África do Sul Pós-Mandela--No momento em que se despede de Mandela, a África do Sul ingressa em um período de perigosa incerteza política.
Enquanto os sul-africanos ficam horas na fila para velar Nelson Mandela, os bastidores políticos estão agitados. A partir desta segunda-feira, depois de terminar o funeral, uma nova era vai começar. Uma era incerta.
No próximo ano haverá eleições presidenciais na África do Sul. A primeira sem a presença e sem a influência de Mandela. Por isso, o ANC, partido que está no poder desde o fim do apartheid, terá uma guerra interna pelo legado político do herói do país
O ANC - Congresso Nacional Africano - se mistura com a luta contra a segregação racial. Muitos que homenagearam Mandela na semana passada usavam as cores e símbolos do partido.
O actual governo, do presidente Jacob Zuma, enfrenta uma queda de popularidade jamais vista. Com denúncias de corrupção, Zuma sofreu a humilhação de ser vaiado na cerimônia de terça-feira, no Soccer City.
Zuma dificilmente vai continuar no poder. Há pelo menos seis políticos de olho no seu cargo dentro do ANC. Um deles, o ex-presidente Thabo Mbeki, que substituiu Mandela em 1999.
Também há uma nova força política no cenário. Julius Malema, que foi expulso do ANC, criou o Partido dos Combatentes da Liberdade Econômica. Malema tem um discurso populista, radical e racista contra a minoria branca. Ele apareceu em frente à casa de Mandela e se coloca como herdeiro de Madiba.
Duas décadas depois do fim da política de segregação racial, a África do Sul tem graves problemas sociais. O maior deles é o desemprego, em torno de 25%. Não é possível mais botar a culpa no governo dos opressores do apartheid.
A população começa a perceber isso e também que não haverá mais um Mandela. Terão que se conformar com a liderança de políticos normais e com um ano de incertezas.