República Centro Africana-Chegou ao poder pelas armas e foi apanhado pelas armas, que marcaram a sua vida: filho de um polícia, o presidente François Bozizé foi militar, rebelde e líder de uma República Centro-Africana insegura e violenta há décadas.
O guerreiro respeitado “Boz”, como é muitas vezes chamado, foi abandonado pelo seu exército, que nunca opôs verdadeira resistência à ofensiva iniciada em Dezembro pela coligação rebelde Seleka, indo de derrota em derrota.
Silencioso, François Bozizé é um orador pobre, mesmo sabendo mobilizar multidões, sobretudo quando fala em Sango, a língua nacional. Às palavras prefere os atos, repetiu nas últimas eleições em 2011, que mais uma vez o levaram ao poder, com 64% dos votos, apesar das críticas da oposição.
Nascido em Mouila, no Gabão, a 14 de outubro de 1946, François Bozizé abraçou a carreira militar e rapidamente subiu na hierarquia.
Tendo sido assessor do imperador Jean-Bedel Bokassa, Bozizé tornou-se no mais jovem general do exército, com 32 anos.
Com a queda de Bokassa em 1979, Bozizé perdeu influência, mas voltou ao jogo político em 1981, quando o general André Kolingba derrubou o sucessor de Bokassa.
Tornou-se ministro da Informação, mas, não contente, tentou dois anos depois derrubar Kolingba, em favor de Ange Félix Patassé, o ex-primeiro-ministro de Bokassa.
Após esta derrota, fugiu para o Benin, de onde foi extraditado em 1989. Preso durante dois anos, em 1990 conseguiu escapar por pouco de uma tentativa de assassinato na sua cela.
Apresentou-se às presidenciais de 1993, mas conseguiu pouco mais do que 1% dos votos e em 1997 reintegrou o exército, apoiando Patassé, e tornou-se chefe de gabinete.
Em outubro de 2001, falhou um golpe de Estado contra o presidente e trocou então Bangui pelo Chade e depois pela França, antes de voltar ao norte da República Centro-Africana para lançar a revolta dos “patriotas”.
Em Março de 2003, assumiu o controlo com um golpe e instalou um governo de transição, até que em 2005 foi eleito presidente.
Em 2010 um grupo de rebeldes lançou um ataque em Birao, forçando as tropas do Governo a recuar, mas Bozizé consegui manter-se no poder, graças à ajuda do seu aliado de longa data, o Chade, cujo exército lhe forneceu guarda-costas e o ajudou a livrar-se dos rebeldes.
“Boz” tentou a paz através do “diálogo político inclusivo”, que juntou à mesma mesa o poder a sociedade civil, a oposição e os rebeldes, e assinou um acordo de paz com os rebeldes em 2007 e 2012, que incluía a sua integração.Mas o seu regime, assolado pela corrupção, nunca cumpriu as promessas.
A República Centro-Africana, cuja capital, Bangui, foi hoje ocupada por rebeldes que exigem o cumprimento daqueles acordos, é um dos países mais pobres do mundo e é conhecido pela sua história de golpes e motins militares.
Esta antiga colónia francesa situa-se no coração da África Equatorial, faz fronteira com o Chade, o Sudão, o Congo, a República Democrática do Congo e os Camarões, tem cerca de 4,5 milhões de habitantes e duas línguas, o sango e o francês.