África do Sul-O Tribunal de Pretória voltou a adiar quarta-feira (20 do corrente mês) a decisão sobre a concessão ou não de fiança para o corridor sul-africano Oscar Pistorius, acusado da morte de sua namorado, a modelo Reeva Steenkamp. A corte se reúne novamente a partir das 6h, de hoje, quinta-feira.
Quarta-feira, foram ouvidos fiscais, policiais e o chefe da investigação do caso, Hilton Botha, que afirmou que Pistorius já havia sido detido antes por agredir alguém em sua casa. “Não me lembro exatamente da data, mas houve um incidente em seu domicílio, quando foi detido por agressão, creio”, afirmou o investigador.
Botha também disse acreditar que Pistorius poderá fugir caso seja concedida sua liberdade com o pagamento de fiança. O atleta continuará sob custódia da polícia quarta e, nesta quinta-feira.
Segundo a testemunha, a polícia da África do Sul encontrou testosterona e agulhas no quarto do atleta paralímpico. "Trata-se de um remédio à base de plantas, ele pode usá-lo e já havia utilizado antes", afirmou ao juiz o advogado de Pistorius.
Pistorius e a namorada discutiram violentamente entre duas e três da manhã, antes que o desportista a matasse com tiros, afirmou uma testemunha citada quarta-feira pelo promotor Gerrie Nel.
"Acredito que ele sabia que ela estava no banheiro, e deu quatro tiros através da porta", afirmou o detetive Hilton Botha, acrescentando que o ângulo dos disparos sugere que o atleta mirou em alguém que estava no banheiro.
Pistorius disse que foi até o banheiro caminhando sem as próteses - razão pela qual se sentia tão vulnerável.Já Botha disse que os tiros parecem ter sido disparados "de cima para baixo", o que indica que o atleta havia colocado suas próteses.Botha disse que testemunhas no condomínio de luxo onde Pistorius vive, ao norte de Pretória, comentaram ter escutado uma discussão doméstica na casa dele entre 2h e 3h da madrugada.
Uma testemunha disse ter escutado um tiro, seguido 17 minutos depois por outros disparos, segundo Botha. Outra testemunha falou de um tiro seguido por gritos, e depois por mais tiros, acrescentou o policial.
Steenkamp foi atingida na cabeça, no braço e no quadril dentro do recinto do vaso sanitário, no banheiro da suíte de Pistorius.O depoimento contradisse as afirmações de Pistorius, que alega que ele e a namorada haviam passado uma noite tranquila e deitado às dez da noite.
Pistorius também foi indiciado por posse ilegal de munições, informou a polícia sul-africana."Encontramos uma caixa de cartuchos calibre 38 especial", disse o detetive Hilton Botha.O policial explicou que Pistorius não tinha permissão para este tipo de munição.
Segundo o advogado de defesa, Barry Roux, Pistorius afirma ter matado a namorada por engano, ao confundi-la com um ladrão que teria invadido a casa.Reeva Steenkamp foi encontrada morta em sua casa, em Pretória, na madrugada de quinta-feira (14 do corrente mês). A família da modelo disse em entrevista ao jornal sul-africano “Times Live” que tudo o que quer são respostas.
O funeral de Steenkamp também aconteceu terça na cidade de Port Elizabeth, onde houve protestos contra Pistorius.“Ela ainda tinha muito para dar e tudo isso foi embora agora. Em um piscar de olhos ou uma respiração, a pessoa mais bela que já viveu não está mais aqui”, afirmou June Steenkamp, mãe da modelo de 29 anos.
“Tudo o que temos agora é essa horrível morte para lidar. Tudo o que queremos são respostas. Respostas para por que isso teve que acontecer, por que nossa linda filha teve que morrer assim.A entrevista dada por telefone ao jornal foi a primeira declaração da mãe de Reeva após o crime.
“Ela tinha muito orgulho de ser sul-africana. Ela amava esse país e todas as suas pessoas. Era o único lugar que ela podia chamar de casa”, disse June.O pai da modelo, Barry, disse ao jornal inglês “Daily Mail” que estava se esforçando para "achar alguma razão para isso ter acontecido".