Portugal-O Financial Times diz que a operação de aumento de capital realizada há pouco mais de um mês e meio terá sido a operação mais ruinosa de sempre na indústria financeira. Num curto espaço de tempo, os investidores perderam tudo.
O BES fez, em Maio, um aumento de capital de pouco mais de mil milhões de euros, dinheiro esse que agora desapareceu. Com o resgate do banco, dividindo-o num bom e outro mau, que fica com os activos tóxicos, quem investiu nesta operação perde praticamente tudo, fazendo deste, segundo o Financial Times, um dos piores negócios de sempre na indústria financeira.
"Ainda que as acções do aumento de capital tenham sido vendidas a um preço abaixo de 0,65 euros, os investidores enfrentam agora a elevada probabilidade de ficarem sem nada", diz o jornal britânico. No âmbito do resgate, o BES foi dividido no Novo Banco e num banco mau, ficando os accionistas com os activos tóxicos. Só poderão recuperar algum valor mediante a recuperação da massa falida, e só depois dos detentores de dívida subordinada.
Perdendo tudo, o aumento de capital do BES "irá para o topo da tabela dos piores aumentos de capital de sempre na indústria financeira, de acordo com dados recolhidos pela Dealogic" para o Financial Times (sendo que são apenas consideradas operações de valor superior a mil milhões de dólares)
No topo dos piores negócios para os investidores estão o Fortis e o Royal Bank of Scotland (RBS), considerando operações de aumento de capital. O Fortis fez uma recapitalização de 19,2 mil milhões de dólares (14,3 mil milhões de euros) em 2007 para pagar a compra do ABN Amro juntamente com o RBS. "No espaço de um ano as acções perderam quase 92%. O banco acabou por ser resgatado e desmembrado", diz o jornal.
O RBS, por seu lado, fez um aumento de capital de 24,3 mil milhões de dólares em 2008 a duas libras por acção. "No espaço de um aumento as acções perderam 82,4% face ao valor da emissão e o governo teve de resgatar o banco", com fortes perdas para quem participou na operação de recapitalização. Mas mesmo em ofertas públicas de venda há maus negócios. A prova é o Bankia.
"Nas OPV [ofertas públicas de venda], ninguém rivaliza com o Bankia, que entrou em bolsa em 2011. Apesar dos receios em torno do sector financeiro espanhol, o banco entrou no mercado a um preço de 3,75 euros por acção. No espaço de um ano as acções tinham já perdido 82% do seu valor em bolsa", destaca o Financial Times, suportando-se nos dados da Dealogic.