Lisboa - O PSD e o CDS-PP, que mantêm desde há um ano uma coligação governamental com maioria absoluta no Parlamento português, perderiam essa maioria para os partidos da esquerda se as eleições legislativas fossem hoje.
É essa uma das conclusões da mais recente sondagem da Universidade Católica, divulgada pela RTP, Antena1, Diário de Notícias e Jornal de Notícias.
Os dois partidos do Governo apenas somariam 42% dos votos se houvesse agora eleições, contra 51% dos três partidos à sua esquerda (PS, PCP e Bloco de Esquerda).
A pesquisa de opinião, realizada entre os dias 26 e 28 de Maio com uma amostra de 1.366 inquiridos, revela que o PSD continua à frente das preferências dos portugueses, mas agora recolhe apenas 36% das intenções de voto, contra os 38,7% de votos efectivos nas eleições do ano passado.
O Partido Socialista (PS), principal força da oposição, surge com 33% de intenções de voto, melhorando a adesão efectiva que teve nas legislativas de 2011, em que obteve 28,1% dos votos.
Especialmente penalizado parece ser o CDS-PP, cujos 11,7% de votos há um ano lhe deram direito a entrar no Governo, com vários lugares de destaque, entre os quais o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas.
Mas a sondagem da Universidade Católica dá apenas 6% de intenções de voto ao CDS-PP, relegando o partido mais à direita do Parlamento para o último lugar entre as cinco forças com assentos no hemiciclo.
O descontentamento com os partidos da coligação governamental acaba por ser capitalizado em simultâneo pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda. Os comunistas, que tiveram uma votação de 7,9% nas legislativas, assumem agora 9% das intenções de voto, tanto como o Bloco de Esquerda, que melhora a sua posição face aos 5,2% realmente alcançados nas eleições de há um ano.
Portugal apenas voltará a ter eleições para a Assembleia da República (que determinam a formação do Governo) em 2015, ano em que o actual programa de assistência financeira coordenado pela troika (FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) já terá terminado.
A subida do desemprego para níveis historicamente elevados (já ultrapassa os 15% e o Governo espera mais de 16% em 2013), a precariedade no trabalho e a perda de rendimento da população, devido à política de aumento da receita fiscal por parte do Governo, são alguns dos principais motivos de descontentamento dos portugueses.