a Índia ter alterado à última da hora o texto do acordo sobre o abandono da utilização de carvão. Boris disse que “a COP26 marcou o início do fim do carvão” citando a declaração da Greenpeace*. Johnson e Sharma amortizaram a crítica à Índia frisando o compromisso do país em alcançar 50% de energias renováveis em 2030.
"É escusado. Não posso ter outro partido senão da liberdade" Miguel Torga "Há uma disciplina que faz hoje maior falta: é a cultura geral" Diogo Freitas do Amaral " Se a politica é a arte do possível, então cabe os lideres políticos, a tarefa de tornar o possível a realidade" Kofi Annan " O importante não é nunca cairmos, é sermos sempre capazes de nos levantar por muitas vezes que nos derrubem" Nélson Mandela
segunda-feira, 15 de novembro de 2021
Onde ficou o 1,5º C?
O “poder da exigência das pessoas” está a ficar de tal maneira importante que daqui a poucos anos será inaceitável haver energia alimentada a carvão, disse Johnson ao mesmo tempos que Sharma resumia: “São inéditos históricos”. “Um pacto imperfeito, mas o único possível”.
Jennifer Morgan, diretora-executiva da Greenpeace International reagiu assim ao acordo: “É brando, é fraco e a meta dos 1,5º C está apenas viva, mas enviou-se um sinal de que a era do carvão está a acabar. E isso importa”*.
Depois de duas semanas de trabalhos, os 190 países chegaram a um acordo cujos defensores classificam como capaz de manter a meta de limitar o aquecimento global a 1,5º C relativamente à era pré-industrial, o limiar de segurança traçado no Acordo de Paris em 2015. As negociações dos governos alinharam um cocktail de abandono do uso do carvão, corte das emissões de gases com efeito de estufa e financiamento dos países mais pobres. Só as vítimas que já existem das alterações climáticas, na sua maioria pobres e sem alternativas, a quem é devida compensação pelas “perdas e danos” ficaram a ver navios, ainda que ficasse claro que não há como escapar disto no futuro.
O “pacto do clima de Glasgow” foi adotado apesar da intervenção de última hora da Índia que substituiu “abandono” por “redução” do uso de carvão. Entre “fazer história” e a fúria por desilusão absoluta para muitos ambientalistas presentes na cidade escocesa, o que os países participantes acordaram foi voltar à mesa das negociações no próximo ano. Na conferência a realizar no Egito, “vão re-examinar os planos nacionais com vista a aumentar a ambição nos cortes”.
Um passinho para resolver uma questão gigantesca, como resume a Vox. Aqui uma opinião que defende um resultado de meio copo cheio.
O secretário-geral da ONU insistiu na urgência: “O nosso planeta frágil está por um fio. Ainda estamos a bater à porta da catástrofe climática. É tempo de entrarmos em modo de emergência - ou a nossa hipótese de alcançar zero [emissões] será zero”, disse António Guterres.
Há duas semanas, a ativista sueca Greta Thunberg resumiu o sentimento das gerações mais novas relativamente ao discurso político: “Bla bla bla”.
OUTRAS NOTÍCIAS
Hoje é dia de cimeira virtual entre Joe Biden e Xi Jinping. Segue-se a um telefonema entre os líderes das maiores economias em competição, Estados Unidos e China, que aconteceu em 9 de setembro. Pontos prováveis da agenda: tensões comerciais e militares, alterações climáticas, Taiwan e direitos humanos?
Três homens foram presos no âmbito da legislação anti-terrorismo após uma explosão num taxi à porta do Hospital das Mulheres de Liverpool, Reino Unido, que matou o passageiro. Os homens, de 29, 26 e 21 anos, foram detidos na área da Kesington daquela cidade e presos de acordo com a Lei do Terrorismo, declarou a polícia.
Volta Kabila! A fraude eleitoral pode ainda não ter acontecido, mas os eleitores da República Democrática do Congo já saíram à rua a exigir a despolitização da Comissão Nacional Eleitoral em protesto contra a nomeação, pelo Presidente Felix Tshisekedi, de um amigo seu para a direção daquela instituição. Tolerância zero às interferências nas eleições: “Dizemos NÃO à fraude eleitoral!”.
1185 pessoas atravessaram o Canal da Mancha num só dia em 33 pequenos barcos, confirmou o Home Office. As autoridades francesas completaram a informação dizendo que tinham impedido 99 outros barcos de alcançar o Reino Unido. Até esta data, 22 mil pessoas atravessaram o estreito este ano, duas vezes mais do que em 2020. Tensão migratória na fronteira da Bielorrússia com a Polónia não abranda.
Confinamento. Todos os não vacinados contra a covid-19 ou não recuperados da doença na Áustria estão sujeitos a confinamento a partir de hoje. A subida do número de casos é a justificação. A Holanda regressa também ao confinamento apesar de ter 80% da população vacinada. Alemanha idem. Confira a série de medidas que já estão a avançar para conter a covid-19.
15. Foi o número de mortes por covid-19 em Portugal no domingo, o mais alto desde 26 agosto. Houve 465 internamentos.
“Uma pandemia misturada com uma crise política e económica não é caso inédito em Portugal”. Nem sempre a crise política prejudica a economia.
“Atraso na entrega de carros novos faz subir o preço dos usados em 20%”, escreve o Publico em manchete: escassez de semicondutores obriga fabricantes a reduzir a produção; “Se tiver vergonha demite-se”, escreve o jornal i referindo os negócios agrícolas de Inês Sousa Real, porta-voz do PAN; “Eleições diretas no PSD: quotas em atraso na Madeira arriscam-se a ser decisivas no duelo entre Rio e Rangel”, escreve hoje o DN na primeira página; “Divórcios e escrituras por videoconferência afinal não avançam”, esclarece o JN.
Portugal-Sérvia, “péssimo jogo”. Portugal falha acesso direto ao Mundial 2022 (capa do público de hoje), um “banho gelado na Luz”.
FRASES
“Poderia ter sido pior, mas os nossos líderes falharam-nos na COP26. É esta a verdade”, John Vidal, Editor de Ambiente no jornal “The Guardian”
“Nas cidades nós somos os fazedores em contraste com os governos nacionais que só atrasam, dando pontapés na lata para 2040 e 2050”, Sadik Kahn, Presidente da câmara de Londres e líder do C40, um grupo das maiores 97 cidades representando 700 milhões de habitantes e 1/4 da economia global
“A situação [da covid-19] ´é grave. Não tomamos esta medida de ânimo leve, mas infelizmente ela é necessária”, Alexander Shallenberg, Chanceler da Áustria referindo-se ao confinamento a partir desta segunda-feira
“Um que fosse já era grave”, D. Américo Aguiar, o bispo auxiliar de Lisboa referia ao Sapo 24 o desconhecimento do número de casos de abuso na Igreja portuguesa