Lisboa - O antigo director-geral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Hélder Vaz, indicou quarta-feira à Lusa que vai candidatar-se à presidência da Guiné-Bissau e promete fazer "tudo diferente" para que o país se possa tornar na "Suíça de África".
"Acredito numa Guiné-Bissau positiva, com a excelência dos seus recursos humanos e recursos naturais ainda por explorar", disse Hélder Vaz à agência Lusa.
Neste sentido, o responsável disse acreditar que a Guiné-Bissau pode "vir a tornar-se na 'Suíça de África', afirmar-se pela diferença e ser um país especial. Tudo depende dos seus filhos".
Hélder Vaz referiu que a sua candidatura é "supra-partidária" e quando questionado sobre o que pode fazer pelo seu país, disse: Vou fazer tudo diferente".
"A minha vida é o espelho daquilo que posso fazer de diferente", disse, explicando que a diferença é que não pretende "ir buscar votos às etnias", mas sim juntá-las em torno da sua candidatura por acreditar que representa "a pluralidade dos guineenses".
"Temos de nos reconciliar enquanto povo, de ter a capacidade de perdoar os infractores para que vitimas e perpetradores possam reconciliar-se na sua humanidade e acabem com os sentimentos de vingança. Temos de ser capazes de trabalhar em conjunto, de desenvolver um plano colectivo que some vontades e atenue as diferenças", escreveu o candidato na "1ª Mensagem aos Guineenses e Amigos da Guiné-Bissau", que serviu para lançar a sua candidatura.
Hélder Vaz, de 54 anos, disse que é apoiado por "um conjunto de personalidades que pretendem mudar a Guiné-Bissau" e justifica assim a escolha do nome da candidatura: Aliança Patriótica para a Salvação da Guiné-Bissau.
O candidato defendeu ainda que "chegou a altura de o poder político assumir o seu papel e da estrutura militar assumir o seu", considerando que "o papel dos militares é defender a Pátria das agressões externas".
"Precisamos de dignificar a vida dos antigos combatentes e dar condições aos militares no activo e na reserva para prosseguirem a sua vida com dignidade social e com oportunidades económicas para que possam ter escolha nas suas opções de vida e de futuro", disse, defendendo que os militares devem ser isentos "de influências e manipulações políticas".
A Guiné-Bissau tem um historial de vários golpes de Estado nos últimos anos, tendo o último, a 12 de Abril de 2012, afastado do poder o então primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, que também anunciou na terça-feira à Lusa a sua intenção de concorrer à presidência.
Assumindo-se como "o rosto daqueles que acreditam no projecto político de Amílcar Cabral", de quem disse ser um "humilde e modesto continuador", Hélder Vaz estabeleceu como prioridade para o país a educação.
No entanto, pretende também, com a ajuda dos parceiros da Guiné-Bissau, "criar uma estratégia nacional de combate ao crime organizado, nomeadamente ao crime transnacional, movendo um combate cerrado e sem tréguas ao narcotráfico".
A candidatura de Hélder Vaz às presidenciais de 24 de Novembro próximo é a quarta a ser conhecida, depois de Carlos Gomes Júnior e Tcherno Djaló, antigo ministro da Educação da Guiné-Bissau. Nascido em Bissau, licenciado em filosofia e mestre em administração e gestão pública, Hélder Vaz foi deputado no parlamento da Guiné-Bissau (1994 -2004) e ministro da Economia e do Desenvolvimento Regional (2000-2001) no primeiro Governo de Coligação, constituído no seguimento da crise político-militar na Guiné-Bissau.
Entre 1999 e 2004 foi presidente da RGB-MB (Resistência da Guiné-Bissau - Movimento Bafatá), tendo sido Secretário-Geral do mesmo partido entre 1991-1996.
Após a extinção do RGB e uma derrota nas eleições legislativas de 2004, às quais se candidatou numa grande coligação de partidos da oposição, Hélder Vaz abandonou a política activa e regressou a Portugal.
De 2004 a 2007 esteve ligado à UCCLA (União das Cidades Capitais Luso-Afro-Américo-Asiáticas) e, antes disso, fora consultor de várias entidades, nomeadamente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, da USAID, do TIPS (Trade and Investment Project Support) e do Grupo Águas de Portugal.
Assumiu o cargo de primeiro director-geral da CPLP a 31 de Janeiro de 2008, em que se manteve até ao último dia 18. Fonte: Angop África