África-Os paraísos fiscais usados pelas principais
empresas internacionais estão a privar os Estados africanos empobrecidos de
dezenas de milhares de milhões de dólares todos os anos, acusou o
ex-secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) Kofi Annan.
Ao discursar numa reunião do Conselho de Segurança da ONU, sobre a relação
entre recursos naturais e conflito, Annan disse que a fuga ao fisco e os
negócios "escuros" têm resultado na perda de receitas estatais que alimentam as
guerras sobre os recursos naturais que têm amaldiçoado África desde há
décadas.
"Quando as empresas estrangeiras fazem uma utilização generalizada de empresas 'offshore', empresas-écran e paraísos fiscais, estão a enfraquecer os padrões e minam os esforços dos reformistas em África para promover a transparência", disse Annan.
O antigo líder da ONU adiantou que o relatório do Painel para o Progresso de África, a que preside, detetou "empresas-écran anónimas" utilizadas em cinco negócios na República Democrática do Congo, que ascenderam a 1,4 mil milhões de dólares (1,1 mil milhões de euros), entre 2010 e 2012.
Esta importância é quase o dobro do orçamento do Estado deste país pobre, apesar de rico em recursos, para a saúde e educação.
Annan acrescentou que o continente africano perde mais dinheiro anualmente através de uma técnica de fuga ao fisco, através da manipulação dos preços (subfacturação) dos produtos envolvidos no comércio internacional, do que recebe através da ajuda pública ao desenvolvimento.