Etiópia-A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, anunciou em Adis Abeba o perdão de US$ 900 milhões (R$ 1,8 trilhão) das dívidas de 12 países africanos. A declaração foi feita durante a cerimônia de comemoração do Jubileu de Ouro da União Africana que acontece sábado na capital da Etiópia.
De acordo com a Presidência da República, a medida é uma prova da importância que o Brasil dá ao continente africano. “Ter relações especiais com a África é estratégico para a política externa brasileira”. Os dois principais beneficiados pelo perdão são o Congo (Brazzaville) que havia uma dívida de US$ 352 milhões (R$ 721 milhões) e a Tanzânia, US$ 237 milhões (R$ 485 milhões). Na lista, estão ainda a Costa do Marfim, o Gabão, a Guiné Conacry e a República Democrática do Congo. São Tomé e Príncipe e Guiné Bissau, países que também têm o português como idioma oficial, fecham a lista.
Thomas Traumann, porta-voz da Presidência, explicou que o gesto tem como objetivo estreitar os laços do Brasil com seus parceiros africanos. Ele lembrou ainda que a África tem uma das taxas de crescimento mais elevadas do mundo. De acordo com o Itamaraty, as trocas comerciais entre o Brasil e as economias africanas atingiram US$ 25 bilhões (R$ 51 bilhões) no ano passado.
Durante a visita à Etiópia, Dilma Rousseff também assinou acordos bilaterais nas áreas de cooperação tecnológica, científica e de agricultura com o país. Essa foi a terceira viagem da presidente brasileira ao continente africano em três meses.
Ontem, em encontro bilateral com o presidente etíope, Dilma insistiu na relevância das trocas com a África e defendeu uma cooperação “não opressiva” com a África. “O Brasil quer não só estabelecer relações comerciais, investir aqui, vender para o país, mas o Brasil quer também uma cooperação no padrão Sul-Sul. O que é o padrão Sul-Sul de cooperação? É uma cooperação que não seja opressiva, que seja baseada em vantagens mútuas e valores compartilhados, basicamente isso”, afirmou.
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, que é um dos convidados especiais além do presidente francês, François Hollande, do secretário-geral da ONU, Ban-ki Moon e da presidente do Brasil, também disse que os Estados Unidos precisam investir na região. “A África está mudando profundamente e convidando diversos países como a Rússia, a China, o Brasil e o Japão a investir e aproveitar as oportunidades econômicas. Os Estados Unidos ficaram para trás, mas vamos mudar isso”, declarou Kerry.
Sábado, a presidente Dilma Rousseff também se encontrou com os presidentes da República do Congo, Denis Sassou-Nguesso; do Quênia, Uhuru Kenyatta; do Gabão, Ali Bongo Ondimba; e da Guiné, Alpha Conde. Ela embarca para Brasília no próprio sabado à noite (hora local).