Moçambique-A economia moçambicana vai registar um crescimento de 7,3% em 2014, devendo
fechar o ano com um défice orçamental equivalente a 9,2% do Produto Interno
Bruto (PIB), prevê a Economist Intelligence Unit (EIU), num relatório recente
sobre o país.
Menos optimista do que o Fundo Monetário Internacional, que apontou, em
Março, uma taxa para a expansão do PIB moçambicano de 8,3%, a EIU mostra-se
também mais moderada nas suas previsões para 2015, anunciando um crescimento da
economia de 7,6%, abaixo da previsão de 7,9% avançada pela organização
financeira.
Considerando o recente encaixe extraordinário de cerca de 300 milhões de dólares, resultante da tributação de mais-valias pelo Estado moçambicano à alienação de parte do capital (10%) que o grupo petroquímico norte-americano Anadarko Petroleum detém no projecto de exploração de hidrocarbonetos da bacia do Rovuma, a EIU reviu de 9,9% para 9,2% a sua previsão para o défice orçamental do país em 2014.
No relatório, a organização estima que a inflação média anual se situe em cerca de 4%, devendo acelerar para 4,7% no próximo ano, acompanhando a tendência dos preços internacionais do petróleo.
Notando que as exportações anuais de alumínio da multinacional Mozal vão rondar 1100 milhões de dólares até 2018, a EIU sublinha, no entanto, que o carvão deverá, já a partir de 2015, ultrapassar a posição de liderança que esta matéria-prima tem ocupado no sector exportador.
A organização baseia-se na garantia de que a linha de caminho-de-ferro do Corredor de Nacala, que vai ligar a região carbonífera de Tete ao porto de Nacala, numa extensão de mais de 900 quilómetros, entre em funcionamento no próximo ano, o que irá possibilitar exportações de carvão de cerca 22 milhões de toneladas até 2018, com receitas estimadas de cerca de 3100 milhões de dólares ao ano.
No que se refere ao período compreendido entre 2016-2018, a EIU estima que a economia moçambicana cresça a um ritmo médio anual de 7,8%, suportado por grandes investimentos na área de infra-estruturas e nos grandes projectos de exploração de recursos naturais, sobretudo com o início da construção de unidades de liquefacção de gás natural no norte do país.
No documento, prevê-se ainda a redução do défice orçamental para 7,1% durante essa altura, embora a EIU alerte para o facto de a dívida pública poder alcançar cerca de 50% do PIB, risco este que poderá ser agravado pelas reduções nas verbas atribuídas pelos doadores internacionais ao Orçamento do Estado moçambicano.