segunda-feira, 2 de junho de 2014

TÍTULOS DE DÍVIDA DOS EUA, EUROPA E JAPÃO EM BAIXA DE BOLSAS INSTÁVEIS

TÍTULOS DE DÍVIDA-Bolsas instáveis e o baixo rendimento dos títulos de dívida nos Estados Unidos, Europa e Japão estão a gerar novos fluxos de dinheiro dos investidores para países em desenvolvimento, Brasil, África do Sul, que tiveram grandes perdas no fim de 2013. O rendimento de títulos soberanos dos EUA e da Alemanha atingiram novos mínimos no ano, refletindo os sinais mais recentes de desaceleração nas principais economias do Ocidente.

De acordo com matéria do Wall Street Jornal, muitos investidores estão se concentrando em países como Índia e Indonésia, onde o crescimento está saudável, reformas econômicas estão começando e líderes pró-mercado estão assumindo o poder. Na Tailândia, um dos países com melhor desempenho na Ásia este ano, um golpe militar na semana passada quase não abalou os investidores.

A velocidade com que os investidores parecem ter esquecido as perdas de até 30% que amargaram em alguns mercados tem sido surpreendente. O dinheiro está voltando a fluir nos mercados emergentes ao ritmo mais rápido em mais de um ano.

Os fundos de investimento e os negociados em bolsa que são focados nos mercados emergentes agregaram um total líquido de US$ 13,2 bilhões em Abril e Maio, segundo dados da EPFR Global compilados até segunda-feira. Essa é a maior alta bimestral desde Fevereiro e Março de 2013 e ocorre após dez meses seguidos de saída líquida de recursos.

Alguns dos mercados com melhor desempenho este ano pertencem ao grupo chamado de os "cinco frágeis", que ao longo de 2013 foram considerados especialmente vulneráveis ao fim dos programas de estímulo de bancos centrais. As bolsas da Índia já registram alta de 16% este ano, resultado, em grande parte, da esperança de que a eleição do primeiro-ministro reformista Narendra Modi traga mudanças. Na Indonésia, a alta chega a 17% e, no Brasil, o Ibovespa subiu mais de 16% em pouco mais de dois meses. As bolsas da Rússia recuperaram 14% nos últimos 30 dias e recuaram apenas 3,2% desde o agravamento das tensões na Ucrânia, em fevereiro.

Na sexta-feira, o índice de ações de mercados emergentes MSCI atingiu seu nível mais alto desde outubro. Ele já subiu 3% este ano, comparado com um ganho de 2,8% do índice global da MSCI.

Os investidores também abocanharam títulos de dívida de alto risco depois que as taxas de juros nos mercados desenvolvidos caíram inesperadamente este ano devido à estagnação econômica. O índice do banco Barclays de títulos de dívida em dólar de países emergentes já teve retorno de 6% este ano, contra 2,6% das notas do Tesouro americano.

A busca por lucro elevou os preços dos títulos americanos de alto risco e derrubou o rendimento deles para 5,03% ao ano (o rendimento cai quando o preço sobe e vice-versa), próximo do menor nível já registrado. O título de dez anos do Brasil, por exemplo, rende atualmente 12,4% ao ano. O da África do Sul, 8,1%.

Os países emergentes têm sido eficientes em satisfazer a procura do investidor ao continuar colocando títulos no mercado. Seus governos já emitiram US$ 63 bilhões em dívida, se aproximando do recorde anterior, de 2012, segundo a Dealogic.

A migração para moedas, ações e títulos de países emergentes marca uma reversão do fluxo de saída de US$ 60 bilhões registrado no início de 2014, consequência do aumento da tensão política na Turquia e o receio de que alguns países se tornassem dependentes do rio de dinheiro gerado pelos estímulos de bancos centrais.

O fraco crescimento nos EUA e Europa tornou claro que o estímulo — que impulsionou o preço de activos ao redor do mundo — não será reduzido rapidamente. E o crescimento está estagnado na maioria dos emergentes. O Fundo Monetário Internacional estima que as economias em desenvolvimento cresçam, em grupo, 4,9% em 2014, anti um avanço de 2,2% das economias avançadas.