quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Presidente da Guiné Conakry Lamenta Intervenção Francesa no Mali que Considera "Vergonha para África"

Guiné Conakry

Conakry - A intervenção militar francesa no Mali para ajudar este país a combater os rebeldes islamitas é "uma vergonha" para África, sessenta anos depois das independências, declarou o Presidente guineense, Alpha Condé, terça-feira em Conakry no seu regresso ao país depois de participar na XX Cimeira da União Africana (UA) em Addis Abeba, na Etiópia.
 
O Presidente Condé afirmou que um dos temas da próxima Cimeira da instituição continental, prevista para 25 de Maio próximo em Addis Abeba para comemorar o 50º aniversário da Organização da Unidade Africana (OUA) tornada UA, abordará a gestão pelos africanos das resoluções dos conflitos em curso no continente.
 
"Apesar de toda África ter saudado a intervenção das forças militares francesas no Mali atormentada pela instalação no seu território de islamitas e outros narcotraficantes, é uma vergonha para nós que, depois de sessenta anos de independência, França resolva este problema no continente", disse.
 
Contudo, ele reconheceu que se França não tivesse intervindo a instalação dos islamitas e outros narcotraficantes seria "uma catástrofe" para o Mali ou para toda a sub-região e o mundo inteiro.
 
O Presidente Condé apelou a uma reflexão no seio da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) sobre as soluções africanas a encontrar no futuro para tais problemas, porque, segundo ele, a África Central resolveu, sem o concurso do Ocidente, o problema na República Centro Africana (RCA).
 
O chefe do Estado guineense, que anunciou recentemente o envio ao Mali dum contingente de 125 militares do seu país para reforçar as forças africanas já desdobradas ao lado dos militares franceses, afirmou que a Guiné vai conceder, sem precisar o montante, uma contribuição para a soma requerida em benefício do Mali.
 
"Como disse o defunto Presidente Ahmed Sékou Touré, a Guiné e o Mali são dois pulmões de um mesmo corpo. Então somos obrigados a dar a nossa contribuição a favor do Mali que se bate por uma causa nobre e justa para que o segundo pulmão não morra", declarou.
 
De um orçamento previsional de mais de 900 milhões de dólares americanos proposto pela CEDEAO, a reunião de doadores em Addis Abeba registou promessas de financiamentos de 455 milhões de dólares americanos destinados à logística, à manutenção das forças africanas, inicialmente estimadas em três mil e 300 homens, mas atualmente composta por mais do que o dobro, e à formação do Exército maliano.