Angola e China -Angola e China mostram vontade de construir uma relação de longo prazo mais
diversificada, com parcerias em novos sectores como a exploração mineira,
agricultura ou aviação, de acordo com a Economist Intelligence Unit.
A vontade dos dois governos ficou patente durante a recente visita a Luanda
do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, que deixou “sinais de que a relação
bilateral está a mudar”, numa altura em que Angola já é o principal parceiro
comercial da China em África.
Durante a visita, foi anunciada a abertura de linhas de crédito no valor de
170 milhões de dólares pelo Banco de Exportações e Importações da China, para
financiar a reconstrução de um empreendimento hidroeléctrico e linhas de
transmissão de electricidade na província do Moxico, além de um projecto
agro-industrial na província do Zaire e da construção no Lubango de um instituto
de formação em gestão.
O chefe do governo chinês deixou ainda a promessa de um donativo de 28 milhões de dólares para financiar projectos de desenvolvimento não especificados em Angola, que desde 2002, segundo a EIU, já recebeu mais de 10 mil milhões de dólares em créditos da China, direccionados sobretudo para infra-estruturas.
Li Keqiang antecedeu a visita de declarações indicando que a China está a reajustar o seu envolvimento com África, deixando de se focar tanto no petróleo e outras matérias-primas tendo-se as conversações em Angola centrado em formas de “aprofundar a cooperação prática” e promover negócios “complementares”, de “alto nível” e a “longo prazo.”
Também o presidente angolano, José Eduardo dos Santos, colocou a tónica nas parcerias, formação e conhecimento, levando a EIU a concluir que os dois líderes reflectiram o desejo de um novo relacionamento tendo em atenção o “crescente estatuto económico e político” angolano, crescentemente capaz de ditar “como os investidores se comportam.”
“Também indica uma abordagem de longo prazo a Angola, que sabe que, embora o seu financiamento de infra-estruturas seja actualmente o cerne da relação com a China, precisa de encontrar novas formas de abordagem a médio prazo para reter o interesse do país asiático no seu petróleo”, refere a EIU.
As empresas chinesas, adianta, estão a envolver-se mais em projectos em novas áreas, estando prevista para o final do ano a abertura de uma fábrica de cerveja em Luanda, além de vários projectos agro-industriais de grande escala liderados por empresas chinesas.
A China também já sinalizou interesse no sector mineiro e foram assinados acordos em áreas como finanças, agricultura, saúde, indústria e energia e também na aviação poderá avançar em breve um projecto a nível regional.
A China Sonangol comprou uma participação na companhia aérea da Sonangol, Sonair, e fala-se também da formação de uma companhia aérea regional baseada em Angola.
Para a EIU “é claro que a China e Angola são parceiros fortes sendo improvável que tal mude no futuro”, em que o “envolvimento económico será mais profundo e vasto”, em particular na exploração mineira e agricultura.