Holcim e Lafarge criam gigante do cimento(Fusão ou Concentração)-Grupo suíço/francês venderá US$ 44 bilhões e no Brasil será a terceiro maior produtor
A suíça Holcim divulgou segunda-feira última um acordo envolvendo apenas ações para comprar a francesa Lafarge, criando a maior fabricante de cimento do mundo, com vendas combinadas de US$ 44 bilhões.
As parceiras fecharam o acordo como uma fusão de iguais, em que os acionistas da Lafarge receberão uma ação da Holcim para cada papel da Lafarge que possuírem, com o grupo resultante da operação sediado na Suíça e listado em Zurique e Paris.
A suíça Holcim divulgou segunda-feira última um acordo envolvendo apenas ações para comprar a francesa Lafarge, criando a maior fabricante de cimento do mundo, com vendas combinadas de US$ 44 bilhões.
As parceiras fecharam o acordo como uma fusão de iguais, em que os acionistas da Lafarge receberão uma ação da Holcim para cada papel da Lafarge que possuírem, com o grupo resultante da operação sediado na Suíça e listado em Zurique e Paris.
Acúmulo de dívida
A nova companhia terá o controle acionário dividido com uma fatia de 53% para a Holcim e 47% para a Lafarge, disseram as empresas em uma apresentação virtual conjunta, na seqüência do anúncio na sexta-feira de que mantinham negociações, com um acordo sendo fechado durante o fim de semana.
Tanto a Lafarge quanto a Holcim sofrem com investimentos que não produziram os resultados esperados. Ambas acumularam uma dívida considerável para se expandir globalmente, mas foram golpeadas pela crise imobiliária norte-americana em 2008 e a crise da dívida soberana da Europa, que teve um profundo impacto sobre seus negócios, particularmente nos países mais atingidos do sul da Europa.
As empresas também enfrentam uma desaceleração da actividade de construção em alguns países em desenvolvimento, onde investiram pesadamente.
Mundo árabe
A Lafarge foi ainda atingida pela turbulência no mundo árabe em 2011 e 2012, já que tinha feito altas apostas no mercado do Oriente Médio, com a compra da empresa egípcia Orascom Cement.
Com o novo acordo de fusão, ambas poderão compartilhar fábricas, coordenar a produção e fortalecer suas margens de lucro. A fusão também permitiria que a empresa resultante corte custos mais rapidamente.
90 países
O grupo resultante da fusão estará presente em 90 países, com os mercados emergentes como a América Latina e África a representar 60% das vendas, mas com nenhum país, individualmente, a responder por mais de 10%.
“O novo grupo vai oferecer maior crescimento e baixo risco, criando, portanto, mais valor”, disse o presidente-executivo da Lafarge, Bruno Lafont, que irá se tornar presidente da Lafarge-Holcim.
As empresas acrescentaram com a fusão, uma economia anual de 1,4 bilhão de euros após três anos, graças a economias de escala, maior eficiência operacional e redução de custos de financiamento.
Reguladores
O negócio deve atrair escrutínio de reguladores antitruste, com analistas do UBS apontar potenciais questões em mercados chave, incluindo Brasil, Canadá , Equador, França, Reino Unido, Estados Unidos, Marrocos e Filipinas.
“Dado o número de possíveis problemas e soluções necessárias, esperamos um longo processo de aprovação, possivelmente levando até dois anos”, escreveram analistas do UBS.
A fusão dos dois grupos criará a terceira maior produtora de cimento do Brasil em um momento em que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) se posiciona para impor medidas punitivas, que incluem multas bilionárias e venda de activos, contra o que considera como prática de cartel pelo setor no país.
Segundo dados mais recentes do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic), de 2011, a Lafarge ocupava a quinta posição entre os maiores produtores do país, atrás de Votorantim, João Santos, InterCement e Cimpor. Já a Holcim aparecia na sexta posição no ranking.
Somados, os dois grupos ficariam com produção de cerca de 10 milhões de toneladas, atrás apenas da Votorantim, com 23,38 milhões de toneladas em 2011, no ranking do Snic, e da InterCement, do grupo Camargo Corrêa, com produção de 12 milhões de toneladas no Brasil quando incluída a adquirida Cimpor.
Venda de ativos
Lafarge e Holcim confirmaram que irão vender negócios avaliados em 10% a 15% do lucro do grupo antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) para satisfazer as preocupações antitruste, avaliados em quase 5 bilhões de euros.
Dois terços das vendas de activos serão na Europa, disse Lafont em uma teleconferência. As empresas também têm sobreposição de operações de negócios no Canadá, Brasil, Índia e China, afirmou Lafont. Ele não quis dar mais detalhes sobre quais países seriam mais afectados pelas vendas de ativos.
A transação tem o apoio dos principais acionistas das companhias e deverá ser concluída no primeiro semestre de 2015, disseram as empresas.
Sinergias
Em 2013, a Holcim foi a maior fabricante mundial de cimento em receita, com vendas totalizando US$ 22 bilhões, seguida pela Lafarge, com US$ 20,82 bilhões. A Heidelberg ficou em terceiro, com US$ 18 bilhões e a Cemex em quarto, com cerca de US$ 15,2 bilhões.
As duas empresas em conjunto geraram 31,6 bilhões de euros em vendas no ano passado e um Ebtida de 6,4 bilhões de euros. As sinergias conseguidas com a fusão representam mais 400 milhões de euros em receitas e mais 1 bilhão de euros de Ebtida. Descontando os custos com a implementação da operação, as vendas rondariam os 27 bilhões de euros e o Ebtida seria de cerca de 6,6 bilhões de euros.