segunda-feira, 28 de julho de 2014

África Sub-Sahariana: Conjuntura externa e Perspectivas Económicas da Região

África Sub-Sahariana-De acordo com o relatório World Economic Outlook de Abril,
a actividade económica global tem vindo a melhorar progressivamente esperando-se que o crescimento acelere ligeiramente em 2014-15, sobretudo impulsionado pela performance das economias avançadas. Nessa altura, o FMI antecipava que o crescimento global acelerasse de 3% em 2013 para 3.6% e 3.9% em 2014 e 2015 respectivamente, acompanhando a aceleração do crescimento da economia americana e a manutenção de um crescimento robusto por parte das economias emergentes. Este cenário deverá provavelmente vir a ser revisto em baixa, de acordo com indicações da própria instituição, reflectindo informações mais recentes, designadamente relacionadas com o comportamento pior que o antecipado da economia do Estados Unidos, desaceleração da China e desenvolvimentos desfavoráveis noutras economias emergentes (Brasil, por exemplo).
 
O pior desempenho da economia global em 2014 deverá estar relacionado com factores temporários e específicos, relacionados, por exemplo, com condições climatéricas muito adversas nos primeiros meses do ano nos EUA, antecipando- se que a dinâmica de expansão se fortaleça ao longo do segundo semestre. Todavia, continuam a existir alguns riscos de deterioração deste cenário, nomeadamente relacionados com a possibilidade de a inflação ficar aquém das expectativas nas economias avançadas e com a volatilidade nos mercados financeiros das economias emergentes resultante da retirada dos estímulos de política monetária.
 
O cenário macroeconómico para Angola está em consonância com a média regional, com o FMI a projectar um crescimento de 5.3% em 2014 e em 5.5% em 2015. O processo de desinflação deverá também continuar, estimando-se que a taxa de inflação anual caia para 7.7% em 2014 enquanto o excedente da balança corrente tenderá a diminuir. Apesar das fortes relações comerciais com a China, os riscos relativamente ao sector externo parecem não ser elevados já que se espera que a procura por petróleo por parte da China se mantenha relativamente elevada (as ligações entre os dois países são bastante evidentes – Angola exporta cerca de metade do petróleo produzido para a China, e representa o seu maior fornecedor de petróleo). Por outro lado, a actividade económica deve continuar extremamente vulnerável à volatilidade nos preços do petróleo.
 
Paralelamente, aproveitando este período de crescimento económico robusto no médio prazo, o principal desafio das economias da África Subsaariana incidirá sobre a sua capacidade de assegurar que o crescimento se torna inclusivo e sustentável. Tal como foi reconhecido neste estudo, face à melhoria das políticas macroeconómicas e à estabilidade política, muitos destes países conseguiram melhorias substanciais em termos de desenvolvimento humano (apesar de alguns destes países não terem sido capazes de atingir as metas definidas pelos objectivos de Desenvolvimento do Milénio para 2015). Por exemplo, Angola foi um dos países que mais se destacou por ter alcançado melhorias notáveis em termos de desenvolvimento humano comparando com outros países da África Subsaariana (o IDH de Angola avançou de 0.375 em 2000 para 0.508 em 2012, permitindo-lhe subir da posição 22 para 13 entre 37 países da região Subsaariana), apesar destas melhorias ainda esconderem elevadas desigualdades entre a população. Como resultado, de forma a colocar estas economias numa trajectória de desenvolvimento sustentável, estes países deveriam aproveitar esta fase de rápido crescimento para se debruçarem sobre a implementação de mudanças estruturais, tais como a melhoria da eficiência das despesas públicas e a implementação de reformas com vista à diversificação da actividade económica e ao desenvolvimento do capital humano.