Para o docente universitário, havia sido decidida que as sub-regiões seriam elas a liderar a consolidação da integração através das suas comunidades económicas que iriam fundamentar o substrato para a União Africana.
“Isso não tem acontecido porque as Comunidades Económicas da África Austral (SADC), da África do Oeste (CEDEAO), da África Central (CEEAC) e do Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA) deveriam ser cooperativas, mas umas tem rivalizado com outras e essa competição de uma com outras está a criar uma inércia no continente”, lamentou.
Prova disso, prosseguiu o professor universitário, foi a falta de sustentabilidade para a eleição do presidente da Comissão da União Africana (CUA), na última cimeira da União Africana realizada em Addis Abeba (Etiópia), em Janeiro de 2012.
Frisou que na última cimeira, na qual não foi reeleito o então presidente da comissão, o gabonês Jean Ping e não foi escolhida a candidata da SADC, a sul-africana Nkozasana Zuma e, neste momento a maioria dos países do continente já não se identifica com os dois últimos anos da UA, acabando por responsabilizar a direcção de Ping.
Sublinhou que nos últimos tempos, concretamente, durante a “Primavera Árabe” (crises no Magreb que derrubou o lideres egípcio, Hosni Mubarak, líbio, Muammar Kadhafi e tunisino Ben Ali) houve a morte de um chefe de Estado proeminente por forças extra-continental Muammar Kadhafi e a África não foi capaz de conceder um minuto de silêncio aquando da abertura da última cimeira.
Acrescentou que ninguém ajudou Kadhafi a repelir a agressão, ainda assim, houve líderes africanos como então presidente do Senegal Abdoulaye Wade que prognosticou “ que o líder líbio estava acabado, tendo sido o primeiro africano a reconhecer o Conselho Nacional de Transição (CNT), no poder hoje na Líbia, o que é bastante crítico”.
Por outro, nas anteriores cimeiras da organização continental defendia-se maior protagonismo dos africanos nos seus assuntos, “mas deixamos que os estrangeiros se envolvam e resolvam os problemas de África e essa forma tem fomentado uma divisão do continente”, realçou.
Para o especialista, a crise na Côte d'Ivoire interveio também forças estrangeiras, concretamente, da LICORNE da França que tinham ido para proteger os seus cidadãos, acabando por tomar aeroporto de Abidjan, o Palácio e sob auspícios da ONU, derrubando o então chefe de Estado ivoiriense, Laurent Gbagbo, colocando o actual presidente Alassane Ouattara, “quando se estava dialogar com vista a resolver a crise pós-eleitoral de Novembro de 2011.
Com efeito, evocaram o artigo 7º da Carta da ONU para intervir militarmente num país soberano, disse.
O dia 25 de Maio foi consagrado “Dia de África” em homenagem a fundação da OUA precursora da actual União Africana, criada em 2002, com o objectivo de impulsionar a integração e o desenvolvimento do continente africano.