Portugal-A necessidade de liquidez para financiar um eventual aumento de capital ou o reforço da participação na brasileira Oi, onde a Portugal Telecom (PT) tem 23,3% do capital, poderá levar a dona do Meo a vender activos em África, acreditam os analistas do Bank of America Merrill Lynch (BAML) e do Barclays.
"Vemos movimentações no portefólio em África como uma potencial forma de financiar as necessidades do Brasil, sobretudo naquilo que o presidente executivo Zeinal Bava pode fazer para melhorar o ‘free cash flow' e as perdas na Oi", defende o Barclays.
Também o BAML refere que, caso a PT precise de reforçar a sua liquidez - apesar de estar financiada até 2017 - será por via da Africatel e da Timor Telecom. "A venda da CTM mostra que a PT pode estar receptiva a um negócio se o preço for certo", defendem os analistas, que avaliam a participação de 75% na Africatel ('holding' que agrega as participações em África) e os 41% na Timor Telecom em 1,49 mil milhões de euros. Ainda assim, o BAML admite que poderá ser difícil encontrar uma oferta "a um preço que a PT esteja disposta a considerar".
O cancelamento do dividendo de 350 milhões de euros da Oi coloca pressão na remuneração accionista da PT e numa eventual necessidade de liquidez da operadora liderada por Zeinal Bava. Os analistas prevêem a redução do dividendo da PT e o BAML refere que o corte pode ser de 0,325 euros por acção para 0,15 euros por acção em 2013/2014. "Isto resultaria numa poupança de 154 milhões de euros por ano e dá à PT uma maior margem enquanto o ‘dividend yeld' continua nos 5%. O actual ‘yeld' de 11% é insustentável." A PT só paga dividendos em Abril de 2014, pelo que o anúncio, a acontecer, só será feito no final do ano.
O possível aumento de capital da Telemar, ‘holding' que inclui a Oi) abre várias possibilidades para a PT. O BAML defende que, se a Oi cortar totalmente o dividendo será necessária uma injecção de capital de 85 milhões de reais (27 milhões de euros) por ano, só do lado da dona do Meo. Se o corte for de apenas 50% o valor também reduz para pouco mais de metade.
Os accionistas da Telemar também poderão cobrir apenas os juros da dívida da empresa, o que levaria a uma injecção de capital de 23 milhões de euros por ano só da PT - 106 milhões de euros entre todos.
Se os accionistas avançarem com o pagamento do total dívida líquida a PT teria de contribuir com 290 milhões de euros. Este seria o cenário mais positivo para a PT, defende o BAML, já que o corte no dividendo libertaria 150 milhões de euros e o resto poderia ser financiado com a liquidez existente.
Em cima da mesa, segundo tem sido avançado pela imprensa brasileira, está a possibilidade da PT comprar a participação dos outros dois accionistas de referência: a La Fonte e a Andrade Gutierrez, que detêm 12,6% da Telemar cada. Pelas contas do banco, a PT precisaria dos já referidos 290 milhões de euros mais o valor acordado com os restantes accionistas para a compra da participação - no mínimo 283 milhões de euros para a dívida. "A PT pagaria a dívida e um prémio pela participação", conclui o banco. Fonte: E