Bissau - A União Europeia e a Comunidade Económica para o Desenvolvimento dos Estados
da África Ocidental (CEDEAO) consideram importante para a Guiné-Bissau que haja
mudanças nas forças armadas e de segurança do país, "especialmente a renovação
da liderança militar superior".
"A União Europeia (UE) e a CEDEAO concordam que
reformas profundas e irreversíveis, começando com a reestruturação radical das
forças armadas e de segurança, especialmente a renovação da liderança militar
superior, bem como uma profunda reforma dos sectores de segurança e da justiça e
do sistema político, são essenciais para a estabilização e prosperidade do
país", diz um comunicado, (quinta-feira passada) divulgado.
O comunicado refere-se a uma reunião ocorrida em
Bruxelas no passado dia 16, mas cujo conteúdo só (quinta-feira) foi tornado
público através de um comunicado do gabinete da União Europeia em Bissau.
A reunião realizou-se "no âmbito do regular diálogo político a nível ministerial" e debateu temas como o papel da CEDEAO na promoção da paz, segurança e boa governação na África Ocidental, a cooperação regional para o desenvolvimento e as relações comerciais entre os dois blocos.
Além de debater a crise no Mali e os desafios
eleitorais na Guiné-Conacry e no Togo, as duas delegações discutiram ainda,
segundo o comunicado, a luta contra a corrupção e o crime organizado, bem como a
resposta à crise alimentar no Sahel.
Em relação à Guiné-Bissau, UE e CEDEAO "expressaram
ainda a sua profunda preocupação com a infiltração inquietante em todas as
estruturas do Estado pelo crime organizado e o narcotráfico, observando que a
detenção do ex-chefe da marinha, sob acusação de narcotráfico, e a acusação ao
actual chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, de alegada participação
no narcotráfico, demonstram a gravidade do problema".
Os dois blocos manifestaram "a sua determinação em
tomar todas as medidas necessárias contra todas as pessoas e entidades
condenadas pelos tribunais", e salientaram a importância de "uma luta eficaz
contra o crime organizado e o narcotráfico", a protecção dos direitos humanos e
o fim da impunidade.
A UE e CEDEAO pedem "a todas as pessoas com cargos de
responsabilidade em Bissau" para que demonstrem "o seu firme compromisso na luta
contra o narcotráfico", e reiteram que "todas as pessoas ligadas com qualquer
violência e actividades anti-constitucionais e desestabilizadoras serão
responsabilizadas pela comunidade internacional, incluindo a CEDEAO e a
UE".
Ainda de acordo com o comunicado, as duas entidades manifestaram "profunda preocupação" quanto ao impasse nos esforços para resolver os vários desafios da Guiné-Bissau e reiteraram "a sua firme condenação da interrupção do processo eleitoral pelo golpe de Estado de 12 de Abril de 2012, e a sua firme rejeição a comportamentos anti-constitucionais e violações dos direitos humanos pelas forças de segurança".
A União Europeia e CEDEAO juntaram vozes ainda na exigência de um roteiro inclusivo e eleições ainda este ano, tendo a União Europeia manifestado disponibilidade para apoiar a realização das eleições.