Angola-O Executivo ainda não reagiu, formalmente, à provável expulsão dos angolanos em situação ilegal na África do Sul, mas tudo indica que 600 mil cidadãos correm o risco de serem afectados pela medida anunciada recentemente.
Da África do Sul, chegam informações de que grande parte das pessoas atingidas por essa decisão é familiar dos ex-guerrilheiros que pertenciam ao então Batalhão Búfalo e que outras são de antigos oficiais e militares da UNITA que residiam na base do Rundu, na Namíbia. Internamente, o director-adjunto do Instituto de Reinserção Social dos Ex-Militares (IRSEM), Amílcar Chiva, disse ao Agora que a sua instituição está pronta para receber e reinseri-los na sociedade, através de projectos já em gaveta no seu sector, mas adiantou que, primeiro, deve ser o Ministério das Relações Exteriores a intervir e, posteriormente, o da Defesa.
Só assim será chamado o IRSEM. Por seu turno, o secretário-geral do MIREX, Eduardo Beny, revelou que a sua instituição fez o que devia e que agora o processo está a ser tratado junto do Ministério da Reinserção Social (MINARS).
Segundo dados da Associação dos Refugiados na África do Sul, a situação está a tender para grave, na medida em que alguns angolanos correm o risco de sair do país apenas com a roupa do corpo.
As autoridades sul-africanas dizem não temer medidas de retaliação que o Executivo Angolano possa eventualmente decretar contra os compatriotas de Zuma, igualmente em situação ilegal de residência em Angola.
No pretérito dia 9 de Abril, o Conselho dos Direitos Humanos pediu às autoridades dos dois estados para encontrarem mecanismos que garantam maior segurança aos angolanos que venham a ser expulsos, sendo que as autoridades sul-africanas foram peremptórias e alertaram que todos os angolanos que forem encontrados em situação migratória ilegal serão detidos e expulsos do país.
Refira-se que a decisão surge depois de as autoridades sul-africanas terem suspenso o estatuto de refugiados aos cidadãos angolanos, após dois períodos de moratória, duran- Antigos efectivos do Esquadrão Búfalo.
Mais de cinco mil angolanos receberam os seus passaportes para regressar a Angola, mas a maioria optou pela permanência.
A embaixadora angolana acreditada na África do Sul, Josefina Pitra Diakité, foi igualmente citada pela imprensa como tendo admitido dificuldades em apoiar os cidadãos visados pela nova medida dos sul-africanos, por não estarem registados tanto pela embaixada como pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados ou ainda pelo governo do país acolhedor.
A diplomata disse desconhecer o número total de angolanos em situação irregular, mas deu conta que está em curso um processo de cadastramento em colaboração com o Ministério do Interior da África do Sul.