Guiné-Bissau-"A Guiné-Bissau podia ser uma boa porta de entrada para o mercado da região", na África Ocidental, no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), "e não se deve desperdiçar isso porque estamos a perder oportunidades", referiu o governante, em entrevista à agência Lusa.
Rui Barros considera que a cultura e a língua também deveriam merecer maior atenção por parte da CPLP, perante a francofonia crescente. "Qualquer dia, aqui, a língua portuguesa desaparece", referiu, assinalando o facto de muitos quadros guineenses decidirem estudar em países francófonos fronteiriços. "A CPLP está a preocupar-se mais com política do que com questões linguísticas e culturais", acrescentou.
Rui Duarte de Barros destacou que existem na zona "370 milhões de potenciais consumidores", um mercado que "Portugal não está a aproveitar".
Em contrapartida, apontou como bom exemplo os investimentos do Brasil, em países vizinhos, na área do biodiesel. "O Brasil está a investir e a ocupar mercado", sublinhou, ao passo que "Portugal não consegue fazer isso".
Para o primeiro-ministro guineense, falta uma presença portuguesa que aproveite as relações ancestrais com a ex-colónia. Na sequência do golpe de Estado de Abril de 2012 a CPLP e a Guiné-Bissau entraram em rota de colisão e as autoridades de transição guineenses admitiram mesmo, na altura, a saída da organização.
Com o desanuviar da tensão, o Conselho de Ministros da CPLP anunciou na última semana que vai designar um representante permanente na Guiné-Bissau para acompanhar a situação socio-política no país.
Na opinião de Rui Barros, a comunidade "não pode ficar à margem dos problemas da Guiné-Bissau e, é bom estar no terreno para poder compreender e julgar melhor".
Ainda no âmbito da política externa, Rui Barros espera que o recente episódio da detenção de dois polícias cabo-verdianos na Guiné-Bissau possa ser resolvido sem problemas entre os dois países.
Dois agentes foram impedidos de sair do país depois de uma missão de escolta de uma cidadã da Guiné-Bissau a quem fora aplicada uma pena acessória de expulsão de Cabo Verde. Para Rui Barros, houve normas de extradição que não foram cumpridas.
"Infelizmente são os nossos irmãos que estão a fazer isso e é muito mau porque pode criar mais problemas entre os dois países e não queremos que isso aconteça", acrescentou.
"As pessoas foram entregues à justiça e o assunto não está na alçada do governo neste momento", concluiu.
Os dois polícias vão ser acusados de crime contra a segurança interna e externa do Estado guineense e deverão ser julgados, por isso, pelo tribunal militar, disse na terça-feira passada à Lusa uma fonte judicial. Fonte: Notícias ao minuto