quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

ONU Aprova Intervenção da União Europeia na República Centro-Africana


República Centro-africana-O Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) aprovou por unanimidade terça-feira, em Nova Iorque, o envio de militares da União Europeia (UE) para reforçar a segurança na República Centro-Africana, onde um conflito de caráter religioso e étnico se arrasta com graves consequências há largos meses.
 
Na linha da decisão tomada há cerca de uma semana pelos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 28, entre eles o português Rui Machete, o reforço agora aprovado pela ONU prevê o envio para a Bangui de até mil militares da UE. Estes vão juntar-se aos 1600 franceses já no local desde meados de Dezembro e aos cerca de 4,4 mil homens da força disponibilizada pela União Africana, a Misca, que também vai aumentar o contingente para 6 mil.
 
O reforço vai permitir alargar o perímetro de ação das forças de paz, que até agora se tem revelado insuficiente para evitar os confrontos entre as fações rivais. O embaixador francês na ONU mostrou-se agradado pelo voto favorável do Conselho de Segurança. “Nós, realmente, precisamos deste reforço pelas forças europeias. O actual contingente militar que temos em Bangui está limitado à proteção das cerca de cem mil pessoas que se refugiaram no aeroporto”, afirmou Gérard Araud, em Nova Iorque.
 
A força europeia destacada para a Republica Centro-Africana, a primeira desta envergadura da UE desde há seis anos, vai ser liderada pelo major-general francês Philippe Ponties. A operação vai agora começar a ser planeada e tem um prazo de duração previsto de seis meses, desconhecendo-se para já quais os países que vão disponibilizar militares para a executar.
 
Na República Centro-Africana foram vistos, entretanto, rebeldes do grupo islâmico Séléka a abandonar uma base de operações que detinham no sul da capital Bangui. Casas que pertenciam a famílias muçulmanas foram saqueadas e algumas até destruídas por apoiantes das milícias cristãs. Para trás, as forças rebeldes islâmicas deixaram variado armamento pesado.
 
Um dos principais problemas que não dá tréguas neste conflito e tende, aliás, a agravar-se é o humanitário. Nomeadamente no aeroporto, para onde fugiram cerca de 100 mil pessoas que ali se mantém sob proteção do grosso do contingente militar francês em Bangui. As condições de vida estão a deteriorar-se no local e isso acentua as preocupações da ONU.
 
Desde que o conflito na República Centro-Africana estalou em Março do ano passado, quando um golpe de Estado conduzido pelo movimento islâmico Séléka substituiu o presidente François Bozizé por Michel Djotodia, cerca de mil pessoas foram mortas e quase um milhão viram-se obrigadas a fugir das respetivas casas.
 
No início de Dezembro, os confrontos na República Centro-Africana agravaram-se. Uma consequente e progressiva pressão internacional, nomeadamente dos países vizinhos, acabou por levar Djotodia, o primeiro presidente islâmico naquele país maioritariamente cristão, a retirar-se do poder a 10 de Janeiro. Um governo de transição foi, por fim, nomeado com Catherine Samba-Panza a ser eleita como presidente interina deste pequeno país africano com cerca de 4,5 milhões de habitantes.