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Bissau - O porta-voz do governo de transição da Guiné-Bissau, Fernando Vaz, reconheceu terça-feira que o país tem dificuldades em escoar a castanha de caju para o mercado internacional, mas diz que é uma "situação ultrapassável", noticiou a Lusa.
Em declarações à agência Lusa, Fernando Vaz disse que existem neste momento cerca de 90 mil toneladas da castanha de caju (um dos principais produtos de exportações da Guiné-Bissau) nos armazéns em Bissau a aguardar escoamento.
"É uma situação conjuntural derivada de variados factores.Pensamos que é uma situação ultrapassável. O Governo está a estudar outras alternativas", defendeu Fernando Vaz.
A previsão feita pelo governo deposto pelo golpe de Estado de 12 de Abril passado era que o país iria exportar este ano entre 220 a 230 mil toneladas do cajú mas o executivo de transição teve de rever em baixa estes números fixando-os agora em 180 a 190 mil toneladas.
Fernando Vaz explicou que a retracção normal da actividade económica (normal neste período do ano na Guiné-Bissau) associada à falta de liquidez nos bancos comerciais são algumas das justificações para a dificuldade no escoamento do caju da Guiné-Bissau.
"Os bancos emprestaram dinheiro aos operadores económicos e muitos ainda não conseguiram vender o cajú e logo não conseguem pagar o crédito que fizeram, o que faz com que os bancos estejam sem liquidez para continuar a injectar capital no mercado", disse o porta-voz do governo de transição, assinalando ser "regra de ouro" do BCEAO (Banco Central dos Estados da África Ocidental) a recuperação do crédito antes de novos empréstimos.
A juntar a tudo isso, notou Fernando Vaz, está ainda o facto de a Índia, principal comprador mundial do cajú em bruto, não estar a comprar o produto como nos anos anteriores.
"Há um excesso mundial da produção e esse facto não afecta apenas o cajú da Guiné-Bissau. Muitos países produtores também estão com dificuldades para vender o seu cajú para a Índia. É preciso arranjar outros compradores. É isso que o Governo está a fazer", afirmou Fernando Vaz que é também ministro da Presidência do Conselho de Ministros.
Fernando Vaz referiu que além do aumento da produção mundial, no caso da Guiné-Bissau, os operadores económicos "colocaram a fasquia alta" em termos dos preços de venda internacional.
“No ano passado, por exemplo, houve contratos de venda por 1.400 dólares por tonelada. Este ano, os preços caíram para 800 dólares e muitos operadores que já tinham feito os contratos pensando em grandes margens, com base nos preços dos anos anteriores, não conseguem vender", observou.
“Há uma luz no fundo do túnel. Até próxima quarta-feira o Governo terá uma alternativa", disse o porta-voz do Governo, sem especificar a que comprador se referia, embora admita serem outros mercados que não a Índia.
"Há ofertas para a compra do nosso cajú por contratos de 1.200 dólares por tonelada", disse Fernando Vaz, frisando que esta possibilidade irá ajudar a escoar o cajú que ainda se encontra nos armazéns em Bissau.
"Alguns compradores indianos perante esta possibilidade já estão a oferecer contratos por 1050 dólares por tonelada", notou o porta-voz do Governo guineense, pedindo calma aos operadores económicos do sector do caju.
De acordo com o presidente do Comissão Nacional do Cajú, André Nanque, a Guiné-Bissau exportou 174 mil toneladas de cajú, em 2011, o que foi um recorde, e fez entrar nos cofres públicos 226 milhões de dólares.