UE/EUA-Falando numa conferência sobre o Dia da Europa, na Ribeira Grande, nos Açores, Freitas do Amaral sublinhou que ao contrário dos EUA, a Europa não consegue sair da crise e a economia "marca passo" há mais de cinco anos.
"A economia europeia marca passo por causa da crise económica que começou em 2007? A meu ver não, isso foi uma agravante", afirmou, acrescentando que "a grande crise" se explica com a abolição de taxas aduaneiras para produtos importados de países como a China sem que os produtos europeus entrem livremente no mercado chinês.
"Mas o que eu prevejo é que a Europa vai abrir de par em par as suas portas a todos os produtos americanos e a América vai exigir exceções e não vai querer concorrência na agricultura, nos automóveis, na indústria aeronáutica, na indústria da defesa, etc., etc.", afirmou.
Freitas do Amaral diz que "com a fraqueza das lideranças europeias", o mais provável é que daqui a uns meses o presidente da Comissão, Durão Barroso, ou o seu sucessor assine "muito satisfeito" um acordo com os EUA "que será fatal para a economia europeia", porque no dia em que produtos americanos, chineses, russos ou indianos "entrarem todos livremente na Europa sem pagarem qualquer taxa alfandegária" e os europeus não puderem exportar nos mesmos termos, "a Europa afunda-se economicamente".
"Pode haver crises da moeda ou das dívidas soberanas, mais isso são sinais, é como ter febre, a febre não é a doença, é um sinal da doença", afirmou, durante uma conferência organizada pelo Núcleo de Estudos Europeus da Universidade dos Açores.
Freitas do Amaral, que não quis falar sobre a situação portuguesa, disse ainda esperar que as eleições europeias deste mês funcionem como um "cartão amarelo" que leve a mudanças radicais no projeto europeu que evitem o seu declínio e até a sua extinção.
Prevendo os bons resultados de movimentos extremistas de direita e esquerda nas eleições, disse esperar que logo a seguir os líderes europeus tomem dois conjuntos de medidas importantes, sendo o primeiro, precisamente, a proteção da economia em relação a outros espaços comerciais através do estabelecimento de algumas "barreiras aduaneiras".
Depois, considerou ser necessário "democratizar a Europa", tomando a decisão de cumprir efetivamente o que está nos tratados, ou seja, que o projeto europeu "assenta na igualdade dos Estados".
"Acabar com a liderança alemã ou franco-alemã e praticar de facto a política de concertação entre diferentes países", afirmou, defendendo que quando estes dois problemas forem resolvidos, poderá haver efetiva solidariedade entre os países europeus e ajuda aos que têm dificuldades.