segunda-feira, 25 de novembro de 2013

República Centro-Africana Tem Quase 6 Mil crianças-soldado, diz ONU

Um soldado fala com diversas crianças que combateram mas foram liberadas por diversos grupos armados.
Um soldado fala com diversas crianças que combateram mas foram liberadas por diversos grupos armados
 
República Centro-Africana-Cerca de 6 mil crianças participam de milícias que estão em combates na República Centro-Africana, revelou sexta-feira, em Genebra, um alto responsável da ONU, denunciando a espiral de violência no país.
 
"Grosso modo, falamos hoje de 5 mil a 6 mil crianças, o que representa quase o dobro de nossa estimativa anterior", que era de 3.500 crianças, afirmou Souleymane Diabate, representante do UNICEF na República Centro-Africana.

A Agência das Nações Unidas para a infância denuncia regularmente a participação de crianças no interior de grupos armados que participam de uma verdadeira guerra civil em um dos países mais pobres do continente africano.

A República Centro-Africana vive no caos depois de um golpe de estado no último mês de Março, liderado pela coalizão rebelde Seleka, composta por uma minoria muçulmana, que destituiu o presidente François Bozizé. Um dos líderes da Seleka, Michel Djotodia, se auto-proclamou presidente e aceitou organizar eleições no ano que vem.

Sexta-feira, Michel Djotodia anunciou que um toque de recolher pode voltar a ser instaurado na capital Bangui, palco de uma explosão de violência.

Situação grave

A população do país é composta por 80% de cristãos e de uma minoria muçulmana. A República Centro-Africana convive desde então com os confrontos entre as duas comunidades religiosas, de grupos de “auto-defesa” contra os ex-rebeldes do Seleka.

“A situação que nós vivemos na República Centro-Africana é muito, muito grave”, insistiu Diabate que fez um apelo para uma mobilização da comunidade internacional para por fim à guerra civil.

Apesar de ser um dos países mais pobres do planeta, a República Centro-Africana tem imensas reservas de ouro, diamante e urânio no subsolo, mas atravessa uma grande crise humanitária.

Segundo a ONU, cerca de 4,6 milhões de pessoas são afetadas pela crise. A metade da população é composta por menores de 18 anos. Países africanos já enviaram 2.500 soldados ao país, e esse contingente deve ser reforçado até atingir 4.500 homens.

Mesmo assim, especialistas consideram que é insuficiente para pôr fim ao conflito e que as Nações Unidas deveriam enviar os “capacetes azuis” para tirar a República Centro-Africana do caos.

Quinta-feira passada, o chanceler francês Laurent Fabius alertou que o país está “à beira de um genocídio”.