segunda-feira, 25 de junho de 2012

Sérvios do Norte do Kosovo Votam Contra Independência


Os sérvios do norte do Kosovo foram às urnas quarta-feira passada para reafirmar, na segunda e última jornada, sua rejeição à independência deste território, autoproclamada pelos albano-kosovares, apesar de não receberem o apoio de Belgrado, que considera o plebiscito prejudicial aos interesses da Sérvia.
   
No Kosovo vivem aproximadamente 120 mil sérvios, menos da metade no norte e o restante no centro e sul. Cerca de 35 mil foram convocados para responder se "aceita as instituições da chamada República do Kosovo?".

A expectativa é por um contundente "não" como resposta. A votação foi realizada em Mitrovica, Zvecan e Zubin Potok, e só quarta-feira em Leposavic.

Na terça-feira passada, a afluência de eleitores aos 82 colégios eleitorais foi de 48%. Os primeiros resultados foram divulgados ainda na noite da quarta, e os definitivos no domingo.
O pleito foi convocado devido ao aumento das tensões no norte do Kosovo, anexado e dominado pela Sérvia, onde a população se opõe a qualquer extensão da soberania de Pristina e rejeita a instalação de funcionários albano-kosovares na fronteira.

Os eleitores consideram que a votação vai reforçar a posição de Belgrado no diálogo com Pristina, como uma clara mensagem.

Porém, a votação não vinculativa não conta com o apoio das autoridades de Belgrado, que querem evitar complicações no conflito com Pristina em meio a um difícil diálogo técnico sobre a normalização das relações, amparado por Bruxelas.

Também se teme novas críticas da União Europeia (UE), que deverá decidir  se concede ou não à Sérvia o status de país candidato, após repeli-lo em Dezembro pela crise no norte kosovar, que tinha resultado em violência e choques entre os manifestantes e soldados da força da OTAN.
   
O ex-presidente da Sérvia, Boris Tadic, declarou na terça-feira passada, em comunicado, que a realização desse pleito local é prejudicial aos interesses do Estado.

"Esta atitude das autoridades dos municípios do norte do Kosovo só pode diminuir o potencial do Estado, e não favorecer os sérvios da província. Isso dificulta para o Estado defender os interesses legítimos no Kosovo", disse Tadic.

O líder reiterou a postura da Sérvia de não reconhecer a independência do Kosovo, autoproclamada pela maioria albano-kosovar há quatro anos.

A ONU advertiu na semana passada que as eleições no norte são um dos desafios que a região enfrenta, e pediu que mantenham sob controle as possíveis tensões nesse território, onde está instalada a KFOR e a missão européia EULEX.

A missão da ONU para o Kosovo (Unmik) disse na terça-feira que considera a votação "fora das leis aplicáveis".

O Governo de Pristina, por sua vez, expressou "sua profunda decepção e repulsa" ao referendo sérvio, cuja organização atribui a uma ilegal "ação da Sérvia" que "afecta diretamente o estado de soberania da República do Kosovo".

Até o momento, mais de 80 países reconheceram a independência do Kosovo, entre eles os Estados Unidos e a maioria dos membros comunitários, exceto Espanha, Rússia, China, Brasil e Índia, entre outros.