Guiné-Bissau-"Cerca de duas dezenas de ativistas da Liga, de vários pontos do país, reuniram-se durante cerca de uma hora para denunciar situações de "violência doméstica e impunidade", disse à agência Lusa o presidente da organização, Luís Vaz Martins.
Entre elas está a situação de uma rapariga que foi obrigada a casar com um homem de mais de 50 anos, na aldeia de Dajabadá-Porto, sul da Guiné-Bissau.
"Apesar das diligências das autoridades ainda não foi possível resgatar a menina desse pretenso casamento, que ela não quer", explicou Luís Vaz Martins, para quem o caso se configura como um caso de "sequestro" levado a cabo pelo "pretenso marido".
De acordo com o ativista da Liga dos Direitos Humanos, a jovem "está em parte incerta", presumindo-se que não tenha deixado a zona da aldeia de Djabadá-Porto. "A Polícia Judiciária tem tentado resgatá-la, mas sem sucesso", referiu.
"Sabe-se que o pretenso marido é um oficial da Marinha de Guerra nacional e simplesmente desrespeitou a ordem das autoridades para a libertar", afirmou Vaz Martins.
O presidente da Liga diz que a organização decidiu realizar a vigília em sinal de solidariedade com a jovem de Djabadá-Porto, mas também para chamar a atenção para a situação de "várias outras mulheres vítimas de violência doméstica".
Luís Vaz Martins realçou que, apesar de aprovada a lei que criminaliza a violência doméstica (que aguarda promulgação pelo presidente de transição), tem sido recorrente a prática de casamentos forçados ou precoces na Guiné-Bissau.
Segundo a Liga, são apresentados diariamente 15 casos de denúncias de violência doméstica aos órgãos de justiça e, de acordo com um inquérito do Governo guineense, levado a cabo pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), 41 por cento das mulheres casadas no país são-no contra a sua própria vontade".