segunda-feira, 9 de julho de 2012

Simões Pereira Quer Voltar Para Bissau e Confia que sucessor Terá "Maiores Credenciais"



Domingos Pereira Simões, Secretário executivo da CPLP
Domingos Pereira Simões, Secretário executivo da CPLP


Lisboa - O secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Domingos Simões Pereira, quer "voltar para a Guiné-Bissau" e confia que o seu sucessor, a ser conhecido no dia 20, "terá maiores credenciais" do que as suas. 
 

"Eu sou engenheiro civil, vim exercerum cargo fundamentalmente de diplomacia; a única coisa que tentei foi não me transformar num diplomata, não por achar que não fosse esse um requisito importante, mas porque iria perder quatro anos a tentar ser aquilo que não fui. Limitei-me a emprestar à organização aquilo que sou". 
 
A 15 dias de deixar o cargo que ocupa há quatro anos, Domingos Simões Pereira está entusiasmado com o fim de um ciclo e a passagem da pasta. A quem? "Seria muito presunçoso da minha parte definir perfis. Entrei sem qualquer agenda e saio sem qualquer intenção de fazer avaliações. É essa abordagem que posso deixar como recomendação. Esta é uma organização que se vai fazendo", vinca. 
Reconhecendo que já tem "algumas indicações de quem será" o seu sucessor à frente do Secretariado Executivo da CPLP, frisa que é preciso aguardar pelo dia 20 de Julho, altura em que, na cimeira de chefes de Estado e de Governo que se vai realizar em Maputo, o Presidente da República de Moçambique, país que assumirá a presidência da CPLP, oficializará o nome.

Ao contrário do habitual, e por razões de ordem alfabética, é também a vez de um moçambicano exercer o cargo de secretário executivo. Domingos Simões Pereira aprova "totalmente" o provável sucessor, realçando que "voltará a ser alguém com competência num domínio", possivelmente a diplomacia, no qual o ainda secretário executivo considerava ter "limitações".


Guineense, não tem dúvidas sobre o futuro: "Quero voltar à Guiné, quero trabalhar na Guiné. Estou completamente disponível para a Guiné-Bissau."
 
Militante do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, no poder até ao golpe de estado de 12 de Abril) desde os anos 1980, afasta, para já, futuras candidaturas políticas. E garante que será tão mais activo quanto puder contribuir para "produzir confiança". Se não, saberá "ficar calado". 
 
Simões Pereira já foi à Guiné-Bissau após o golpe de Estado que depôs o Presidente e primeiro-ministro do país e condenado pela CPLP.  

"Não posso dizer que tenha experimentado um ambiente de total liberdade, mas também não posso dizer que tenha experimentado alguma situação mais apertada", descreve, acrescentando: "Nunca tive problemas em estar na Guiné e ajustar-me às realidades e, com base nas realidades, definir o meu espaço de intervenção. Espero poder fazê-lo. Se algum dia não puder voltar à Guiné, isso sim, seria realmente muito difícil."