sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Guiné-Bissau: FMI Diz que Actividade económica Continua Afectada pelo Golpe de Estado


Guiné-Bissau – A missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) liderada por Maurício Villafuerte, que esteve de visita ao país entre 10 e 13 de Fevereiro, fez uma avaliação preliminar da evolução macro-económica em 2013 e das perspectivas para 2014, concluindo que as actividades económicas da Guiné-Bissau estão fortemente afectadas pelas consequências dos acontecimentos de 12 de Abril de 2012.
 
O FMI sublinhou que após uma contracção de 1,5% em 2012, a economia da Guiné-Bissau ainda não recuperou. Neste sentido, a missão projectou um crescimento do PIB de apenas 0,3% em 2013, já que a recuperação dos volumes da exportação do caju foi enfraquecida pela forte queda dos preços, principalmente junto do produtor, da significativa contracção fiscal e das frequentes interrupções no fornecimento de electricidade e água.
 
«Nesse contexto de procura interna fraca, a inflação manteve-se controlada nos últimos dois anos», referiu a organização. Os baixos níveis de receitas fiscais e a assistência financeira internacional menos expressiva levaram à acumulação de atrasados dos salários nos últimos meses. Apesar de uma queda nas despesas do Governo, o défice fiscal global com base nos compromissos foi de 2,2% do PIB em 2013, ao passo que os atrasados se situaram à volta de 1,2% do PIB, sublinhou.
 
Dadas as perspectivas limitadas das receitas para os próximos meses, principalmente antes do início da campanha de caju, a missão do FMI encorajou ao Governo a manter o controlo dos gastos e uma gestão prudente de tesouraria, com o objectivo de minimizar uma maior acumulação de atrasados nos pagamentos dos salários aos servidores públicos.
 
«As perspectivas fiscais e de crescimento para 2014 dependerão do êxito da campanha de caju e da ajuda externa», informou o FMI. Por outro lado, a missão sublinhou a importância de definir linhas políticas claras para evitar a incerteza que abalou a campanha de caju do ano passado. Neste contexto, a missão sugeriu a suspensão das contribuições para o programa de industrialização de caju, o conhecido (FUNPI).
 
A terminar, o FMI disse esperar uma resolução positiva da instabilidade política para que se possa iniciar um diálogo com o novo Governo eleito, com o intuito de enfrentar os desafios económicos e de desenvolvimento.
 
Liderada por Maurício Villafuerte, a missão do Fundo Monetário Internacional manteve encontros com as autoridades do Governo de transição, incluindo Gino Mendes, ministro das Finanças, e Soares Sambu, ministro da Economia, bem como reuniões com João Fadia, Director Nacional do Banco Central dos Estados da África Ocidental (BCEAO), e com os parceiros de desenvolvimento da Guiné-Bissau.