sexta-feira, 22 de março de 2013

Sarkozy Acusado por Abuso de Confiança no Âmbito do Caso Bettencourt

França-O antigo Presidente francês Nicolas Sarkozy foi acusado por abuso de confiança no chamado caso Bettencourt após ter sido ouvido por um tribunal de Bordéus.
 
A informação foi dada à agência AFP pelo advogado de Sarkozy, Thierry Herzog, que anunciou a intenção de recorrer “imediatamente” da decisão tomada pelo juiz de instrução Jean-Michel, após a acareação entre Sarkozy e o mordomo da multimilionária Liliane Bettencourt, herdeira do império L’Oréal.O advogado classificou ainda a decisão como "injusta e incoerente do ponto de vista jurídico".
 
O antigo Presidente estava a ser ouvido sob o estatuto de “testemunha assistente” do processo – na ordem jurídica francesa, corresponde a um meio-termo entre simples testemunha e arguido.A acareação com o mordomo e outros três funcionários da casa dos Bettencourt tinha o objectivo de esclarecer o número de vezes que Sarkozy visitou o casal Bettencourt na sua residência de Paris, no decurso da campanha.
 
O político conservador alega que se encontrou com a herdeira da L’Oréal uma única vez, mas vários funcionários de Bettencourt contrariaram essa informação em anteriores depoimentos. O marido de Bettencourt terá entregue vários envelopes de dinheiro para financiar – à margem da lei – a campanha eleitoral da UMP em 2007.
 
A informação é pertinente para a investigação por financiamento partidário ilegal que corre desde que a antiga contabilista de Bettencourt, Claire Thibout, confirmou à polícia ter entregue vários envelopes com dinheiro a Patrice de Maistre, um homem de confiança da proprietária da L’Oréal. Segundo a contabilista, esse dinheiro destinava-se ao tesoureiro do partido de Sarkozy, Eric Woerth, que depois foi também ministro do Orçamento.
 
Os investigadores estimam que cerca de quatro milhões de euros tenham chegado por essa via à campanha de reeleição do Presidente Sarkozy, numa clara violação da lei que estabelece limites às contribuições financeiras para partidos políticos.
 
Além disso, os investigadores consideram que o caso configura um abuso de confiança de uma pessoa enfraquecida pela doença: desde 2006 que Liliane Bettencourt não está na posse de todas as suas faculdades.