segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

África Continua a ser Destino Preferencial para a China

África-África continua a ser um destino muito importante e estratégico para as cerca de 2 mil empresas chinesas que operam no continente, apesar de a potência económica asiática demonstrar sinais de desaceleração económica, de acordo com o Standard Bank.
 
‘Quando as empresas chinesas consideram destinos para investir à volta do mundo, África está sempre no topo da lista’, disse George Fang, director do departamento de minas e metais do Standard Bank para a Ásia, com sede em Pequim. ‘África está geralmente entre os primeiros destinos considerados pelas empresas chinesas que planeiam expandir-se internacionalmente, não só por causa dos seus abundantes recursos naturais, mas também pela sua rica herança cultural, que em muitos aspectos está mais próxima dos costumes chineses que o mundo ocidental’.
 
Recorde-se que Angola tem uma parceria estratégica firmada com a China desde 2010, que veio reforçar três décadas de relações comerciais mantidas entre os dois países. Com uma forte presença no sector da construção civil, as empresas chinesas têm ainda interesses em Angola nas áreas da tecnologia, economia, energia, minas, agricultura e finanças.
 
A China é, sem sombra de dúvida, o maior parceiro comercial individual de África, de acordo com dados do Standard Bank, que estimam que as trocas comerciais chino-africanas atingiram os USD 210 mil milhões (cerca de Kz 20.500 mil milhões) em 2013, o que representa um aumento de 6% face ao ano de 2012, em que este número se cifrou nos USD 198 mil milhões (Kz 19.326 mil milhões). As estatísticas fornecidas pelo Standard Bank indicam ainda que as importações chinesas de África, compreendidas na sua maioria por mercadorias pesadas, atingiu cerca de USD 115 mil milhões (Kz 11.225 mil milhões), no ano passado, enquanto as exportações chinesas para África totalizaram cerca de USD 94 mil milhões (Kz 9.175 mil milhões).
Parceiro estratégico
Apesar do índice dos gestores de compras oficial chinês (Purchasing Managers’ Index - PMI) revelar uma baixa em Janeiro, o Standard Bank ainda prevê uma expansão da economia chinesa na ordem dos 7% para 2014. Esta subida é tanto mais importante se considerarmos o crescimento económico de 7,7% que se verificou em cada um dos dois últimos anos.
 
Fang defende que a desaceleração que se está a verificar se deve em parte ao governo chinês estará a apostar na expansão de forma mais sustentável, ao invés de estar apenas interessado em fazer crescer a sua economia. ‘Embora a economia mundial tenha passado por uma mudança de paradigma fundamental, após a crise financeira de 2008, África continua a ser um importante parceiro estratégico para a China e vai continuar a sê-lo, no futuro’, argumenta o especialista.
 
‘As ambições económicas de África são, em última análise, as mesmas da China – ou seja, encontrar novas oportunidade para o seu povo’, disse Fang. ‘Quando a China investe em países africanos, cria parcerias e investimentos, não deixando atrás de si um vazio’.
 
Os dados do Gabinete de Informação do Conselho de Estado chinês mostram que o investimento acumulado da China em África mais do que duplicou, passando de USD 9,33 mil milhões em 2009 (Kz 911 mil milhões) para USD 21,23 mil milhões (Kz 2.073 mil milhões) em 2012. O Standard Bank estima que a China tenha emprestado aos governos africanos entre USD 30 mil milhões (Kz 2.928 mil milhões) e USD 40 mil milhões (Kz 3.904 mil milhões), a maior parte dos quais tem sido utilizado para melhorar as infraestruturas no continente.
Exemplos recentes
Alguns exemplos recentes do envolvimento da China em África incluem a aquisição de uma participação nos campos de gás natural ao largo de Moçambique por parte da China National Petroleum Corporation, o investimento da China National Gold Group Corporation na República do Congo, a aquisição de uma participação numa mina de urânio namibiano, por parte da China National Nuclear Corporation, e o investimento numa mina de minério de ferro na Serra Leoa.
 
A China também teve um papel muito activo na cimeira BRICS do ano passado em Durban, que viu o estabelecimento do acordo multilateral de co-financiamento de infra-estruturas para África.