quarta-feira, 27 de junho de 2012

Líderes das Quatro Maiores Economias da UE Pregam Maior Integração


Da esq. para a dir.: Mariano Rajoy, François Hollande, Mario Monti e Angela Merkel, reunidos em Roma, 22 de junho de 2012
A solução para a crise da dívida na União Europeia é "mais Europa, não menos", disse Angela Merkel. "Devemos dar um sinal e nos aproximar em uma união política. Queremos trabalhar sobre uma união política mais importante". Ao lado dos primeiros ministros da Espanha, Mariano Rajoy, e da Itália, Mario Monti, além do presidente francês, François Hollande, a chanceler alemã definiu o espírito de união que os líderes das quatro maiores economias da Zona do Euro devem levar para a cúpula da União Europeia, que acontece entre 28 e 29 de junho, em Bruxelas.

Depois de se reunirem sexta-feira, em Roma, para discutir saídas para a crise da dívida, os quatro mandatários incumbiram o presidente da União Europeia, Herman Van Rompuy, de preparar um relatório sobre os meios de reforçar a integração dentro do bloco. Além da perspectiva política, sublinhada por Merkel, os membros devem começar a criar sinergias na economia, no sistema bancário, no sistema fiscal. Uma primeira medida neste sentido deve ser a mobilização de 1% do PIB europeu, algo entre 120 e 130 bilhões de euros, para o crescimento. A proposta foi apresentada na semana passada por François Hollande a Van Rompuy e obteve unanimidade na reunião de Roma. O dinheiro viria do Banco Europeu de Investimento, de project-bonds (empréstimos comuns para financiar infraestruturas) e de fundos europeus ainda não utilizados.

"O primeiro objetivo sobre o qual concordamos é o relançamento do crescimento, dos investimentos e da geração de emprego", disse Mario Monti. O italiano não deixou de frisar, no entanto, que o crescimento não tem como se sustentar sem a disciplina fiscal. Para ele, é preciso que os dirigentes da zona do euro mostrem aos mercados e aos cidadãos europeus a "irreversibilidade deste grande projeto que funcionou até agora, que se chama euro. O euro está aqui para ficar". Ele reiterou também a importância da integração na região, acompanhado pelo seu ministro de Assuntos Europeus, Enzo Moavero: "com uma Europa federal, não teríamos essa descontinuidade nos processos de decisão".

Apesar de todo o discurso em torno do reforço da união dentro da UE, o conceito de federalismo é extremamente sensível em determinados países, já que ele depende da delegação de parte da soberania nacional para o bloco. O próprio François Hollande, por exemplo, deixou claro que não pretende transferir parte da soberania francesa ao controle europeu se não houver um aumento da solidariedade dentro do bloco. Tanto na França quanto na Holanda, a constituição comum europeia foi refutada em referendo. O Reino Unido também não abre mão de sua soberania.

Mas, de acordo com Angela Merkel, "na Europa, sempre há muito entusiasmo para dividir os fardos, mas muitas reservas quando se fala em ceder soberania à escala europeia". A solução para o pequeno impasse, pelo menos por enquanto, é mais formal que prática: "A palavra federalismo não é usada no documento que Herman Van Rompuy apresentará, para não despertar velhos demônios", garantiu um responsável da UE.