quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Cirilo J .Vieira: sempre acreditei que Donald Trump podia ganhar as eleições presidenciais porque, as últimas sondagens estavam dentro da margem do erro

Resultado de imagem para Donald Trump
A noite louca que deu a presidência dos Estados Unidos a Donald Trump.

 
Todas as sondagens indicavam o contrário, porém o candidato republicano varreu os votos nos principais estados, mantendo a proximidade com a fronteira dos 270 pontos que lhe daria a vitória logo desde o início da madrugada. Ninguém acreditava que Hillary Clinton não ganhasse a corrida à Casa Branca e o que aconteceu foi a candidata democrata ser obrigada a reconhecer a vitória de Trump às 7h40 (de Lisboa). O New York Times estudou as oscilações do eleitorado, explica quem eles são e porque é que escolheram o candidato republicano.

“Mundo, temos um problema”, escreve Pedro Santos Guerreiro: “O sistema está tão podre, tão descontrolado e tão incapaz de se reformar que a vontade do povo americano de mudá-lo musculou o braço de quem prometeu esmurrá-lo. Não é uma derrota política, é uma derrota da política”. Leia a análise do diretor do Expresso avaliando que, “com a Casa Branca, o Senado e o Congresso, Trump pode fazer quase o que quiser”. Poderá ainda escolher um dos juízes do Supremo Tribunal. “A sua retórica é tão perturbadora e despreza tanto a verdade que prenuncia mais do que anuncia”.

Depois da reportagem que fez sobre a convenção republicana que elegeu Donald Trump como candidato republicano à Casa Branca, Daniel Oliveira chama a este momento o ponto sem retorno, como aqui pode ler. A reportagem tinha por título “Chegou o futuro triste” e aqui está ele.

Como dizia um eleitor republicano à Sky News por volta das 5h, a conquista de Trump era “a vitória do bem sobre o mal”, Clinton é “uma pessoa má” e nem deveria sequer ter tido direito a candidata-se”.

“Acabo de receber um telefonema da secretária de Estado Clinton”, declarou Trump “felicitando-nos pela nossa vitória”. “É a vez de nos unirmos. Serei o Presidente de todos os americanos e isso é muito importante para mim”, declarou o futuro 45º Presidente dos Estados Unidos.

A reação à perspetiva de vitória de Donald Trump teve repercussões imediatas em todo o mundo. A face visível disso foi a queda registada nos mercados internacionais proporcional à admissão, ao longo da noite eleitoral, de que Hillary Clinton não ganharia. Menos dois pontos percentuais nos mercados asiáticos e o Dow Jones em queda, mercados em pânico.

A primeira reação política internacional chegou aos EUA sob a forma de felicitações vindas de França. Marine Le Pen, a líder do partido de direita Frente Nacional e candidata à presidência no voto da próxima primavera, espera inspiração no comportamento dos eleitores americanos, a quem louvou a “liberdade”, confirmando assim que a política de Trump é favorável a França.

Reveja aqui o desenvolvimento do escrutínio na cobertura em direto que o Expresso fez desde as 21h de terça-feira. A noite teve os seus momentos… Quando ainda ninguém queria acreditar que poderia acontecer, às 4h40 o chefe de campanha de Donald Trump, Layne Bangerter declarava: “A voz do povo fez-se ouvir”. Trump estava então à frente com 232 votos contra os 216 Hillary Clinton. Horas mais tarde, ao agradecer a vitória à sua equipa, o próprio Donald Trump repetiu vezes sem conta a palavra “inacreditável!”.

Recorde aqui como esta campanha quebrou todas as regras das anteriores.

 

OUTRAS NOTÍCIAS
 

Uma das conclusões do segundo dia da Web Summit, cujos 50 mil participantes tiveram dificuldade em deslocar-se de metro pela cidade de Lisboa, é que vamos ter de aprender a viver sem trabalho… parece que é desta que os robôs vão levar a melhor no mercado de trabalho, escreve a Joana Madeira Pereira: “O trabalha não tem futuro”, ouch!. Robôs e cloud, porque as empresas já perceberam que o Cloud faz parte do seu futuro, disse ao Pedro Miguel Oliveira o CTO da Microsoft Mark Russinovich. Como angariar financiamento é um dos maiores desafios para a maioria dos empreendedores, os investidores só têm olhos para as empresas já com provas dadas, explica a Margarida Fiúza.

É “sem sombra de dúvida” ao Tribunal Constitucional que cabe decidir sobre o caso Caixa Geral de Depósitos, garante o homem que presidiu ao TC até julho passado, Joaquim Sousa Ribeiro. O caso é incomum, não há muitas dúvidas e o atual presidente do TC, Manuel Costa Andrade, dizia ao Expresso há uma semana que se ninguém colocar ao tribunal questões sobre se os administradores da Caixa devem ou não declarar as respetivas declarações de património, os juízes não se pronunciam. Daniel Oliveira chama ao caso “uma embrulhada complicada” como pode aqui ler.

