Brasil-Documentos que contam a história do Maranhão foram recuperados, catalogados por pesquisadores do arquivo público estadual, e vão ser lançados em livros. Nas duas obras é possível encontrar registros da história da escravidão no Estado, e da vida política, administrativa e social do Maranhão, nos períodos do Brasil colônia e do império.
Os livros já são considerados best sellers do arquivo público do estado. O "Repertório de documentos para a história da escravidão no Maranhão" é um destes. Com 591 páginas, ele levou seis anos para ficar pronto e isto só foi possível por causa dos milhares de documentos guardados no arquivo, datados séculos XVIII e XIX. A obra é uma espécie de diário de um período em que tudo girava em torno do trabalho escravo.
E de que região da África onde vieram os negros?. Guiné Bissau, Cahel, Angola... Havia o preto ladico, aqueles que já conheciam um pouco da língua e de alguns costumes. Não eram da preferência dos senhores, porque influenciava os outros a formar quilombos. Havia também os negros boçais que não tinha nenhum conhecimento eram os preferidos.
A historiadora Helena Espínola é uma das 13 pessoas que elaboraram o livro. “Ele vai indicar fontes para quem quer conhecer a história da escravidão no Estado. Não é só do escravo, mas da escravidão de modo geral, porque o escravo livre, forro, nós relatamos no livro. Pegamos toda a documentação referente a escravos, tanto os que já haviam conseguido essa liberdade, como os que ainda viviam a serviço de seus senhores e os filhos destes escravos. Então ele é bem abrangente”, disse a especialista.
Foi um período em que o negro era o centro das atenções, moeda de valor, porque como mão de obra barata, promovia o crescimento de todos os setores da economia. Mas não era respeitado como tal.
Os arquivos também registram passagens curiosas. Uma certa vez, 30 negros foram enviados como encomendas para a província de Pernambuco. Os responsáveis pela carga, como podia ser considerados o grupo de escravos, queriam pagar taxa baratas e não passagens, como reivindicavam os Correios. O caso foi parar num juiz de paz, que parecia trabalhar somente em função desta relação: negros e senhores.
Muitas vezes os escravos não suportavam tantos maus tratos e reagiam. “Através de fugas, do roubo, do crime. Eles assassinavam também. Nós temos vários relatos de escravos que assassinavam seu senhor”, explicou a historiadora.
O livro é um marco na história da escravidão e mostra, acima de tudo, o quanto os escravos não só no Maranhão, mas em todos os estados, contribuíram para o desenvolvimento do país. “Os escravos é que produziam. Trabalhavam na lavoura, na criação de animais, como domésticos, toda espécie de trabalho era feito pelos escravos. Tanto que a gente encontra correspondência dos senhores para o governo, pedindo mais entrada de escravos porque a lavoura estava decaindo pela falta de trabalho escravo.