Washington – Os Estados Unidos anunciaram novos investimentos em África no valor de 33 mil milhões de dólares, reflexo da tentativa de Washington de demonstrar disponibilidade para assumir um forte papel no desenvolvimento económico do continente africano.
O Presidente norte-americano, Barack Obama, apresentou ainda aos 45 chefes de Estado e de Governo africanos, reunidos na capital dos Estados Unidos para uma histórica cimeira EUA-África de três dias, os projectos que valem 33 mil milhões de dólares.
Na segunda-feira, primeiro dia do encontro, as autoridades norte-americanas “ralharam” aos seus convidados em matéria de reformas democráticas e direitos civis.
Mas agora, Obama e os magnatas do comércio e indústria vão tentar convencer os seus interlocutores de que os Estados Unidos estão tão determinados em participar na história do crescimento de África como a China ou a Europa.
“Com uma população jovem e dinâmica e um sector privado florescente, África é já um mercado vital para os investidores estrangeiros. E é por isso que aqui estamos hoje”, disse o secretário do Tesouro norte-americano, Jacob Lew, aos líderes políticos e empresariais.
“Queremos levar mais investimento norte-americano para África, aumentar o comércio entre África e os Estados Unidos e estimular a criação de emprego tanto aqui como em África”, sublinhou.
Centenas de empresários norte-americanos e africanos juntaram-se aos líderes políticos em fóruns, incluindo os executivos de topo da General Electric, Coca-Cola e Walmart, bem como multimilionários africanos, como o rei nigeriano das infra-estruturas, Aliko Dangote, o magnata das telecomunicações Mo Ibrahim e Ashish Thakkar, o jovem fundador do grupo de Tecnologia Mara.
Mas, à exceção de algumas companhias de topo, as empresas norte-americanas enfrentam críticas de que são menos conhecedoras e mais receosas de correr riscos no continente do que as suas rivais europeias ou asiáticas.
Os Estados Unidos continuam a ser a maior fonte de investimento, mas a maior parte dele centra-se no setor do petróleo e do gás.
Entretanto, a China e a Europa construíram posições mais sólidas nas infra-estruturas, na indústria e no comércio, sendo o comércio da China com África mais do dobro do que o dos Estados Unidos.
As empresas norte-americanas “ainda pensam em África como há uma década… ao passo que as coisas mudaram dramaticamente. África tem crescido em média cerca de 5,5 por cento na última década”, disse Dangote, o homem mais rico do continente africano, cuja fortuna está estimada em mais de 20 mil milhões de dólares (cerca de 15 mil milhões de euros).
“Há muita perceção dos riscos. As pessoas apenas falam sobre os riscos. Mas a maioria daqueles que se apercebem dos riscos não conhecem a história. Não estiveram realmente lá”, prosseguiu o multimilionário nigeriano.
A secretária do Comércio norte-americana, Penny Pritzker, afirmou que Washington vai aumentar esforços para estabelecer laços comerciais, com mais ajuda do Governo ao financiamento e mais missões comerciais em ambos os sentidos.
“O tempo de fazer negócios em África já não está a cinco anos de distância. O tempo para fazer negócios é agora”, frisou.
Pritzker defendeu que aumentar o comércio e o investimento em África será positivo para ambas as partes, ajudando os países africanos a desenvolver-se e criando emprego nos Estados Unidos.
“À medida que a classe média africana continua a expandir-se, esperamos ver os números das nossas exportações aumentar”, declarou a responsável.
A cimeira foi parcialmente ensombrada pela rápida propagação do mortífero vírus Ébola na África Ocidental, com dois cidadãos norte-americanos transportados para os Estados Unidos para tratamento, e um primeiro caso diagnosticado na Arábia Saudita.
Depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter divulgado que o número de mortos está próximo dos 900, o Banco Mundial anunciou a disponibilização de 200 milhões de dólares (cerca de 150 milhões de euros) em ajuda de emergência à Guiné-Conacri, à Libéria e à Serra Leoa para conter a epidemia.