Guiné-Bissau-Na vila de Bissorã, norte da Guiné-Bissau,
há um camelo oferecido pela Líbia, que destrói culturas e ataca pessoas quando
"está com o calor" e está a dar origem a uma pequena "revolução".
Dois anos depois do início da revolução líbia, que levou à queda e morte de
Muammar Kadhafi, a pequena vila de Bissorã vive também um clima de rebelião,
contra o camelo que já enviou duas pessoas para o hospital e já matou um burro.
"Estamos cansados, se o camelo voltar vamos matá-lo". O grito de revolta é deixado por Fatumaté Camará, a presidente da Associação Nho Dema (Ajuda Mútua, em dialeto mandinga), que junta 150 residentes em Bissorã, 144 deles mulheres.
Mãos molhadas da rega, catana em punho e lenço na cabeça, é com voz revoltada que conta que o animal, uma fêmea, volta e meia aparece na horta comunitária e lhes come as couves. As hortaliças, vendidas nos arredores e até em Bissau, são o sustento de pelo menos 150 famílias.
O animal (na verdade um dromedário) fazia parte de um grupo de cinco oferecido à Guiné-Bissau em Maio de 2008 por Muammar Kadhafi (que na altura ofereceu camelos a 25 países da África subsaariana). Quatro morreram e ficou apenas aquele que hoje tira o sono a Bissorã, onde a população está farta de pedir às autoridades para que resolvam o problema: "ou o matam ou o devolvem à procedência".
Como não há forma de manter o animal fechado a fêmea passeia-se por onde quer e quando está "com o calor" (com o cio) torna-se mais agressiva. No mês passado, contou à Lusa uma autoridade de Bissorã que pediu para não ser citada, a camelo atacou uma mulher que levava um filho às costas. "A mulher foi levada para o hospital porque perdeu os sentidos", disse.