Após a audição do ministro das Finanças, Mário Centeno, o Parlamento Europeu tomou ontem posição ao final do dia contra o congelamento de fundos comunitários para Portugal. Ficou assim suspenso o diálogo estruturado, ou seja, o processo através do qual o PE toma uma posição relativamente ao congelamento de fundos em conjunto com a Comissão Europeia. O PE decidiu também recomendar à CE que não suspenda os fundos e que caso, apesar disso, a instituição tome uma decisão nesse sentido irá reabrir então o diálogo estruturado.

A região autónoma da Madeira continua à espera do dinheiro prometido por Lisboa três meses depois dos incêndios que deixaram 20 famílias sem alojamento e ainda agora a depender do acolhimento por familiares.

Mariana Mortágua distanciou-se de uma eventual candidatura à Câmara Municipal de Lisboa e emerge Ricardo Robles como o candidato natural pelo Bloco de Esquerda. A deputada e dirigente declarou que o BE “deve apostar nos autarcas que formou" para encabeçar as listas do Bloco nas eleições autárquicas que se realizam no próximo ano.

Hoje é o Dia Internacional contra o Fascismo e o Antissemitismo instituído pelo Parlamento Europeu, no âmbito da luta contra o racismo e a xenofobia na União Europeia. A data escolhida coincide com a Noite de Cristal, 9 de novembro de 1938, quando sinagogas e lojas de judeus foram incendiadas, assaltadas e saqueadas em toda a Alemanha.

FRASES

Estarei aqui para vos guiar, ajudar e unir o nosso grande país”, Donald Trump, próximo presidente dos EUA

Trump não é um conservador é um populista nacionalista”, Miguel Monjardino, Professor e comentador da SIC

O sistema constitucional nos EUA mudou muito nos últimos 15 anos, do ponto de vista executivo, favorecendo o lado da presidência”, Miguel Monjardino, Professor e comentador da SIC

O povo está a tomar o país de novo. Nós faremos o mesmo”, Geert Wilders​, líder holandês do Partido da Liberdade

O QUE ANDO A LER
Ou, o que andei “a ver”. Acabo de chegar de África zangada com “aquela visão” que por lá só encontra guerra, doença, desordem e subdesenvolvimento. Bom, são 54 países, ok? Modestamente, só percorri cinco da África Austral, o suficiente para confirmar o quanto o mundo tem a aprender com os africanos. Estas sugestões completamente ao lado das presidenciais norte-americanas reúnem (algumas) ideias e produções de (alguns) cidadãos deste continente onde todos são bem-vindos, garantiu-me um africano. Começo pelo Festival de Fotografia de Lagos (Nigéria) e pelo trabalho que desenvolveu este ano sobre a identidade africana. O site Trueafrica mostra-lhe 20 fotógrafos de que provavelmente nunca ouviu falar até 22 de novembro. Na Bélgica pode seguir Nástio Mosquito, o no-mínimo-original artista angolano que lá atuará a 23 deste mês. Por cá, consulte a agenda para estes dias do indispensável Bleza caso lhe apeteça a melhor música de dança africana (e não só) que se apresenta regularmente em Lisboa. Depois, não vá imaginar-se que não vivemos todos em simultâneo no mesmo século neste mundo global, poderá apreciar as últimas criações do Bazofo na Cova da Moura. O que é Bazofo? Bazofo é uma palavra de crioulo de Cabo Verde para descrever alguém com estilo e atitude. Mas também é uma pequena marca de roupa sustentável e ética da Cova da Moura, a maior comunidade cabo-verdiana em Portugal. Por coincidência no tal mundo global conheci o Naledi N, foi o meu guia num dia inteiro de visita ao Soweto (Joanesburgo, África do Sul) e só quando trocámos contactos fiquei a saber que é um habitué do Instagram onde promove o trabalho de um grupo de sowetans (do qual faz parte) que produz roupa de assinatura hand made (in Soweto) e invejável, como pode ver no link.

Se estiver a norte, mais propriamente no Porto, África Mostra-se já daqui a dois dias. Consulte aqui a programação. Em Lisboa tem hoje e amanhã cinema raramente exibido entre nós: AfroTela. Lisboa Africana tem estas ofertas por estes dias. E aproveito para imitar o Nicolau Santos, que aqui sugeriu há dias a retrospetiva do artista plástico angolano António Ole no Museu Gulbenkian (ex-Centro de Arte Moderna). Tem até 7 de janeiro para não perder a obra de uma figura tutelar da contemporaneidade artística daquele país.

Esticando o calendário, deixo uma sugestão para os últimos dias de 2016, 29, 30 e 31 de dezembro, num dos lugares mais incríveis do mundo: as Cataratas Victoria no Zimbabwe. Chama-se Vic Falls Carnival – Victoria Falls e promete! Eu só viajei no comboio onde o trailler da Jameson foi filmado e posso assegurar que é tudo como aparece nos 3’10’ desta fitinha . Chamam-lhe a maior “infusão cultural de talento da África Austral” e são três dias de festival com músicos do Zimbabwe, Zâmbia, África do Sul, Botswana, Moçambique e Namíbia. Há viagens em overland truck (só para dar uma ideia) a partir de Joanesburgo e os preços são muito razoáveis. Se partir de Cape Town, consulte aqui dez das melhores experiências gastronómicas que o esperam. Juro que estas duas últimas são sugestões para serem posteriormente arquivadas na categoria “inesquecível”!