África do Sul-Assinalou-se quinta-feira a passagem dos 50 anos da captura dos líderes seniores do Congresso Nacional Africano (ANC) pelo regime de segregação racial, o Apartheid. Segundo reza a história, a 11 de Julho de 1963, uma busca policial na farma de Liliesleaf em Rivonia, a norte de Joanesburgo, culminou com a captura de toda a liderança do ANC. Dos 17 capturados figuram nomes de Nelson Mandela, Walter Sisulu, Govan Mbeki (pai do antigo Presidente Thabo Mbeki) e Arthur Goldreich.
Este acontecimento viria a ser conhecido como “Caso Rivonia”, que resultou na condenação de altas patentes do ANC à prisão perpétua e outros à pena capital. A farma de Liliesleaf tinha-se tornado em 1963 o quartel general do braço armado do ANC, “Umkhonto we Sizwe”, e onde os seus líderes se encontravam refugiados. As forças de segurança do Apartheid, disfarçadas e fazendo-se transportar num carro de limpeza, dirigiram-se ao local e efectuaram as detenções.
A data viria a mudar o curso da história da luta contra o Apartheid e da própria África do Sul, pois dos capturados, e que fizeram parte do Caso Rivonia, somente quatro continuam vivos, e três a gozar de boa saúde.
Para se assinalar a data, os três sobreviventes deslocaram-se ao local onde tudo começou. Porém, Nelson Mandela, que viria a ser conhecido como o “acusado número 1”, encontra-se hospitalizado. “Teria sido maravilhoso se ele estivesse aqui, sentimos a sua falta”, afirmou Denis Goldberg, um dos últimos sobreviventes, a par de Ahmed Kathrada e Andrew Mlangeni.
Ao trio juntou-se Bob Hepple, que escapou à detenção em 1963 porque no tal dia não se encontrava no local. As celebrações desta quinta-feira incluíram o lançamento de uma medalha para se assinalar a passagem dos 50 anos da captura e da fuga de alguns detidos do Centro Prisional Marshall Square, localizado no centro de Joanesburgo, e o início do julgamento dos líderes do ANC. R.
Anderson, que em 1963 era repórter do jornal The Star, destacado para cobrir o Caso Rivonia, aproveitou para celebrar a passagem dos 50 anos da cobertura do melhor evento da sua carreira jornalística. “Isto foi uma demonstração do poder dos nacionalistas Afrikaners”, defendeu Anderson, que, apesar de ser jornalista, não escapou à paranóia do Estado.
Ao longo dos fins-de-semana, agentes da polícia do regime passavam sempre pela sua casa, querendo saber da identidade dos que lhe visitavam. O julgamento deu a Anderson um grande destaque. O Palácio de Justiça de Pretória ofereceu-lhe uma cópia do veredicto por 10 randes. Enquanto o juiz da causa, Quartus de Wet, lia as sentenças, o The Star, publicava a cópia.