União Europeia-Portugal é dos países que mais precisa da ajuda do programa de compra de dívida soberana por parte do Banco Central Europeu (BCE), mas a verdade é que a economia nacional arriscar ficar fora dele.
De acordo com a Bloomberg, os governadores da autoridade monetária reuniram-se na semana passada para começar a desenhar o tão aguardado ‘quantitative easing'. E uma das medidas que está em cima da mesa é limitar a compra de dívida a títulos que tenham um determinado ‘rating'. As posições estão ainda algo extremadas, já que há quem defenda que só devem ser comprados títulos com ‘AAA' - o que deixaria de fora mais de metade dos países da moeda única -, enquanto outros admitem um ‘rating' mínimo de ‘BBB-‘.
Ora, nem no cenário mais favorável Portugal consegue entrar nas contas da instituição liderada por Mario Draghi. É que a melhor notação que Portugal recebe de entre as três maiores agências de ‘rating' mundiais - o critério que conta para o BCE - é o ‘BB+' atribuído pela Moody's e a Fitch, ou seja, abaixo do mínimo exigido.
Tal como Portugal, também a Grécia e o Chipre ficam de fora de um programa de compra de dívida que assuma uma notação mínima acima de lixo.
Já se a versão mais conservadora for em frente e o BCE optar por comprar apenas títulos com ‘AAA', apenas sete países do euro serão candidatos ao ‘quantitative easing'. E são precisamente alguns dos países que estão em melhores condições e menos precisam da ajuda da autoridade monetária, como é o caso da Alemanha, da Finlândia e da Holanda, por exemplo.
Ainda nenhuma decisão foi fechada e o desenho do programa poderá vir a depender bastante do veredicto do Tribunal Europeu sobre a legalidade do programa de compra de dívida que Draghi anunciou em 2012, o OMT, que deverá ser conhecido na próxima semana. O BCE reúne depois no dia 22 e os mercados esperam que seja anunciado nessa altura o ‘quantitative easing' e as suas características.